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PCP: Outra vez o social-fascismo?
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PCP: Outra vez o social-fascismo?
Os ataques do PCP ao Bloco trazem à memória a guerra lançada pelo ditador soviético Estaline contra a social-democracia europeia nos anos 30 do século XX, uma das causas da chegada de Hitler ao poder.
Não é por proximidade ideológica, mas por mero interesse profissional que à quinta-feira leio “religiosamente” o “Avante”, órgão do Comité Central do Partido Comunista Português, e constato que, do ponto de vista ideológico, os comunistas portugueses em nada se afastaram de Estaline no que respeita ao combate contra o Bloco de Esquerda, seu actual parceiro no apoio ao governo de António Costa.
No último número desse jornal, tal como aconteceu em números anteriores, o Bloco de Esquerda e os seus aliados internacionais são um dos principais alvos do ataque dos comunistas portugueses. Na crónica internacional “Ilusões e luta”, pode ler-se: “Na Grécia e França, importantes lutas marcam a actualidade. Governos auto-proclamados de esquerda – ou até da «esquerda radical» – estão a concretizar as políticas anti-laborais e anti-sociais do grande capital financeiro. Mas a resistência tem-se manifestado nas ruas e em greves, organizada pelo movimento sindical e organizações políticas ligadas à defesa dos interesses de quem trabalha, e não aos interesses de quem lucra”.
E para que não fiquem dúvidas, o autor acrescenta: “Na Grécia é o governo da «esquerda radical do Syriza – tão promovido por certa esquerda europeia, como o BE, que se pendurava ao pescoço de Tsipras nos dias de glória eleitoral para depois fazer de contas que nem sabia quem fosse – que está a promover mais um feroz ataque ao martirizado povo grego. Desta vez com uma «reforma» do sistema de pensões. De proclamado opositor e resistente aos ditames da UE, o governo Tsipras tornou-se num fiel executante das políticas de austeridade da Comissão Europeia, Banco Central Europeu e FMI. Mas o governo Tsipras foi mais além, colaborando com o belicismo imperialista”.
No plano da política interna portuguesa, isto apenas destaca que o Bloco de Esquerda é um dos principais adversários e concorrentes do PCP, mais perigoso até do que os chamados partidos de direita: CDS/PP e PSD. Os comunistas receiam entrar numa rota irreversível de extinção, cujo processo poderá favorecer o BE.
Este tipo de ataques do PCP ao BE traz à memória a guerra lançada pelo ditador soviético José Estaline contra a social-democracia europeia nos anos 30 do século XX, uma das causas da chegada de Adolfo Hitler ao poder na Alemanha. Foi então que surgiu o termo “social-fascismo”, criado por Moscovo para denegrir a esquerda democrática na época.
Mais tarde, como é sabido, o “feitiço virou-se contra o feiticeiro” e o termo “social-fascista foi utilizado pela extrema-esquerda portuguesa para atacar o partido de Álvaro Cunhal.
No plano externo, é “comovente” (mas não surpreendente) a admiração que o Partido Comunista Português nutre por dirigentes como Vladimir Putin. O “Avante” noticia: “Segunda-feira, 9, a Praça Vermelha foi palco de um impressivo desfile envolvendo cerca de 10 mil militares (pela primeira vez participou um esquadrão feminino de cadetes), 135 veículos e 71 aviões. O presidente da Federação Russa, Vladimir Putin, apelou à construção de «um novo bloco de segurança internacional para derrotar o terrorismo», que considerou uma séria ameaça contemporânea””.
Não vamos perder tempo a comentar o facto de manifestações dessas terem como único objectivo demonstrar força militar, pois, caso contrário, o Kremlin faria melhor canalizar os meios financeiros gastos nestes espectáculos para o apoio aos veteranos russos da Segunda Guerra Mundial, muitos dos quais recebem pensões miseráveis e não têm meios para tratar da sua saúde.
Fica-se com a sensação de que os comunistas portugueses esperam que Vladimir Putin volte a ressuscitar dos mortos a União Soviética, esperança completamente vã. É verdade que o dirigente russo tem algumas coisas de comum com os líderes comunistas soviéticos: é autoritário, usa e abusa do discurso “anti-imperialista”, ou seja, anti-americano para justificar todos os males do seu próprio país e do mundo em geral, esperando assim desviar a atenção dos russos do estado em que se encontra a Rússia.
Mas, na realidade, a política social e económica por Putin realizada assemelha-se muito à da extrema-direita autoritária, nomeadamente ao salazarismo. Ele criou na Rússia um sistema corporativo que faria inveja a qualquer ditador. Basta olhar para o estado do movimento sindical russo, completamente controlado pelo Kremlin. Se são raras as notícias sobre greves e conflitos sociais na Rússia, isso não se deve à prosperidade económica e social, mas à acção de um aparelho repressivo cada vez maior e mais brutal.
Dito isto, só encontro uma explicação para este fenómeno e ela já não é nova: os extremos tocam-se.
Voltando à guerra entre o PCP e o BE, os militantes desta última organização têm mais sorte do que os seus congéneres soviéticos, nomeadamente Lev Trotski, porque Portugal não corre, pelo menos por enquanto, o risco de ver os comunistas chegarem ao poder. Se tal desgraça acontecesse, receio que seria desenterrado o famoso pica-gelo utilizado por Estaline para liquidar o seu mais directo adversário na luta pelo poder: Trotski.
