Procurar
Tópicos semelhantes
Entrar
Últimos assuntos
Tópicos mais visitados
Quem está conectado?
Há 432 usuários online :: 0 registrados, 0 invisíveis e 432 visitantes :: 1 motor de buscaNenhum
O recorde de usuários online foi de 864 em Sex Fev 03, 2017 11:03 pm
Poor rich boy
Página 1 de 1
Poor rich boy
O sentimento que vai surgindo, nos Estados Unidos e sobretudo no resto do Mundo, é que se corre o risco de ter na Presidência uma figura instável, um “poor rich boy” que não admite ser contrariado, que não respeita ninguém, e a quem até agora tudo tem saído aparentemente bem. E que pode vir a dispor de todos os meios de uma superpotência, tanto económicos como militares.
O conceito de “poor rich boy” foi lançado nos Estados Unidos, e surgiu da constatação de que os filhos das classes mais elevadas, muito protegidos das dificuldades da vida real, estavam menos adaptados a vencer dificuldades da vida real, sobretudo de integração, do que os filhos de classes mais baixas, habituados a vencer as dificuldades do dia-a-dia. Ou seja, nascer rico, se por um lado tinha enormes vantagens, por outro lado, em caso de dificuldades, deixava o “pobre menino rico” ao desamparo. Sobretudo se deixasse de ser rico.
Parece um conceito óbvio; mas, como o ovo de Colombo, faltava formulá-lo.
Mesmo no meio militar, é uma constatação histórica que os soldados vindos de áreas rurais se adaptam melhor às duras condições de campanha, sobretudo se as condições forem extremas; estão habituados a viver (ou a sobreviver) com menos.
O curioso é que este comportamento acabou por ser encontrado mesmo entre não-humanos: constatou-se que as crias das fêmeas-alfa dos chimpanzés apresentavam as mesmas dificuldades de integração no grupo, por terem sido super protegidas.
Torna-se interessante analisar o comportamento de alguns meninos ricos, à luz deste conceito. E a minha escolha recaiu em Donald Trump, que já antes da corrida à Presidência era bem conhecido (sobretudo através da ex-mulher, Ivana) e agora foi catapultado para as primeiras páginas dos jornais de todo o Mundo – e nem sempre pelas melhores razões.
Nascido rico (coisa que ele ciosamente oculta) procura dar de si a ideia do “self made man”, o que não corresponde à realidade. Ser ampliou a fortuna herdada, foi graças a ter, como se diz entre nós, a enxada já encabada.
Mas é o comportamento que mais interessa. A truculência, a falta de chá, o desprezo pelos que considera inferiores (mulheres, pobres, latinos, negros, asiáticos, etc., etc.) deriva precisamente de uma infância super protegida, num condomínio fechado cercado por bairros pobres, em Queen´s. Este bairro de Nova Iorque foi assim chamado em homenagem à rainha Catarina, mulher de Carlos II de Inglaterra (nascida de Bragança), ou seja, outra latina…
Toda a gente se queixa da incapacidade de Donald Trump em aceitar um “não”; e realmente tem enfrentado poucos na vida, sendo a exceção mais notória a do célebre empreendimento que quis fazer na Escócia, onde esbarrou com o orgulho e teimosia dos locais. Os métodos habituais, que sempre funcionaram em Manhattan (ameaças, corrupção, pressões variadas), não funcionaram nas charnecas da Hibérnia. Erro crasso: teria bastado perguntar à sua mãe escocesa como funcionavam os descendentes de Robert the Bruce e de William Wallace…
Multiplicam-se as queixas, sobretudo dentro do Partido Republicano, que antevê uma derrota às mãos da maioria dos americanos, que não se revê naquele modelo. Mas o que se pode fazer para impedir esta onda destruidora?
Alguns dirão que tudo não passa de demagogia barata, que se esfumaria depois das eleições. Uma vez comodamente sentado na Cadeira do Poder, Trump mandaria as anteriores declarações bombásticas (um eufemismo) às malvas.
Pois, pois, como diria Raul Solnado, mas foi assim que Adolf Hitler subiu ao poder; os argumentos dos moderados eram os mesmos, dentro e fora da Alemanha. Mas, quando os bem pensantes perceberam que aquilo era a sério, era tarde demais.
Pode levantar-se a questão de saber onde está a maturidade política de um povo que cria no seu seio uma tal anomalia. Engano: fenómenos destes há-os por toda a parte, e a própria Europa não está isenta de figuras semelhantes. Basta lembrar aquelas eleições presidenciais francesas, em que os cidadãos de esquerda, que constituíam a maioria, se viu constrangida, na segunda volta, a escolher entre o candidato da direita e o a extrema-direita…
A grande questão está em encontrar as origens do fenómeno. Podem ser culturais, como um certo conceito de “espírito de fronteira”, onde toda a gente andava armada e o único índio bom era um índio morto. Podem ser conjunturais, como o desemprego e a deslocalização das indústrias para fora dos EUA (se bem que Trump também tenha culpas no cartório, com produtos feitos na China e na Tailândia). Podem ser de desencanto, com a diminuição do papel da América a nível mundial, e o crescer da dependência externa.
De todas estas e outras motivações, importa reter que Trump tem capitalizado este manancial de descontentes em proveito próprio.
O sentimento que vai surgindo, nos Estados Unidos e sobretudo no resto do Mundo, é que se corre o risco de ter na Presidência uma figura instável, um “poor rich boy” que não admite ser contrariado, que não respeita ninguém, e a quem até agora tudo tem saído aparentemente bem. E que pode vir a dispor de todos os meios de uma superpotência, tanto económicos como militares.
Em tempos, um político americano disse que a Rússia era uma espécie de Burkina Faso, mas com armas nucleares.
Continuando a analogia africana, bem vistas as coisas, corremos agora o risco de ver um Idi Amin Dada com armas nucleares…
Por Nuno Santa Clara
Barreiro
12.05.2016 - 11:47
ROSTOS.pt
Tópicos semelhantes
» O estranho caso da Standard & Poor’s
» Standard & Poor’s prevê ano negro para o transporte marítimo
» Standard & Poor’s prevê ano negro para o transporte marítimo
Página 1 de 1
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos
Qui Dez 28, 2017 3:16 pm por Admin
» Apanhar o comboio
Seg Abr 17, 2017 11:24 am por Admin
» O que pode Lisboa aprender com Berlim
Seg Abr 17, 2017 11:20 am por Admin
» A outra austeridade
Seg Abr 17, 2017 11:16 am por Admin
» Artigo de opinião de Maria Otília de Souza: «O papel dos custos na economia das empresas»
Seg Abr 17, 2017 10:57 am por Admin
» Recorde de maior porta-contentores volta a 'cair' com entrega do Maersk Madrid de 20.568 TEU
Seg Abr 17, 2017 10:50 am por Admin
» Siemens instalou software de controlo avançado para movimentações no porto de Sines
Seg Abr 17, 2017 10:49 am por Admin
» Pelos caminhos
Seg Abr 17, 2017 10:45 am por Admin
» Alta velocidade: o grande assunto pendente
Seg Abr 17, 2017 10:41 am por Admin