Procurar
Tópicos semelhantes
Entrar
Últimos assuntos
Tópicos mais visitados
Quem está conectado?
Há 341 usuários online :: 0 registrados, 0 invisíveis e 341 visitantes :: 1 motor de buscaNenhum
O recorde de usuários online foi de 864 em Sex Fev 03, 2017 11:03 pm
A próxima expansão – e fracasso - global
Página 1 de 1
A próxima expansão – e fracasso - global
A actividade económica é afectada pela confiança: os consumidores acreditam que os seus rendimentos deverão subir? E as empresas acreditam que o crescimento futuro será dinâmico o suficiente para justificar o investimento actual? O clima macro actual é de pessimismo geral.
O clima nas reuniões de primavera do Fundo Monetário Internacional e Banco Mundial no início do mês passado foi sombrio. As previsões do FMI para o crescimento global foram revistas em baixa mais uma vez - o que sugere que o mundo vai crescer a uma taxa anual de pouco mais de 3% este ano e em 2017.
Se assim for, será um péssimo desempenho. Antes de 2007, o crescimento global (usando a metodologia do FMI) rondou os 4,5-5%, com base em melhorias estáveis da produtividade nos países industrializados e no rápido crescimento dos padrões de vida nos grandes mercados emergentes, como a China, Brasil e Rússia.
Agora os Estados Unidos enfrentam a incerteza de uma eleição presidencial, as partes mais fracas da Zona Euro continuam com dificuldades, e o Japão está a oscilar à beira da contracção económica. O Brasil está no meio de uma crise política, a China enfrenta os efeitos de uma expansão orçamental prolongada e do crescimento explosivo do seu sistema bancário sombra, e os preços mais baixos das matérias-primas estão a minar o desempenho económico de muitos outros mercados emergentes. Além de tudo isto, os britânicos poderão votar a favor da saída da União Europeia, em Junho.
A actividade económica é afectada pela confiança: os consumidores acreditam que os seus rendimentos deverão subir? E as empresas acreditam que o crescimento futuro será dinâmico o suficiente para justificar o investimento actual? O clima macro actual é de pessimismo geral.
No entanto, o cenário de médio prazo não deverá ser uma estagnação global. Novas tecnologias continuam a ser inventadas, e milhares de milhões de pessoas ambicionam melhorar a sua qualidade de vida através da educação e do trabalho. As principais economias industriais têm demonstrado uma notável capacidade de recuperação perante os grandes choques negativos do sector financeiro na última década – tal como a China.
O desemprego nos Estados Unidos caiu para 5%, e algumas partes da Europa também estão muito bem. E o ponto mais importante sobre o ciclo de preços das matérias-primas é que ele é, de facto, um ciclo: a procura por matérias-primas sobe e desce, enquanto a oferta muda lentamente. Devemos esperar volatilidade nos preços das matérias-primas, como o petróleo.
A grande questão é se podemos sair da montanha-russa económica e voltar a um crescimento global robusto sem um consumo excessivo alimentado pela dívida (como vimos nos Estados Unidos antes de 2008), sem investimento excessivo (como na China) e sem um crescimento excessivo dos gastos do governo (ainda um problema em algumas partes da Europa).
A dívida pode financiar investimentos produtivos e melhorias no capital humano. Mas porque é que gostamos tanto disso? Parte da razão deriva dos sistemas fiscais, que em alguns países permitem que alguns pagamentos de juros (por exemplo, as hipotecas nos Estados Unidos) sejam dedutíveis para efeitos de determinação do rendimento colectável. No caso das empresas, acontece o mesmo.
Mas o principal apelo da dívida é que é um contrato muito simples: quer se pague o valor acordado ou não. E quando as coisas vão bem, uma empresa altamente alavancada - uma empresa ou a sua casa - gera um grande retorno sobre os activos. Mas esses retornos não são ajustados ao risco, o que significa que, quando a economia cai, há grandes perdas - como os proprietários americanos aprenderam em 2008, os conglomerados coreanos aprenderam em 1997, e os governos dos mercados emergentes aprendem repetidamente.
Os responsáveis políticos sabem que a dívida excessiva traz fragilidade financeira, e nas últimas décadas foram feitos alguns esforços de reforma para reduzir a alavancagem. Mas a reforma financeira é difícil de fazer durante uma recessão, quando a principal missão é revitalizar o crescimento. Muitas vezes as intenções dos governantes não passam disso mesmo; não raramente os líderes políticos acham mais fácil manter os sistemas de regras, incentivos e garantias existente. E, dado que as grandes empresas financeiras se saem muito bem com uma grande quantidade de alavancagem, continuam a dedicar grandes recursos de lóbi para resistir aos esforços para garantir uma melhor capitalização.
