Procurar
Entrar
Últimos assuntos
Tópicos mais visitados
Quem está conectado?
Há 296 usuários online :: 0 registrados, 0 invisíveis e 296 visitantes :: 1 motor de buscaNenhum
O recorde de usuários online foi de 864 em Sex Fev 03, 2017 11:03 pm
Dormência alcoólica
Página 1 de 1
Dormência alcoólica
"Beber vinho é dar pão a um milhão de portugueses." O slogan foi uma criação do Estado Novo. Mas o mito perdura. Qualquer debate sobre medidas que penalizem bebidas alcoólicas - seja por via fiscal, através do Código da Estrada, ou apertando as regras para consumo em idades precoces - esbarra no argumento de que este é um setor estratégico para a economia nacional.
Na semana passada entrou em vigor a lei que obriga à inserção de imagens chocantes em maços de tabaco. Leram-se análises sobre números, discutiu-se até que ponto a lei deveria dar mais passos restritivos, repetiu-se o discurso punitivo relativamente aos fumadores. A diferença de tratamento que damos aos dois consumos não é apenas fiscal, com o vinho a ser sistematicamente protegido relativamente ao tabaco e a outras bebidas, particularmente as espirituosas. Socialmente, continuamos a ter dois pesos e duas medidas quando olhamos para o tabaco e para o álcool.
É verdade que a vitivinicultura é um setor estratégico na economia portuguesa. Mas esse peso não dispensa uma atitude crítica sobre o facto de usarmos esse argumento para silenciar alguma má consciência pela forma como não conseguimos travar os números assustadores do consumo. Somos o décimo país no Mundo onde se bebe mais. Os dados atualizados da Organização Mundial de Saúde foram divulgados esta sexta-feira, mas passaram quase despercebidos.
O setor vinícola deve afirmar-se pela qualidade. Pela capacidade de conquistar novos mercados de exportação. Pelas ofertas turísticas de nicho associadas. Não pela persistência numa cultura de consumo massivo. E se para o tabaco é fácil apontar estatísticas sobre a mortalidade do cancro de pulmão, números não faltam para explicar os efeitos do álcool. Um terço das vítimas mortais de acidentes rodoviários tinha álcool no sangue. A esperança média de vida para consumidores persistentes é reduzida em 10 a 12 anos. O excesso de álcool é detonador de situações de violência doméstica, porque aumenta a impulsividade e a agressividade.
O sinal dado pela carta por pontos, que penaliza fortemente a condução sob efeito de álcool, é positivo. Mas transversalmente fazem falta mais medidas preventivas. Encararmos que se bebe, em Portugal, demasiado e em idades demasiado precoces. Admitirmos a dificuldade de diversão sem a presença permanente de um tóxico. Para lá dos mitos, há uma realidade de efeitos sociais duros. E dormentes.
INÊS CARDOSO, SUBDIRETORA
23 Maio 2016 às 00:14
Jornal de Notícias
Na semana passada entrou em vigor a lei que obriga à inserção de imagens chocantes em maços de tabaco. Leram-se análises sobre números, discutiu-se até que ponto a lei deveria dar mais passos restritivos, repetiu-se o discurso punitivo relativamente aos fumadores. A diferença de tratamento que damos aos dois consumos não é apenas fiscal, com o vinho a ser sistematicamente protegido relativamente ao tabaco e a outras bebidas, particularmente as espirituosas. Socialmente, continuamos a ter dois pesos e duas medidas quando olhamos para o tabaco e para o álcool.
É verdade que a vitivinicultura é um setor estratégico na economia portuguesa. Mas esse peso não dispensa uma atitude crítica sobre o facto de usarmos esse argumento para silenciar alguma má consciência pela forma como não conseguimos travar os números assustadores do consumo. Somos o décimo país no Mundo onde se bebe mais. Os dados atualizados da Organização Mundial de Saúde foram divulgados esta sexta-feira, mas passaram quase despercebidos.
O setor vinícola deve afirmar-se pela qualidade. Pela capacidade de conquistar novos mercados de exportação. Pelas ofertas turísticas de nicho associadas. Não pela persistência numa cultura de consumo massivo. E se para o tabaco é fácil apontar estatísticas sobre a mortalidade do cancro de pulmão, números não faltam para explicar os efeitos do álcool. Um terço das vítimas mortais de acidentes rodoviários tinha álcool no sangue. A esperança média de vida para consumidores persistentes é reduzida em 10 a 12 anos. O excesso de álcool é detonador de situações de violência doméstica, porque aumenta a impulsividade e a agressividade.
O sinal dado pela carta por pontos, que penaliza fortemente a condução sob efeito de álcool, é positivo. Mas transversalmente fazem falta mais medidas preventivas. Encararmos que se bebe, em Portugal, demasiado e em idades demasiado precoces. Admitirmos a dificuldade de diversão sem a presença permanente de um tóxico. Para lá dos mitos, há uma realidade de efeitos sociais duros. E dormentes.
INÊS CARDOSO, SUBDIRETORA
23 Maio 2016 às 00:14
Jornal de Notícias
Página 1 de 1
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos
Qui Dez 28, 2017 3:16 pm por Admin
» Apanhar o comboio
Seg Abr 17, 2017 11:24 am por Admin
» O que pode Lisboa aprender com Berlim
Seg Abr 17, 2017 11:20 am por Admin
» A outra austeridade
Seg Abr 17, 2017 11:16 am por Admin
» Artigo de opinião de Maria Otília de Souza: «O papel dos custos na economia das empresas»
Seg Abr 17, 2017 10:57 am por Admin
» Recorde de maior porta-contentores volta a 'cair' com entrega do Maersk Madrid de 20.568 TEU
Seg Abr 17, 2017 10:50 am por Admin
» Siemens instalou software de controlo avançado para movimentações no porto de Sines
Seg Abr 17, 2017 10:49 am por Admin
» Pelos caminhos
Seg Abr 17, 2017 10:45 am por Admin
» Alta velocidade: o grande assunto pendente
Seg Abr 17, 2017 10:41 am por Admin