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Demasiado conhecimento?
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Demasiado conhecimento?
Carlos Moedas confessou recentemente que a Europa não tem conseguido "capitalizar em termos económicos a aposta que vem fazendo na inovação e no conhecimento".
Moedas admitiu que a União Europeia não tem revelado especial sucesso no esforço de transformar conhecimento em valor (a palavra que empregou foi "produtos" mas presumo que o fez no sentido mais amplo possível, abrangendo serviços). Isto, apesar de a UE dispor do maior programa de sempre em termos de financiamento à ciência e inovação e apesar de o velho continente, que alberga 7% da população, produzir cerca de 30% do conhecimento mundial (o que vem a redundar numa significativa taxa de desperdício deste conhecimento).
Apostar na investigação (a transformação de recursos em conhecimento) é meritório, necessário e útil. Mas perante este cenário isto é inútil se não nos preocuparem a dinamização, a aposta e o investimento em inovação. Inovar é transformar conhecimento em valor e é uma aposta fundamental, pois não basta, de todo, produzir conhecimento e ‘papers': é crítico produzir valor, produtos e serviços, pois a inovação não se pode medir em publicações; mede-se, ao invés, em bem-estar, em produtividade e em melhoria da vida das pessoas e das empresas. Ora, a verdade é que é possível detectar, em variadas instâncias, confusões frequentes entre investigação e inovação, que redundam as mais das vezes em valor gerado nulo, em consequência do apoio dispensado a projectos de investigação que se apresentam travestidos de investimentos em inovação - suspeito até que o apoio à inovação seja considerado, em certos círculos, pouco sexy e menos digno do que o incentivo à investigação "pura" e desligada das necessidades mundanas da vida real... Não podia, por isso, ter mais razão Carlos Moedas. Aliás, o Horizonte 2020 pode e deve desempenhar um papel capital no estímulo às empresas que inovam, assumindo-se como um instrumento decisivo de progresso e bem-estar social - é necessário compreender que uma sociedade que apenas privilegia a produção de conhecimento e não transforma conhecimento em valor a breve trecho deixará de possuir recursos para aplicar na produção de mais conhecimento.
Para além disto, não é menos fundamental que os critérios de alocação de fundos disponíveis não representem nenhum tipo de discriminação sectorial, geográfica ou de dimensão das empresas perante as ‘calls' - deve fazer-se, isso sim, uma clara separação de águas entre empresas boas e empresas más; entre projectos com mérito e projectos que não o têm; entre capacidade de transformar conhecimento em valor e a incapacidade de o conseguir.
Num esforço de reflexão sobre as causas do nosso tradicional subaproveitamento de fundos comunitários, penso que Pires de Lima, Passos Coelho e António Costa deveriam meditar sobre isto e sobre o papel que pretendem para a inovação no nosso tecido económico.
Luís Reis
00.05 h
Económico
Moedas admitiu que a União Europeia não tem revelado especial sucesso no esforço de transformar conhecimento em valor (a palavra que empregou foi "produtos" mas presumo que o fez no sentido mais amplo possível, abrangendo serviços). Isto, apesar de a UE dispor do maior programa de sempre em termos de financiamento à ciência e inovação e apesar de o velho continente, que alberga 7% da população, produzir cerca de 30% do conhecimento mundial (o que vem a redundar numa significativa taxa de desperdício deste conhecimento).
Apostar na investigação (a transformação de recursos em conhecimento) é meritório, necessário e útil. Mas perante este cenário isto é inútil se não nos preocuparem a dinamização, a aposta e o investimento em inovação. Inovar é transformar conhecimento em valor e é uma aposta fundamental, pois não basta, de todo, produzir conhecimento e ‘papers': é crítico produzir valor, produtos e serviços, pois a inovação não se pode medir em publicações; mede-se, ao invés, em bem-estar, em produtividade e em melhoria da vida das pessoas e das empresas. Ora, a verdade é que é possível detectar, em variadas instâncias, confusões frequentes entre investigação e inovação, que redundam as mais das vezes em valor gerado nulo, em consequência do apoio dispensado a projectos de investigação que se apresentam travestidos de investimentos em inovação - suspeito até que o apoio à inovação seja considerado, em certos círculos, pouco sexy e menos digno do que o incentivo à investigação "pura" e desligada das necessidades mundanas da vida real... Não podia, por isso, ter mais razão Carlos Moedas. Aliás, o Horizonte 2020 pode e deve desempenhar um papel capital no estímulo às empresas que inovam, assumindo-se como um instrumento decisivo de progresso e bem-estar social - é necessário compreender que uma sociedade que apenas privilegia a produção de conhecimento e não transforma conhecimento em valor a breve trecho deixará de possuir recursos para aplicar na produção de mais conhecimento.
Para além disto, não é menos fundamental que os critérios de alocação de fundos disponíveis não representem nenhum tipo de discriminação sectorial, geográfica ou de dimensão das empresas perante as ‘calls' - deve fazer-se, isso sim, uma clara separação de águas entre empresas boas e empresas más; entre projectos com mérito e projectos que não o têm; entre capacidade de transformar conhecimento em valor e a incapacidade de o conseguir.
Num esforço de reflexão sobre as causas do nosso tradicional subaproveitamento de fundos comunitários, penso que Pires de Lima, Passos Coelho e António Costa deveriam meditar sobre isto e sobre o papel que pretendem para a inovação no nosso tecido económico.
Luís Reis
00.05 h
Económico
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