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A economia da competência
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A economia da competência
“Portugal vai ter que apostar na implantação de uma verdadeira economia da competência”. É a opinião de Francisco Jaime Quesado, presidente da ESPAP.
Portugal vai ter que apostar muito rapidamente na implantação de uma verdadeira economia da competência. Discutir e avaliar hoje a dimensão estrutural da aposta da transformação de Portugal numa verdadeira economia da competência é de forma clara antecipar com sentido de realismo um conjunto de compromissos que teremos que ser capazes de fazer para garantir o papel do nosso país num quadro competitivo complexo mas ao mesmo tempo altamente desafiante. Uma economia da competência é um dos fatores centrais para dinamizar novas soluções estratégicas para a nossa economia e sociedade, num tempo global complexo e exigente.
Tem que se ser capaz de desde o início incutir nos jovens uma capacidade endógena de “reacção empreendedora” perante os desafios de mudança suscitados pela “sociedade em rede”; os instrumentos de modernidade protagonizados pelas TIC são essenciais para se desenvolverem mecanismos auto sustentados de adaptação permanente às diferentes solicitações que a globalização das ideias e dos negócios impõe. Esta nova dimensão da educação configura desta forma uma abordagem proactiva da sociedade abordar a sua própria evolução de sustentabilidade estratégica.
Os “centros de competência” do país (empresas, universidades, centros de I&D) têm que ser “orientados” para o valor. O seu objectivo tem que ser o de induzir de forma efectiva a criação, produção e sobretudo comercialização nos circuitos internacionais de produtos e serviços com “valor” acrescentado susceptíveis de endogeneizar “massa crítica” no país. Só assim a lição de Porter entra em ação. A “internalização” e adopção por parte dos “actores do conhecimento” de práticas sustentadas de racionalização económica, aposta na criatividade produtiva e sustentação duma “plataforma de valor” com elevados graus de permanência é decisiva.
A avaliação do estudo sobre cidades inteligentes, projeto que envolveu “redes integradas de cooperação territorial” (municípios, universidades, centros I&D, empresas, sociedade civil), são a melhor demonstração de que em 2013, apesar de todas as políticas públicas e estratégias tendo em vista a modernização do território português, o país teima em não conseguir assumir uma dinâmica de “salto em frente” para o futuro tendo por base os fatores dinâmicos da inovação e competitividade. Precisamos por isso de apostar em cidades e regiões inteligentes.
Numa Europa das cidades e regiões, onde a aposta na inovação e conhecimento se configura como a grande plataforma de aumento da competitividade à escala global, os números sobre a coesão territorial e social traduzem uma evolução completamente distinta do paradigma desejado. A excessiva concentração de ativos empresariais e de talentos nas grandes metrópoles, como é o caso da Grande Lisboa, uma aterradora desertificação das zonas mais interiores, na maioria dos casos divergentes nos indicadores acumulados de capital social básico, suscitam muitas questões quanto à verdadeira dimensão estruturante de muitas das apostas feitas em matéria de investimentos destinados a corrigir esta “dualidade” de desenvolvimento do país ao longo dos últimos anos.
Apesar da relativa reduzida dimensão do país, não restam dúvidas de que a aposta numa política integrada e sistemática de cidades médias, tendo por base o paradigma da inovação e do conhecimento, com conciliação operativa entre a fixação de estruturas empresariais criadoras de riqueza e talentos humanos indutores de criatividade, é o único caminho possível para controlar este fenómeno da “metropolização” da capital que parece não ter fim. O papel das universidades e institutos politécnicos que nos últimos 20 anos foram responsáveis pela animação de uma importante parte das cidades do interior, com o aumento da população permanente e a aposta em novos fatores de afirmação local, está esgotado.
Desta forma, o compromisso entre aposta, através da ciência, inovação e tecnologia, em competitividade estruturante na criação de valor empresarial, e atenção especial à coesão social, do ponto de vista de equidade e justiça, é o grande desafio a não perder. A sociedade do conhecimento tem nesta matéria um papel muito especial a desempenhar e numa época onde se assiste à crescente “metropolização” do país em torno do Porto e Lisboa, a aposta em projetos de coesão territorial como as “cidades e regiões inteligentes” pode fazer a diferença, com o papel de diferença de aposta na qualidade de vida e crescimento económico.
Por Francisco Jaime Quesado,
Presidente da ESPAP – Entidade de Serviços Partilhados da Administração Pública
Publicado em: 14/06/2016 - 12:00:12
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