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    Mensagem por Admin Ter Jun 07, 2016 10:45 am

    Optimistas, mas conscientes Card_antonio_costa_reuters_rafael_marchante
     Rafael Marchante/Reuters


    O primeiro-ministro garante-nos que ninguém fica pior por ser optimista. E tem razão: o optimismo não faz mal a ninguém. Mas o inverso também é válido: o optimismo, per si, não garante que fiquemos melhor. Sobretudo se esse optimismo for acompanhado de um aumento da despesa assente em previsões de crescimento económico irrealistas.

    É que, independentemente do estado de espírito de cada português, a questão de fundo permanece: Portugal pode manter a actual trajectória de aumento do consumo público e privado, enquanto as exportações e o investimento continuam a cair? Podemos manter um modelo de crescimento económico com dois motores - procura interna e exportações - se um deles, como tudo indica, deixar de funcionar? Não corremos o risco de, a breve trecho, regressar aos desequilíbrios crónicos que, por mais do que uma vez, nos atiraram para os braços da 'troika'?

    Evidentemente, ao actual Governo não pode ser imputada a responsabilidade pela descida das exportações. A crise de Angola, que recentemente passou a exportar para Portugal mais do que aquilo que importa, é o principal factor que condiciona a 'performance' das vendas portuguesas para o exterior. Tão pouco lhe pode ser imputada a quebra do investimento, apesar do impacto negativo que algumas alterações fiscais terão tido na atractividade do País aos olhos dos investidores estrangeiros.

    A boa notícia é que, a fazer fé no que tem sido dito ao mais alto nível, o Governo está consciente que não vamos lá sem investimento e sem uma retoma sustentada das exportações. A má notícia é que, década e meia após a entrada no euro, continuamos em busca de uma estratégia eficaz para reforçar a competitividade da economia portuguesa. Pelo contrário, estamos a perder competitividade. Além disso, como demonstra a dependência excessiva face a Angola, as nossas empresas continuam a não diversificar suficientemente os seus mercados externos e o nosso quadro fiscal ainda não é suficientemente estável, previsível e amigo do investidor. Se o Governo e os partidos que o apoiam querem devolver rendimentos aos portugueses, terão de encontrar respostas para estes desafios. Sejamos, pois, optimistas, porque tristezas não pagam dívidas. Mas sejamos conscientes.

    00:05 h
    Filipe Alves, Director Interino
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