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O exemplo do Turismo
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O exemplo do Turismo
O turismo assumiu-se nos últimos anos como um motor da afirmação competitiva da nossa economia. E compete às nossas empresas e ao Investimento Direto Estrangeiro (IDE) a liderança deste processo de consolidação do turismo como segmento estratégico da nossa economia.
Impõem-se empresas capaz de projetar no país uma dinâmica de procura permanente da criação de valor e aposta na criatividade. Num tempo de mudança, em que só sobrevive quem é capaz de antecipar as expectativas do mercado e de gerir em rede, numa lógica de competitividade aberta, as Empresas não podem demorar. Têm que se assumir como atores “perturbadores” do sistema, induzindo na sociedade e na economia um capital de exigência e de inovação que lhe conferirão um desejado estatuto de condução da renovação dum setor central para o nosso país.
As empresas têm que se assumir como o ponto de partida e de chegada desta nova aposta do turismo. Assumido o compromisso estratégico da aposta na inovação e conhecimento, estabilizada a “ideia coletiva” de fazer do valor e criatividade a chave da inserção das empresas, produtos e serviços portugueses no mercado global, compete às Empresas a tarefa maior de saber protagonizar o papel simultâneo de ator indutor da mudança e agregador de tendências. Terão que ser as Empresas cada vez mais a saber dinamizar a renovação estratégica dum setor central na afirmação da marca Portugal no mundo.
As empresas associadas ao turismo têm que se assumir em Portugal como um “Ator Global”, capaz de transportar para a nossa matriz social a dinâmica imparável do conhecimento e de o transformar em ativo transacionável indutor da criação de riqueza. Para isso, as empresas de turismo têm que assumir claramente, no quadro dum processo de mudança estratégico, o papel de inovação que os três T (Talento, Tecnologia e Tolerância) provocam. Destes, a Tecnologia – com ênfase para as TIC – são nos dias de hoje a chave de uma nova aposta que deverá ser capaz de construir uma nova cadeia de valor assente na excelência.
As empresas terão também que conseguir fazer apelo à mobilização efetiva dos Talentos. É inequívoco o sucesso que nos últimos anos se tem consolidado na acumulação de capital de talentos de norte a sul, nos diferentes centros de competências que proliferam pelo país. Chegou agora o tempo de dar a estes talentos dimensão global, no aproveitamento das suas competências e na geração de criatividade e valor que eles podem induzir. Duma forma sistemática, arrojada mas também percebida e participada. As TIC são neste contexto mais uma vez o fator que poderá e deverá fazer a diferença estratégica para o futuro.
Quando nos anos 1990 o professor de Harvard Michael Porter elaborou o célebre relatório, encomendado pelo Governo Português de então, o diagnóstico sobre o que fazer e as áreas estratégicas de atuação foi muito claro – ou se reinventava por completo o modelo económico ou então a economia portuguesa tenderia a morrer com o tempo. O turismo era então uma das áreas focadas como de aposta central para o país. Mais de vinte anos depois, o balanço é conhecido – défice estrutural elevado, desemprego incontrolado, um tecido empresarial envelhecido. Importa por isso fazer do turismo o exemplo do que deve ser uma aposta convergente para a melhoria da competitividade da nossa economia.
Falta em Portugal um sentido de entendimento coletivo de que a aposta nos fatores dinâmicos de competitividade, numa lógica territorialmente equilibrada e com opções estratégicas claramente assumidas é o único caminho possível para o futuro. Falta por isso em Portugal uma verdadeira rede integrada para a competitividade capaz de produzir efeitos sistémicos ao nível do funcionamento das organizações empresariais.
O “novo paradigma” da economia portuguesa radica nesse sentido na capacidade de os resultados potenciados pela inovação e conhecimento serem capazes de induzir novas formas de integração social e territorial capazes de sustentar um equilíbrio global do sistema nacional.
Portugal não pode fugir à necessidade e oportunidade duma “ambição” própria. É essencial na moderna Sociedade do Conhecimento que Portugal perceba de forma clara a mensagem de diferença que vem do lado e sustente um compromisso claro ao nível da sociedade civil quanto aos objetivos para o futuro. Assumidas as diferenças na matriz social, evidentes do ponto de vista sociológico, não fica mal a Portugal entender como oportuna e imperiosa a mensagem de resposta positiva que vem do mundo. Afirmar as competências específicas com uma marca própria é o desafio essencial da nova modernidade que atravessa as civilizações neste novo quadro global. Por isso, importa muito a afirmação positiva deste Turismo do nosso contentamento.
Por Francisco Jaime Quesado,
Presidente da Entidade de Serviços Partilhados da Administração Pública (ESPAP)
Publicado em: 02/05/2016 - 11:33:51
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