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Mensagem por Admin Sex Abr 08, 2016 10:39 am

‘Ák fxar o fxór’ 10_-_raul_ribeiro_0


Não há bom senso nem interesse nacional que se sobreponha à sanha da esquerda

“Panama Papers” – Onze milhões e quinhentos mil registos, que cobrem quarenta anos de actividade duma obscura mas poderosa sociedade de advogados chamada Mossack Fonseca, com tentáculos em Hong Kong, Miami, Zurique e em mais outras 35 localizações, um pouco por todo o globo, constituem a maior fuga de informação confidencial de sempre.

Mais de 214.000 entidades “offshore”, com ligações a mais de 200 países ou territórios, centenas de bancos, milhares de implicados. Todo este manancial de informação, obtido pelo Suddeutsche Zeitung, foi partilhado com o International Consortium of Investigative Journalists (ICIJ), e tem vindo a ser trabalhado há cerca de um ano por quase 400 jornalistas, de 76 países.

O escrutínio tem vindo a revelar muito do dinheiro sujo que se esconde nos meandros do sistema financeiro global, espoliando estados da arrecadação de incontáveis milhões em impostos. Mais grave, descobre inúmeros criminosos a operar livremente, e com total opacidade e sigilo, respaldados por escritórios de advogados, bancos e paraísos fiscais. 

A ponta do iceberg inclui nomes grados de políticos e figuras públicas, estando prometido um imenso rol de revelações adicionais a partir de maio.

Mais do que a parada de celebridades, choca a lista de crimes perpretados através de empresas criadas pela Mossack Fonseca: tráfico de droga e de armas, terrorismo, ligações a Watergate e ao “Roubo do Século” (Inglaterra, 1983), venda de combustíveis à Síria (mais de 20.000 vítimas civis), redes de pedofilia e de tráfico sexual de adolescentes na Rússia... 

Perante este escândalo monumental e global, que começa a causar estragos na carreira e na vida de alguns dos protagonistas (Gunnlaugsson da Islândia, já foste!), como reage a classe política portuguesa, com especial destaque para aqueles partidos que diabolizam o vil capitalismo selvagem?

- Com prudência - responderão os distraídos - pois ainda pouco se sabe, nada ainda foi revelado relativamente a Portugal, não se sabe que bancos mantiveram ou mantêm ligações com a Mossack Fonseca, desconhece-se quem são os políticos, empresários, desportistas, socialites, sócrates, ou respectivos ascendentes, descendentes, amigos do peito, namoradas, sobrinhos da Suíça, etc., que foram testas-de-ferro, esconderam milhões, subornaram ou foram subornados, transferiram fundos ilegalmente, etc, etc, etc...

Qual prudência, qual carapuça! Não há bom senso nem interesse nacional que se sobreponha à sanha da esquerda que não quer ser chamada radical, porque até suporta o governo e diz que dialoga e é moderna e democrática.

- Temos um elefante na sala de chuto – brame Mariana;

- Há que dar o exemplo e encerrar de imediato o “offshore” da Madeira – dispara Catarina;

- Acabe-se com essa praça financeira – clama Jerónimo;

- Morte a esse paraíso fiscal – secunda o camarada Arménio – borrifando-se para os trabalhadores do CINM;

- Investigue-se esse antro de criminalidade – late Ana Gomes;

- Blá, blá, blá, também sou contra – reafirma Marisa – contrariando a Dra. Matias que foi candidata nas presidenciais.

De nada valem todos os argumentos aduzidos por Miguel Albuquerque, Francisco Costa, Paulo Neves, João Almeida, Carlos Pereira, Rui Barreto, ou seja lá quem for que se atreva a defender o CINM, a sua legalidade, o escrutínio a que é sujeito, as regras a que se obriga. 

A decisão está tomada, mais uma vez a esquerda une-se e levanta-se indignada na luta contra a injustiça, arrastando na onda essa turba de criaturas estranhas que vive nas redes sociais, e que anseia por partillhar “soundbites” disparatados e idiotas.

-Ya, eu sempre disse, man! Tipo naquela, ák  fxar esse fxór!

Raul Ribeiro
Diário de Notícias da Madeira 
Sexta, 8 de Abril de 2016
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