José Milhazes
14/5/2016, 0:00
Observador
Não é por proximidade ideológica, mas por mero interesse profissional que à quinta-feira leio “religiosamente” o “Avante”, órgão do Comité Central do Partido Comunista Português, e constato que, do ponto de vista ideológico, os comunistas portugueses em nada se afastaram de Estaline no que respeita ao combate contra o Bloco de Esquerda, seu actual parceiro no apoio ao governo de António Costa.
No último número desse jornal, tal como aconteceu em números anteriores, o Bloco de Esquerda e os seus aliados internacionais são um dos principais alvos do ataque dos comunistas portugueses. Na crónica internacional “Ilusões e luta”, pode ler-se: “Na Grécia e França, importantes lutas marcam a actualidade. Governos auto-proclamados de esquerda – ou até da «esquerda radical» – estão a concretizar as políticas anti-laborais e anti-sociais do grande capital financeiro. Mas a resistência tem-se manifestado nas ruas e em greves, organizada pelo movimento sindical e organizações políticas ligadas à defesa dos interesses de quem trabalha, e não aos interesses de quem lucra”.
E para que não fiquem dúvidas, o autor acrescenta: “Na Grécia é o governo da «esquerda radical do Syriza – tão promovido por certa esquerda europeia, como o BE, que se pendurava ao pescoço de Tsipras nos dias de glória eleitoral para depois fazer de contas que nem sabia quem fosse – que está a promover mais um feroz ataque ao martirizado povo grego. Desta vez com uma «reforma» do sistema de pensões. De proclamado opositor e resistente aos ditames da UE, o governo Tsipras tornou-se num fiel executante das políticas de austeridade da Comissão Europeia, Banco Central Europeu e FMI. Mas o governo Tsipras foi mais além, colaborando com o belicismo imperialista”.
No plano da política interna portuguesa, isto apenas destaca que o Bloco de Esquerda é um dos principais adversários e concorrentes do PCP, mais perigoso até do que os chamados partidos de direita: CDS/PP e PSD. Os comunistas receiam entrar numa rota irreversível de extinção, cujo processo poderá favorecer o BE.
Este tipo de ataques do PCP ao BE traz à memória a guerra lançada pelo ditador soviético José Estaline contra a social-democracia europeia nos anos 30 do século XX, uma das causas da chegada de Adolfo Hitler ao poder na Alemanha. Foi então que surgiu o termo “social-fascismo”, criado por Moscovo para denegrir a esquerda democrática na época.
Mais tarde, como é sabido, o “feitiço virou-se contra o feiticeiro” e o termo “social-fascista foi utilizado pela extrema-esquerda portuguesa para atacar o partido de Álvaro Cunhal.
No plano externo, é “comovente” (mas não surpreendente) a admiração que o Partido Comunista Português nutre por dirigentes como Vladimir Putin. O “Avante” noticia: “Segunda-feira, 9, a Praça Vermelha foi palco de um impressivo desfile envolvendo cerca de 10 mil militares (pela primeira vez participou um esquadrão feminino de cadetes), 135 veículos e 71 aviões. O presidente da Federação Russa, Vladimir Putin, apelou à construção de «um novo bloco de segurança internacional para derrotar o terrorismo», que considerou uma séria ameaça contemporânea””.
Não vamos perder tempo a comentar o facto de manifestações dessas terem como único objectivo demonstrar força militar, pois, caso contrário, o Kremlin faria melhor canalizar os meios financeiros gastos nestes espectáculos para o apoio aos veteranos russos da Segunda Guerra Mundial, muitos dos quais recebem pensões miseráveis e não têm meios para tratar da sua saúde.
Fica-se com a sensação de que os comunistas portugueses esperam que Vladimir Putin volte a ressuscitar dos mortos a União Soviética, esperança completamente vã. É verdade que o dirigente russo tem algumas coisas de comum com os líderes comunistas soviéticos: é autoritário, usa e abusa do discurso “anti-imperialista”, ou seja, anti-americano para justificar todos os males do seu próprio país e do mundo em geral, esperando assim desviar a atenção dos russos do estado em que se encontra a Rússia.
Mas, na realidade, a política social e económica por Putin realizada assemelha-se muito à da extrema-direita autoritária, nomeadamente ao salazarismo. Ele criou na Rússia um sistema corporativo que faria inveja a qualquer ditador. Basta olhar para o estado do movimento sindical russo, completamente controlado pelo Kremlin. Se são raras as notícias sobre greves e conflitos sociais na Rússia, isso não se deve à prosperidade económica e social, mas à acção de um aparelho repressivo cada vez maior e mais brutal.
Dito isto, só encontro uma explicação para este fenómeno e ela já não é nova: os extremos tocam-se.
Voltando à guerra entre o PCP e o BE, os militantes desta última organização têm mais sorte do que os seus congéneres soviéticos, nomeadamente Lev Trotski, porque Portugal não corre, pelo menos por enquanto, o risco de ver os comunistas chegarem ao poder. Se tal desgraça acontecesse, receio que seria desenterrado o famoso pica-gelo utilizado por Estaline para liquidar o seu mais directo adversário na luta pelo poder: Trotski.
José Milhazes
14/5/2016, 0:00
Observador
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