Na verdade, os maiores bancos nos Estados Unidos - mas também na maioria dos outros países - são ainda maiores hoje do que eram antes de 2008. Todas as contas cândidas indicam que os seus incentivos internos não mudaram muito, e as restrições sobre as suas actividades não deverão revelar-se eficazes quando o crescimento global ganhar ritmo.
Nos Estados Unidos, os responsáveis políticos têm esperança de que as maiores empresas financeiras acabarão por ser forçadas a cumprir uma disposição da legislação Dodd-Frank de 2010 que exige a elaboração de "testamentos em vida" credíveis. Porém, a maioria dos grandes bancos não tem sido capaz de produzir planos plausíveis que expliquem como poderiam entrar em falência sem qualquer assistência do governo e sem prejudicar a economia mundial, e nenhum enfrentou consequências significativas por causa desse não cumprimento.
O crescimento vai regressar. Os empresários vão começar novas empresas, e vão financiar a sua tomada de riscos com investimentos providenciados pelos fundos de capital de risco. As empresas não financeiras estabelecidas aprenderam da maneira mais difícil que precisam de ter cuidado com a alavancagem e de manter grandes almofadas financeiras.
São os grandes bancos que continuam a preferir estar altamente alavancados. E muitos responsáveis políticos estão a adiar acções decisivas. Goste-se ou não, isto significa que estamos alinhados para uma nova reviravolta na grande aventura da economia global.
Simon Johnson é professor na Sloan School of Management do MIT e co-autor de White House Burning: The Founding Fathers, Our National Debt, and Why It Matters to You.
Direitos de Autor: Project Syndicate, 2016.
www.project-syndicate.org
Tradução: Rita Faria
SIMON JOHNSON | 11 Maio 2016, 20:30
Negócios
O clima nas reuniões de primavera do Fundo Monetário Internacional e Banco Mundial no início do mês passado foi sombrio. As previsões do FMI para o crescimento global foram revistas em baixa mais uma vez - o que sugere que o mundo vai crescer a uma taxa anual de pouco mais de 3% este ano e em 2017.
Se assim for, será um péssimo desempenho. Antes de 2007, o crescimento global (usando a metodologia do FMI) rondou os 4,5-5%, com base em melhorias estáveis da produtividade nos países industrializados e no rápido crescimento dos padrões de vida nos grandes mercados emergentes, como a China, Brasil e Rússia.
Agora os Estados Unidos enfrentam a incerteza de uma eleição presidencial, as partes mais fracas da Zona Euro continuam com dificuldades, e o Japão está a oscilar à beira da contracção económica. O Brasil está no meio de uma crise política, a China enfrenta os efeitos de uma expansão orçamental prolongada e do crescimento explosivo do seu sistema bancário sombra, e os preços mais baixos das matérias-primas estão a minar o desempenho económico de muitos outros mercados emergentes. Além de tudo isto, os britânicos poderão votar a favor da saída da União Europeia, em Junho.
A actividade económica é afectada pela confiança: os consumidores acreditam que os seus rendimentos deverão subir? E as empresas acreditam que o crescimento futuro será dinâmico o suficiente para justificar o investimento actual? O clima macro actual é de pessimismo geral.
No entanto, o cenário de médio prazo não deverá ser uma estagnação global. Novas tecnologias continuam a ser inventadas, e milhares de milhões de pessoas ambicionam melhorar a sua qualidade de vida através da educação e do trabalho. As principais economias industriais têm demonstrado uma notável capacidade de recuperação perante os grandes choques negativos do sector financeiro na última década – tal como a China.
O desemprego nos Estados Unidos caiu para 5%, e algumas partes da Europa também estão muito bem. E o ponto mais importante sobre o ciclo de preços das matérias-primas é que ele é, de facto, um ciclo: a procura por matérias-primas sobe e desce, enquanto a oferta muda lentamente. Devemos esperar volatilidade nos preços das matérias-primas, como o petróleo.
A grande questão é se podemos sair da montanha-russa económica e voltar a um crescimento global robusto sem um consumo excessivo alimentado pela dívida (como vimos nos Estados Unidos antes de 2008), sem investimento excessivo (como na China) e sem um crescimento excessivo dos gastos do governo (ainda um problema em algumas partes da Europa).
