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Empresas sem apetência por doutorados
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Empresas sem apetência por doutorados
Contratar doutorados e pós-doutorados é dotar as empresas de massa crítica com conhecimento altamente especializado, competências diferenciadoras e capacidade de liderar equipas.
Uma notícia deste fim-de-semana dava conta do desinteresse das empresas pelos apoios à contratação de doutorados e pós-doutorados. Segundo o Expresso, o primeiro concurso do Portugal 2020 para financiar em 50% a contratação de doutorados e pós-doutorados pelas empresas da região Norte só recebeu 20 candidaturas, apesar de prever o pagamento, a fundo perdido, de metade do salário e dos encargos com a segurança social desses trabalhadores qualificados.
As características do tecido empresarial ajudam a explicar estes números. Em Portugal predominam os pequenos serviços e negócios de proximidade desenvolvidos por microempresas com menos de 10 trabalhadores (maioritariamente pouco qualificados, inclusive os seus sócios/gestores), baixo nível de especialização e poucos recursos tecnológicos. Ora, nestas empresas um doutorado ou pós-doutorado seria um corpo estranho e, valha a verdade, não teria grande utilidade.
Por outro lado, há a perceção de que o conhecimento, a experiência profissional e as rotinas de trabalho de doutorados e pós-doutorados não são compatíveis com as necessidades das empresas. Esta ideia é, em muitos casos, fundada num certo preconceito em relação ao meio académico e à utilidade empresarial da formação que é aí ministrada. Muitos empresários receiam receber profissionais desfasados da dinâmica empresarial, sem aptidão comercial e muito dispendiosos.
É verdade, aliás, que as instituições do ensino superior necessitam de ajustar melhor a sua oferta formativa e a sua produção científica às necessidades do tecido empresarial. Além disso, as universidades devem apostar mais em programas de desenvolvimento das competências transversais, as chamadas ‘soft skills’, que são muito valorizadas pelas empresas.
Há também um conjunto de questões que necessitam de ser cabalmente esclarecidas, como o tipo de relação contratual (a tempo certo ou indeterminado?) dos doutorados e pós-doutorados com as empresas, a possibilidade desses quadros qualificados conservarem vínculos aos centros de I&D das universidades e o valor dos salários que os fundos vão poder cofinanciar (as remunerações serão suficientemente sedutoras para atrair talento?).
Dito isto, parece-me evidente a importância da contratação de doutorados e pós-doutorados para a competitividade do nosso tecido empresarial. Significa dotar as empresas de massa crítica com conhecimento altamente especializado, competências diferenciadoras, capacidade de liderar equipas, familiaridade com as tecnologias e uma mentalidade mais cosmopolita.
As empresas teriam assim melhores condições para apostarem na inovação e, a partir daí, desenvolverem bens e serviços mais competitivos. Acresce que o nível de qualificação dos recursos humanos constitui um fator de atração de investimento, o qual é orientado, em boa medida, em função do talento disponível.
O autor escreve ao abrigo do novo acordo ortográfico.
00:05 h
João Rafael Koehler, Presidente da ANJE
Económico
Uma notícia deste fim-de-semana dava conta do desinteresse das empresas pelos apoios à contratação de doutorados e pós-doutorados. Segundo o Expresso, o primeiro concurso do Portugal 2020 para financiar em 50% a contratação de doutorados e pós-doutorados pelas empresas da região Norte só recebeu 20 candidaturas, apesar de prever o pagamento, a fundo perdido, de metade do salário e dos encargos com a segurança social desses trabalhadores qualificados.
As características do tecido empresarial ajudam a explicar estes números. Em Portugal predominam os pequenos serviços e negócios de proximidade desenvolvidos por microempresas com menos de 10 trabalhadores (maioritariamente pouco qualificados, inclusive os seus sócios/gestores), baixo nível de especialização e poucos recursos tecnológicos. Ora, nestas empresas um doutorado ou pós-doutorado seria um corpo estranho e, valha a verdade, não teria grande utilidade.
Por outro lado, há a perceção de que o conhecimento, a experiência profissional e as rotinas de trabalho de doutorados e pós-doutorados não são compatíveis com as necessidades das empresas. Esta ideia é, em muitos casos, fundada num certo preconceito em relação ao meio académico e à utilidade empresarial da formação que é aí ministrada. Muitos empresários receiam receber profissionais desfasados da dinâmica empresarial, sem aptidão comercial e muito dispendiosos.
É verdade, aliás, que as instituições do ensino superior necessitam de ajustar melhor a sua oferta formativa e a sua produção científica às necessidades do tecido empresarial. Além disso, as universidades devem apostar mais em programas de desenvolvimento das competências transversais, as chamadas ‘soft skills’, que são muito valorizadas pelas empresas.
Há também um conjunto de questões que necessitam de ser cabalmente esclarecidas, como o tipo de relação contratual (a tempo certo ou indeterminado?) dos doutorados e pós-doutorados com as empresas, a possibilidade desses quadros qualificados conservarem vínculos aos centros de I&D das universidades e o valor dos salários que os fundos vão poder cofinanciar (as remunerações serão suficientemente sedutoras para atrair talento?).
Dito isto, parece-me evidente a importância da contratação de doutorados e pós-doutorados para a competitividade do nosso tecido empresarial. Significa dotar as empresas de massa crítica com conhecimento altamente especializado, competências diferenciadoras, capacidade de liderar equipas, familiaridade com as tecnologias e uma mentalidade mais cosmopolita.
As empresas teriam assim melhores condições para apostarem na inovação e, a partir daí, desenvolverem bens e serviços mais competitivos. Acresce que o nível de qualificação dos recursos humanos constitui um fator de atração de investimento, o qual é orientado, em boa medida, em função do talento disponível.
O autor escreve ao abrigo do novo acordo ortográfico.
00:05 h
João Rafael Koehler, Presidente da ANJE
Económico
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