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Da obsolescência
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Da obsolescência
Diz-se que algo se torna obsoleto quando perde a sua utilidade. Em termos económicos, e com especial evidência nos produtos tecnológicos, a obsolescência caracteriza-se pela redução da vida útil dum determinado bem ou produto, provocada pelo desenvolvimento de um modelo mais evoluído e “moderno”.
Considera-se que a obsolescência se pode revestir de uma destas três formas: programada, perceptiva ou funcional.
Fala-se de Obsolescência Programada (ou Planeada) quando os fabricantes, de forma deliberada, programam os seus produtos para deixar de funcionar ao fim de determinado período de tempo, obrigando os consumidores a adquirir um novo modelo. Ao predeterminar o tempo de vida útil dum bem, como um electrodoméstico, um computador ou um smartphone, estão a garantir a continuidade das vendas, aproveitando para também programar o lançamento de novos produtos.
Os outros dois tipos de obsolescência ocorrem quando o fabricante lança uma nova versão mais atraente dum produto e o consumidor é induzido a adquiri-la, mesmo quando o versão anterior se mantém operacional (perceptiva), ou quando um produto se torna inútil porque foi desenvolvido outro mais prático, evoluído, ou até mais barato (funcional).
O conceito surgiu nos E.U.A. em 1924, quando a General Motors tentou contrariar a estagnação nas vendas de automóveis, alterando algumas características dos veículos a cada novo ano.
Anos mais tarde, em plena “Grande Depressão”, um industrial imortalizou a expressão de que “um produto que não se desgasta é uma tragédia para os negócios”.
É esta regra implícita da indústria que impede uma máquina de lavar, por exemplo, de funcionar perfeitamente durante décadas, como acontecia com alguns dos primeiros modelos, que prometiam uma impressionante longevidade de 70 anos. Actualmente o tempo médio de vida útil deste electrodoméstico não ultrapassa os 10 anos.
Quando se fala neste tema é inevitável referir o caso de Benito Muros. Este espanhol tomou a decisão de combater esta prática após visitar um quartel de bombeiros na Califórnia, famoso por manter uma lâmpada permanentemente acesa há mais de cem anos. Para demonstrar que a obsolescência programada não é uma inevitabilidade, Muros fundou a OEP Electrics, através da qual desenvolveu e patenteou uma lâmpada fluorescente que alegadamente funciona de forma ininterrupta até 219.000 horas (25 anos). Além disso, gasta 70% menos energia do que as lâmpadas fluorescentes tradicionais, e pode ser reparada em caso de avaria. Em simultâneo, Muros criou uma fundação que promove esta filosofia sustentável e pressiona os governos a tomar medidas contra aquela prática. Já recusou propostas de milhões de euros para desistir do negócio, a patente quase foi roubada e até recebeu ameaças de morte, mas não desiste.
Este interessante tema aparentemente nada tem a ver com isso, mas é curioso como há partidos políticos que praticam a obsolescência programada. Estou a lembrar-me dum caso em particular, por sinal bem próximo, no qual os anteriores CEO’s, ao longo de décadas introduziram peças e mecanismos na engrenagem, com a deliberada intenção de que a “máquina” avariasse e que o seu tempo de vida útil se reduzisse, se e quando eles quisessem.
Perante uma acentuada quebra no seu volume de negócios, por se já não sentarem na Administração da Fábrica, aguardam agora que as pecinhas se vão quebrando, que a máquina vá avariando e acusando o desgaste, para daqui a algum tempo ressurgirem como salvadores, apresentando o seu ultrapassado produto como se fosse tecnologia de ponta.
Espero que os consumidores de política não se deixem tomar por parvos, e saibam rejeitar estas velhas práticas obsoletas.
Raúl Ribeiro
Diário de Notícias da Madeira
Segunda, 13 de Junho de 2016
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