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Guerra global
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Guerra global
O Mundo está a mudar. Um bocadinho todos os dias. E todos os dias fazemos de conta. Acreditamos na bondade das coisas, tudo corre bem, tudo voltará a uma normalidade imaginária. E não é assim. Caminhamos apontados ao abismo: este Planeta há muito dá sinais de esgotamento, de se tornar um sítio impróprio para viver. É provável não assistir a esse momento de rotura, nem os meus filhos, nem os filhos dos meus filhos - e o problema é mesmo esse.
Quando já estávamos todos a pensar em banhos de sol, areia e muito calor, na passada semana, a França e a Alemanha viveram as piores cheias das últimas décadas. Houve mortos, e desaparecidos arrastados pelas águas.
Surpresa? Talvez para os mais distraídos. Neste temporal, que provocou 18 mortos em França e na Alemanha, a precipitação de um mês concentrou-se em menos de uma semana. Por aqui se adivinha o nosso futuro. Os avisos surgiram há muito, só ignora quem quer. Todos os estudos deixam claro que o aumento da temperatura média, ao ritmo dos últimos registos, propiciará uma maior frequência de fenómenos climáticos extremos, que acarretam perigos como inundações e secas.
O futuro, aqui, parece ter chegado sem subtilezas. Filipe Duarte Santos, o físico português que coordena o projeto SIAM (Alterações Climáticas - Cenários e Impactos), alertava ontem para a necessidade de nos adaptarmos a uma nova realidade. O mesmo cientista que há anos, de forma pedagógica e sem alarme, pede que façamos algo para reverter o fenómeno do aquecimento global. Ontem, ao ouvir Filipe Duarte Santos, num seminário realizado em Lisboa, percebi melhor a fatalidade.
O resultado de anos a fazer de conta de que nada era grave, a não ser as posições "fundamentalistas" de certos grupos ambientalistas, surge-nos agora. Alguém de bom senso terá dúvidas da ameaça? Vivemos numa espécie de guerra fria contra o clima. Filipe Duarte Santos defende: as cidades terão de se adaptar a uma nova realidade, criando infraestruturas para mitigar o aquecimento do Planeta. Faz parte da batalha.
O sol voltou a brilhar em França, os despojos estarão quase limpos. Não devemos, contudo, esquecer as águas do Sena em fúria, alagando as margens quase em pleno verão. Se o fizermos, como até tem sido a regra, por certo sairemos derrotados da guerra. Demasiadas batalhas foram perdidas. Parece difícil continuarmos a dormir descansados, sabendo que estamos a destruir o legado, verdadeiramente importante, para as gerações futuras. É uma questão de sobrevivência, é uma luta apátrida de cidadania.
*EDITORA-EXECUTIVA-ADJUNTA
PAULA FERREIRA*
07 Junho 2016 às 00:14
Jornal de Notícias
Quando já estávamos todos a pensar em banhos de sol, areia e muito calor, na passada semana, a França e a Alemanha viveram as piores cheias das últimas décadas. Houve mortos, e desaparecidos arrastados pelas águas.
Surpresa? Talvez para os mais distraídos. Neste temporal, que provocou 18 mortos em França e na Alemanha, a precipitação de um mês concentrou-se em menos de uma semana. Por aqui se adivinha o nosso futuro. Os avisos surgiram há muito, só ignora quem quer. Todos os estudos deixam claro que o aumento da temperatura média, ao ritmo dos últimos registos, propiciará uma maior frequência de fenómenos climáticos extremos, que acarretam perigos como inundações e secas.
O futuro, aqui, parece ter chegado sem subtilezas. Filipe Duarte Santos, o físico português que coordena o projeto SIAM (Alterações Climáticas - Cenários e Impactos), alertava ontem para a necessidade de nos adaptarmos a uma nova realidade. O mesmo cientista que há anos, de forma pedagógica e sem alarme, pede que façamos algo para reverter o fenómeno do aquecimento global. Ontem, ao ouvir Filipe Duarte Santos, num seminário realizado em Lisboa, percebi melhor a fatalidade.
O resultado de anos a fazer de conta de que nada era grave, a não ser as posições "fundamentalistas" de certos grupos ambientalistas, surge-nos agora. Alguém de bom senso terá dúvidas da ameaça? Vivemos numa espécie de guerra fria contra o clima. Filipe Duarte Santos defende: as cidades terão de se adaptar a uma nova realidade, criando infraestruturas para mitigar o aquecimento do Planeta. Faz parte da batalha.
O sol voltou a brilhar em França, os despojos estarão quase limpos. Não devemos, contudo, esquecer as águas do Sena em fúria, alagando as margens quase em pleno verão. Se o fizermos, como até tem sido a regra, por certo sairemos derrotados da guerra. Demasiadas batalhas foram perdidas. Parece difícil continuarmos a dormir descansados, sabendo que estamos a destruir o legado, verdadeiramente importante, para as gerações futuras. É uma questão de sobrevivência, é uma luta apátrida de cidadania.
*EDITORA-EXECUTIVA-ADJUNTA
PAULA FERREIRA*
07 Junho 2016 às 00:14
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