Uma cidade de turismo cultural

A política cultural da Câmara Municipal do Funchal tem sido planeada numa estratégia de desenvolvimento local, transformando a nossa capital numa cidade criativa, de forma a aumentar de forma exponencial o público consumidor de eventos culturais, bem como valorizar os melhores autores e criadores madeirenses nas diversas áreas artísticas.

Acreditamos que a cultura e as indústrias criativas constituem um dos pilares para este novo paradigma de desenvolvimento que preconizamos, contribuindo para a criação de emprego, como alavanca da inovação, como reforço da competitividade e da atratividade, e como suporte da coesão social.

Sabemos que ainda temos muito que caminhar, mas sabemos para onde queremos ir. E é nesse sentido que trabalhamos para construir a marca “Funchal Capital Cultural do Atlântico”.

O que se pretende é agregar um conjunto de atividades já existentes e promovidas pela Câmara Municipal do Funchal, criar e realizar novos eventos, requalificar infraestruturas culturais e promover com outro impacto a divulgação cultural.

Porque falamos de eventos e por ter sido apresentada esta semana, permitam-me que destaque a Feira do Livro, centrada nos livros e nos escritores, naquela que foi uma opção nossa, já que o anterior executivo a tinha diluída numa Festa da Cultura. A Feira do Livro do Funchal, na sua quadragésima segunda edição, vai contar com a presença de 50 escritores, entre os quais o vencedor do prémio Leya 2015, António Tavares, e José Rodrigues dos Santos.

As expectativas são elevadas, não só pela programação cultural, como pelo número de escritores que irão participar, pela sua notoriedade, bem como pela série de eventos programados. A placa central da Avenida Arriaga continua a ser o centro nevrálgico da edição deste ano, com 28 ‘stands’ e respetivos livreiros, e com cinco novos participantes, relativamente à edição de 2015.

Serão realizados sete lançamentos inéditos, já que uma Feira serve para lançar novidades, sendo dois desses novos lançamentos apoiados pela Câmara Municipal, como “Cânticos, Anjos e Labirintos”, do falecido José António Gonçalves.

Para além dos livros, teremos outras formas de expressão cultural. Na música, destaco os “Casados de Fresco”, um projeto de João Gil e Ana Mesquita, mas também todos os grupos regionais que diariamente marcarão presença. No cinema, teremos seis filmes, visionados em horário de ‘matinés’, e o Monstra à Solta, que expande o festival de animação de Lisboa, até ao Funchal. Será um grande evento cultural.

A otimização da atividade cultural do Funchal liga-se de forma intrínseca à cidade enquanto destino turístico, na vertente de valorização do produto turístico, nomeadamente no turismo cultural. Uma cidade com mais de 500 anos de História, com a sua identidade, assumindo-se como a primeira cidade europeia do Atlântico, pode liderar entre os destinos turísticos culturais das pequenas e médias cidades europeias.

Importa, na estratégia adotada, reorganizar eventos e infraestruturas em torno de uma agenda comum, que envolva parceiros públicos e privados das áreas da cultura e do turismo, dando uma nova dimensão e notoriedade ao destino.

O Funchal agrega, em termos culturais, um conjunto de valores e ativos com um potencial único, que em muito contribuem para a imagem global do destino Madeira. A nossa cidade combina, como poucas, a tradição e a modernidade, num ambiente cosmopolita, onde se podem vivenciar experiências únicas. Desde a frente marítima, passando pelos núcleos históricos, até às zonas montanhosas, há uma série de atividades e experiências que permitem que o Funchal seja um destino especialmente atrativo.

O turismo cultural, além de revitalizar as áreas urbanas, preservar o património e criar emprego, é de importância maior na consolidação e sustentabilidade do destino, porque não está dependente de sazonalidades ou modas.

É um desafio que temos pela frente, o do turismo cultural, procurando criar dinâmicas no âmbito dos eventos e do património histórico, que nos distingam dos outros destinos.

Os ganhos desta estratégia são de diversa ordem, desde o aumento do grau de satisfação dos turistas, ao aumento do tempo de estadia e do gasto médio em produtos e serviços culturais. Mas há outro tipo de benefícios, particularmente para os residentes, que com a qualificação e ampliação da oferta cultural, terão um incremento da sua qualidade de vida ao nível dos mais elevados padrões europeus.

Estamos certos de que o projeto Funchal Capital Cultural do Atlântico requalificará a oferta cultural da Cidade do Funchal, transformando-a num ativo turístico que gera mais valias, tanto para o setor do turismo como para o da cultura, contribuindo para um acréscimo do número de turistas e para o incremento da despesa média por turista em bens e serviços culturais. 

Paulo Cafôfo
Diário de Notícias da Madeira 
Sábado, 30 de Abril de 2016