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Hiperbipolares
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Hiperbipolares
Se Portugal se sentasse no divã de um psiquiatra, ser-lhe-ia diagnosticada uma certa tendência para a bipolaridade. Oscilamos entre a euforia e a depressão, entre o louvor de um povo eleito para sempre escudado na epopeia dos Descobrimentos e o receio da incapacidade em superar os desafios e dificuldades.
Num fim de semana prolongado em que o país parou para gozar o sol, os discursos efusivos do presidente hiperativo ladeado por um primeiro-ministro hiperotimista - assim definidos por Marcelo Rebelo de Sousa - ressoaram até à exaustão e afagaram-nos o ego. Não, não somos os melhores. Temos graves desequilíbrios sociais e económicos, desafios demográficos e territoriais, problemas de organização e de produtividade. Mas tendemos a acreditar que reforçar a autoestima basta para passarmos a ser melhores do que somos.
Repetimos, em muitas das nossas organizações, as contradições e bipolaridades que nos enformam culturalmente. Não temos, no ensino, uma cultura de exigência e demoramos a ultrapassar défices nos resultados escolares comparativamente com outros parceiros europeus. Mas quando chega a época de exames, o consumo de produtos para estimular a memória e a concentração dispara, a pressão por resultados sufoca, todos os pais querem que os filhos sejam nota 20.
Temos hoje jovens cada vez mais rodeados de estímulos e em tantos aspetos a crescerem precocemente, mas ao mesmo tempo mais protegidos e com menos responsabilidades do que há duas ou três décadas. Presos entre a pressa de descobrir o mundo e a bolha protetora com que a maioria das famílias os rodeiam, muitos miúdos são levados a acreditar que a chave para enfrentar um futuro difícil está numa média acima da média.
A responsabilidade é mais dos pais do que dos filhos. Porque na ânsia de os verem bem, desenham objetivos e fasquias demasiado elevados. E se esquecem de os ensinar que nem todos nascemos para ser os melhores. Nascemos para dar o nosso melhor, em cada uma das diferentes facetas da vida. E educar para esse ser global é muito mais difícil do que educar para um 20 a matemática ou química. Aprendermos a reconhecer de que massa somos feitos, com todas as nossas limitações, não diminui em nada a exigência que devemos colocar em tudo o que fazemos. Significa apenas, nas tarefas individuais como nas coletivas, que colocamos as missões à altura das nossas capacidades. Sem nos compararmos com o companheiro do lado. Querendo superar-nos apenas a nós mesmos.
* Subdiretora
Inês Cardoso
Hoje às 00:50
Jornal de Notícias
Num fim de semana prolongado em que o país parou para gozar o sol, os discursos efusivos do presidente hiperativo ladeado por um primeiro-ministro hiperotimista - assim definidos por Marcelo Rebelo de Sousa - ressoaram até à exaustão e afagaram-nos o ego. Não, não somos os melhores. Temos graves desequilíbrios sociais e económicos, desafios demográficos e territoriais, problemas de organização e de produtividade. Mas tendemos a acreditar que reforçar a autoestima basta para passarmos a ser melhores do que somos.
Repetimos, em muitas das nossas organizações, as contradições e bipolaridades que nos enformam culturalmente. Não temos, no ensino, uma cultura de exigência e demoramos a ultrapassar défices nos resultados escolares comparativamente com outros parceiros europeus. Mas quando chega a época de exames, o consumo de produtos para estimular a memória e a concentração dispara, a pressão por resultados sufoca, todos os pais querem que os filhos sejam nota 20.
Temos hoje jovens cada vez mais rodeados de estímulos e em tantos aspetos a crescerem precocemente, mas ao mesmo tempo mais protegidos e com menos responsabilidades do que há duas ou três décadas. Presos entre a pressa de descobrir o mundo e a bolha protetora com que a maioria das famílias os rodeiam, muitos miúdos são levados a acreditar que a chave para enfrentar um futuro difícil está numa média acima da média.
A responsabilidade é mais dos pais do que dos filhos. Porque na ânsia de os verem bem, desenham objetivos e fasquias demasiado elevados. E se esquecem de os ensinar que nem todos nascemos para ser os melhores. Nascemos para dar o nosso melhor, em cada uma das diferentes facetas da vida. E educar para esse ser global é muito mais difícil do que educar para um 20 a matemática ou química. Aprendermos a reconhecer de que massa somos feitos, com todas as nossas limitações, não diminui em nada a exigência que devemos colocar em tudo o que fazemos. Significa apenas, nas tarefas individuais como nas coletivas, que colocamos as missões à altura das nossas capacidades. Sem nos compararmos com o companheiro do lado. Querendo superar-nos apenas a nós mesmos.
* Subdiretora
Inês Cardoso
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