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Rentabilidade
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Rentabilidade
Hoje em dia falir não é opção. A criação de um veículo para absorver o crédito mau é mais um empurrar com a barriga, já que o buraco que esse veículo vai ter será pago pelo fundo de resolução ou por mais uma taxa sobre o sector financeiro.
Os bancos têm-se debatido com um elevado montante de crédito malparado. Por um lado existiu excesso de permissividade na avaliação do risco, atribuição de créditos sem garantias ou má avaliação das garantias reais, por outro, a confiança e recuperação da economia nacional não permitiram a criação de valor, tão necessária para o pagamento das dívidas.
O presidente da CIP avisou que este assunto é uma bomba-relógio, que tem de ser resolvido. Esta é certamente uma verdade, mas não será por este assunto ser resolvido, nomeadamente através da criação de um Banco Mau, que o crédito à economia irá fluir. A criação deste veículo, visando resolver algumas situações conhecidas, pode prejudicar o restante sistema financeiro, cujos accionistas têm vindo a investir milhares de milhões de euros para recuperar a confiança dos depositantes.
A maioria dos bancos tem no seu balanço imparidades reconhecidas para os créditos em incumprimento conhecidos à data, mas não os conseguem retirar do seu balanço devido à morosidade da justiça. Executar a venda de um bem, seja ele mobiliário, imobiliário, ou um fiador, demora anos, o que conduz ao arrastar de activos tóxicos no balanço da banca. Temos depois os chamados fundos “abutre” que se aproveitam de um sistema de justiça lento e ineficaz para retirar os activos tóxicos do balanço dos bancos, com um desconto elevado, mas oferecendo em contrapartida um ganho reputacional não mensurável.
A resolução deste problema não alterará a política de concessão de crédito das instituições. O perfil de risco dos portugueses, do mercado, das instituições financeiras mudou. Todas as variáveis são mais incertas – emprego, situação fiscal, previsibilidade, segurança das pensões e do sistema financeiro, estabilidade social e política.
Existem ainda as imparidades que não são conhecidas e que estão para vir, nomeadamente de empresas cuja sobrevivência é prolongada no tempo, por uma questão de inconveniência da sua falência. Ou seja, hoje em dia falir não é opção. Assim, a criação de um veículo para absorver o crédito mau é mais um empurrar com a barriga, já que o buraco que esse veículo vai ter será pago pelo fundo de resolução ou por mais uma taxa sobre o sector financeiro.
Ao mesmo tempo que se anuncia a intenção da criação de um veículo, o Banco Mau, e da necessidade de serem absorvidas perdas futuras, é-nos dito que a banca precisa de ter uma rentabilidade superior a 10%, caso contrário não consegue atrair investidores nem é viável a longo prazo.
A ironia é que a rentabilidade não se decreta por lei, e tudo isto seria verdade não fosse o facto de o resto da economia não conseguir gerar essas taxas de crescimento. Ora se um negócio não cresce 10% ao ano, como pode o sector financeiro fazê-lo? Este foi um dos indicadores que previram o fim da hegemonia do sector financeiro – crescimento muito superior ao da economia real e que culminou com os resgates ou resoluções que conhecemos.
O BCE é outro actor neste xadrez, com uma influência cada vez mais política que económica, que incentiva à utilização de dívida ao invés de capital. Ao colocar as taxas negativas penaliza quem poupou e premeia os agentes económicos que se endividaram, convidando-os a emitir mais dívida a um custo ainda mais reduzido. Ao comprar títulos de dívida, o BCE convida mais uma vez as empresas e os Estados a manterem a sua política de privilegiar a dívida ao invés do capital.
Foi o excesso de dívida que nos colocou no caminho de estagnação económica e de incerteza quanto ao futuro. Para recuperar é necessário acabar com a burocracia de uma Europa que asfixia os seus cidadãos, atrair capital, agilizar investimento e criar uma expectativa de crescimento futura. A política de condenação do capital e do “eu decido e tu pagas”, como no caso das resoluções dos bancos, só pode acabar mal.
