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CARREIRAS: Estas mudanças não são para todos, mas prometem felicidade
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CARREIRAS: Estas mudanças não são para todos, mas prometem felicidade
Henrique Pinho, fundador da marca de bicicletas DryDrill. ( Lisa Soares / Global Imagens )
Largar carreira profissional de sucesso e bem paga para abraçar um projeto numa área diferente é opção de cada vez mais pessoas que passam os 40.
O que é que Inês, licenciada em Filosofia, Henrique (Arquitetura) e Teresa (Economia) têm em comum? Todos decidiram fazer um verdadeiro reset à sua vida profissional, deixar para trás empregos estáveis e bem remunerados para se dedicarem a projetos em áreas totalmente distintas. Fazem parte de uma imensa minoria, mas estão longe de serem casos únicos. E quem acompanha ou tenta antecipar as tendências do mercado de trabalho não tem dúvidas – haverá cada vez mais pessoas com carreiras consolidadas, que não hesitarão em mudar por completo o rumo.
Porque a vida ativa é cada vez mais longa e sobra cada vez mais tempo para a preencher com experiências de trabalho diferentes. Os motivos para esta viragem completa de vidas, quando se passa a barreira dos 40 ou mais à frente – Teresa, por exemplo, tomou esta decisão já depois dos 50 -, são os mais variados. Há quem fale de excesso de stress e de responsabilidade, sensação de que já se aprendeu tudo numa determinada área, falta de qualidade de vida, vontade de mudar de agulha e de abraçar outros projetos. Porque, atira Inês, “deve ser horrível chegar ao fim da vida, olhar para trás e sentir que não se fez nada do que se queria. A segurança financeira não compensa, de todo, essa sensação”.
Hermes Costa, sociólogo e professor na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, conhece estas motivações. “Esta vontade de mudar tem frequentemente por trás motivos de insatisfação – com o que se faz, com o que se ganha -, mas não é sempre assim. Também acontece a pessoas que teriam tudo para estar satisfeitas.” Porque, explica, o stress e burnout (quadro clínico que tem como principal origem um desajustamento da pessoa com o seu trabalho) decorrem muitas vezes do “excesso de dedicação a uma causa, a uma função” e “acaba muitas vezes por levar as pessoas a quererem mudar de rumo”.
Tendência para aumentar
Mas a decisão, diz quem passa por esta experiência, não é fácil e é igualmente necessário fazer alguma preparação prévia. Reduzir custos e hábitos de consumo, economizar, e ter paciência. Ou seja, como resume Henrique, que está a lançar o seu terceiro projeto desde que se despediu da arquitetura, “é preciso ter paciência e não pensar que o sucesso chega de um dia para o outro. Não tem mal nenhum falhar. Faz parte da aprendizagem”. Teresa Tomé também sabe bem como é necessário ter tempo para amadurecer ideias. Comprou uma quinta, em Castelo de Vide, no Alentejo, dois anos antes de mudar completamente de vida. E mesmo assim, demorou mais um par de anos a decidir o que fazer com os seis hectares de terra de que se tornara proprietária, a meias com o marido, também ele economista e que a acompanhou neste virar de página. Inês, Henrique e Teresa representam apenas três casos da realidade que Diogo Alarcão, diretor-geral da Mercer Portugal, vai percebendo ser cada vez mais comum.
“As pessoas sabem que o emprego para a vida acabou, pelo menos a geração X [nascidos nas décadas de 1960 e 1970] já pensa assim e estão mais dispostas a arriscar.” E acredita que “esta é uma tendência que se vai acentuar”. O turismo rural e de habitação, acrescenta, é uma das áreas mais procuradas por quem chega à meia-idade e decide começar tudo de novo. Entre os que decidem mudar quando chegam aos 40 e os que não o fazem, impõe-se a realidade dos números que espelham a evolução demográfica em Portugal. Os dados não são exatamente uma surpresa, antes revelam os efeitos de várias décadas de baixa natalidade e de consecutivos aumentos da esperança média de vida. Em 1981, existiam 45,4 idosos por cada 100 jovens; duas décadas depois, esta relação já estava desequilibrada (101,6 idosos por cada 100 pessoas jovens) e em 2014 já eram 138 por cada 100 – seguindo a mesma ordem.