A dívida pode financiar investimentos produtivos e melhorias no capital humano. Mas porque é que gostamos tanto disso? Parte da razão deriva dos sistemas fiscais, que em alguns países permitem que alguns pagamentos de juros (por exemplo, as hipotecas nos Estados Unidos) sejam dedutíveis para efeitos de determinação do rendimento colectável. No caso das empresas, acontece o mesmo.
Mas o principal apelo da dívida é que é um contrato muito simples: quer se pague o valor acordado ou não. E quando as coisas vão bem, uma empresa altamente alavancada - uma empresa ou a sua casa - gera um grande retorno sobre os activos. Mas esses retornos não são ajustados ao risco, o que significa que, quando a economia cai, há grandes perdas - como os proprietários americanos aprenderam em 2008, os conglomerados coreanos aprenderam em 1997, e os governos dos mercados emergentes aprendem repetidamente.
Os responsáveis políticos sabem que a dívida excessiva traz fragilidade financeira, e nas últimas décadas foram feitos alguns esforços de reforma para reduzir a alavancagem. Mas a reforma financeira é difícil de fazer durante uma recessão, quando a principal missão é revitalizar o crescimento. Muitas vezes as intenções dos governantes não passam disso mesmo; não raramente os líderes políticos acham mais fácil manter os sistemas de regras, incentivos e garantias existente. E, dado que as grandes empresas financeiras se saem muito bem com uma grande quantidade de alavancagem, continuam a dedicar grandes recursos de lóbi para resistir aos esforços para garantir uma melhor capitalização.
Na verdade, os maiores bancos nos Estados Unidos - mas também na maioria dos outros países - são ainda maiores hoje do que eram antes de 2008. Todas as contas cândidas indicam que os seus incentivos internos não mudaram muito, e as restrições sobre as suas actividades não deverão revelar-se eficazes quando o crescimento global ganhar ritmo.
Nos Estados Unidos, os responsáveis políticos têm esperança de que as maiores empresas financeiras acabarão por ser forçadas a cumprir uma disposição da legislação Dodd-Frank de 2010 que exige a elaboração de "testamentos em vida" credíveis. Porém, a maioria dos grandes bancos não tem sido capaz de produzir planos plausíveis que expliquem como poderiam entrar em falência sem qualquer assistência do governo e sem prejudicar a economia mundial, e nenhum enfrentou consequências significativas por causa desse não cumprimento.
O crescimento vai regressar. Os empresários vão começar novas empresas, e vão financiar a sua tomada de riscos com investimentos providenciados pelos fundos de capital de risco. As empresas não financeiras estabelecidas aprenderam da maneira mais difícil que precisam de ter cuidado com a alavancagem e de manter grandes almofadas financeiras.
São os grandes bancos que continuam a preferir estar altamente alavancados. E muitos responsáveis políticos estão a adiar acções decisivas. Goste-se ou não, isto significa que estamos alinhados para uma nova reviravolta na grande aventura da economia global.
Simon Johnson é professor na Sloan School of Management do MIT e co-autor de White House Burning: The Founding Fathers, Our National Debt, and Why It Matters to You.
Direitos de Autor: Project Syndicate, 2016.
www.project-syndicate.org
Tradução: Rita Faria
SIMON JOHNSON | 11 Maio 2016, 20:30
Negócios
Tópicos semelhantes
» Emigração: Uma questão global que exige uma solução global
» Sines - aicep Global Parques: Apresenta se na ERTC Global Petrochemicals Summit 2016
» Mundo global exige rede global de transportes
» Sines - aicep Global Parques: Apresenta se na ERTC Global Petrochemicals Summit 2016
» Mundo global exige rede global de transportes
Página 1 de 1
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos
Qui Dez 28, 2017 3:16 pm por Admin
» Apanhar o comboio
Seg Abr 17, 2017 11:24 am por Admin
» O que pode Lisboa aprender com Berlim
Seg Abr 17, 2017 11:20 am por Admin
» A outra austeridade
Seg Abr 17, 2017 11:16 am por Admin
» Artigo de opinião de Maria Otília de Souza: «O papel dos custos na economia das empresas»
Seg Abr 17, 2017 10:57 am por Admin
» Recorde de maior porta-contentores volta a 'cair' com entrega do Maersk Madrid de 20.568 TEU
Seg Abr 17, 2017 10:50 am por Admin
» Siemens instalou software de controlo avançado para movimentações no porto de Sines
Seg Abr 17, 2017 10:49 am por Admin
» Pelos caminhos
Seg Abr 17, 2017 10:45 am por Admin
» Alta velocidade: o grande assunto pendente
Seg Abr 17, 2017 10:41 am por Admin