00:05 h
Pedro Lino, Economista
Económico
Os bancos têm-se debatido com um elevado montante de crédito malparado. Por um lado existiu excesso de permissividade na avaliação do risco, atribuição de créditos sem garantias ou má avaliação das garantias reais, por outro, a confiança e recuperação da economia nacional não permitiram a criação de valor, tão necessária para o pagamento das dívidas.
O presidente da CIP avisou que este assunto é uma bomba-relógio, que tem de ser resolvido. Esta é certamente uma verdade, mas não será por este assunto ser resolvido, nomeadamente através da criação de um Banco Mau, que o crédito à economia irá fluir. A criação deste veículo, visando resolver algumas situações conhecidas, pode prejudicar o restante sistema financeiro, cujos accionistas têm vindo a investir milhares de milhões de euros para recuperar a confiança dos depositantes.
A maioria dos bancos tem no seu balanço imparidades reconhecidas para os créditos em incumprimento conhecidos à data, mas não os conseguem retirar do seu balanço devido à morosidade da justiça. Executar a venda de um bem, seja ele mobiliário, imobiliário, ou um fiador, demora anos, o que conduz ao arrastar de activos tóxicos no balanço da banca. Temos depois os chamados fundos “abutre” que se aproveitam de um sistema de justiça lento e ineficaz para retirar os activos tóxicos do balanço dos bancos, com um desconto elevado, mas oferecendo em contrapartida um ganho reputacional não mensurável.
A resolução deste problema não alterará a política de concessão de crédito das instituições. O perfil de risco dos portugueses, do mercado, das instituições financeiras mudou. Todas as variáveis são mais incertas – emprego, situação fiscal, previsibilidade, segurança das pensões e do sistema financeiro, estabilidade social e política.
Existem ainda as imparidades que não são conhecidas e que estão para vir, nomeadamente de empresas cuja sobrevivência é prolongada no tempo, por uma questão de inconveniência da sua falência. Ou seja, hoje em dia falir não é opção. Assim, a criação de um veículo para absorver o crédito mau é mais um empurrar com a barriga, já que o buraco que esse veículo vai ter será pago pelo fundo de resolução ou por mais uma taxa sobre o sector financeiro.
Ao mesmo tempo que se anuncia a intenção da criação de um veículo, o Banco Mau, e da necessidade de serem absorvidas perdas futuras, é-nos dito que a banca precisa de ter uma rentabilidade superior a 10%, caso contrário não consegue atrair investidores nem é viável a longo prazo.
A ironia é que a rentabilidade não se decreta por lei, e tudo isto seria verdade não fosse o facto de o resto da economia não conseguir gerar essas taxas de crescimento. Ora se um negócio não cresce 10% ao ano, como pode o sector financeiro fazê-lo? Este foi um dos indicadores que previram o fim da hegemonia do sector financeiro – crescimento muito superior ao da economia real e que culminou com os resgates ou resoluções que conhecemos.
O BCE é outro actor neste xadrez, com uma influência cada vez mais política que económica, que incentiva à utilização de dívida ao invés de capital. Ao colocar as taxas negativas penaliza quem poupou e premeia os agentes económicos que se endividaram, convidando-os a emitir mais dívida a um custo ainda mais reduzido. Ao comprar títulos de dívida, o BCE convida mais uma vez as empresas e os Estados a manterem a sua política de privilegiar a dívida ao invés do capital.
Foi o excesso de dívida que nos colocou no caminho de estagnação económica e de incerteza quanto ao futuro. Para recuperar é necessário acabar com a burocracia de uma Europa que asfixia os seus cidadãos, atrair capital, agilizar investimento e criar uma expectativa de crescimento futura. A política de condenação do capital e do “eu decido e tu pagas”, como no caso das resoluções dos bancos, só pode acabar mal.
00:05 h
Pedro Lino, Economista
Económico
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