O desafio das multigerações
Este retrato do envelhecimento da população em geral reflete-se, como não podia deixar de ser, na população ativa e na vida das empresas. Recuemos novamente ao século passado: em 1991, os Census realizados pelo INE davam conta da existência de 3,17 milhões de trabalhadores por conta de outrem. Destes, cerca de 1,1 milhões (34%) tinham mais de 40 anos. Em 2011, eram já 1,5 milhões dos 3,79 milhões de trabalhadores por conta de outrem e, em 2015, já tinham aumentado o peso para 54%: dos 3,7 milhões de trabalhadores dependentes, 2 milhões têm 40 ou mais anos. Se de vez em quando as empresas são surpreendidas por profissionais que querem sair porque necessitam de avançar para outras áreas, também é certo que têm cada vez mais de lidar com uma multiplicidade de gerações a trabalhar ao mesmo tempo. Esta é também uma tendência que se está a acentuar e que coloca vários desafios na gestão das pessoas, do seu tempo de trabalho, dos benefícios. “Antes, o habitual é que numa mesma empresa coexistissem duas, no máximo três gerações. Hoje, podem estar quatro ou cinco”, afirma Diogo Alarcão.
E porque é que isto acontece? Pela conjugação do envelhecimento ativo e do facto de as licenciaturas serem hoje de duração mais curta, o que leva a que os jovens comecem a ser recrutados aos 20, 21 anos. “As pessoas vivem mais anos, sentem a pressão para descontarem mais tempo. Os jovens começam a trabalhar cada vez mais cedo. Tudo isto faz que a pirâmide etária nas empresas deixe de ser piramidal e comece a ficar cilíndrica”, refere o responsável para Portugal da consultora Mercer. Esta nova realidade, afirma ainda, irá colocar vários desafios às empresas e obrigar a mudanças. Está em causa a gestão de pessoas da geração anterior à dos baby boomers, desta, da geração X, da Y e da Z. Ainda assim, Diogo Alarcão só vê vantagens nesta cultura multigeracional e fala de projetos que algumas empresas já estão a concretizar. Uns apostam em colocar os mais velhos a passar know-how aos mais novos; outros no reverse mentoring, em que são os mais jovens a “ensinar” os colegas mais velhos. Mais uma vez os números ajudam a perceber a dimensão da questão: os baby boomers representam atualmente 44% da população ativa e a geração X mais 34%. Apesar de tradicionalmente os mais jovens serem mais empreendedores e terem mais gosto pelo risco, os mais velhos (os que estão naqueles 78% da força de trabalho) estão também a tomar cada vez mais o gosto e a deixar-se levar por novos desafios. Este tipo de mudança, acentua Hermes Costa, não está ao alcance de todos. “Só uma pequena percentagem se pode dar ao luxo de dar azo a escolhas próprias”, refere.
Os conselhos que Inês, Teresa e Henrique dão a quem se sente insatisfeito com a sua vida profissional mas não teve ainda a coragem para mudar, mostram que não se pode ceder ao primeiro impulso ou ir atrás de modas. “Temos de ter algum controlo nas nossas aventuras e não escolher um projeto demasiado arriscado”, refere Teresa Tomé que só agora – cerca de oito anos após ter saído da consultora internacional onde trabalhava – conseguiu avançar para a terceira fase da sua Quinta das Lavandas. Henrique Pinho dá outra achega: “O nosso interior diz-nos qual é o momento para mudar. Mas devemos ter em conta que dos dez projetos que possamos ter, se calhar apenas vamos poder concretizar e ter sucesso em apenas um.”
Lucília Tiago
09.04.2016 / 00:10
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