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Esperem sentados
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Esperem sentados
Tem sido, para lá de qualquer dúvida, um primeiro-ministro muito competente a destruir. Falta saber que rasto deixará atrás de si no país
Talvez seja dos ares de Paris. Mas cada vez mais me convenço que António Costa faz da política uma espécie de Disneylândia onde os partidos brincam sem responsabilidades ou medição das consequências dos seus atos. Com um paternalismo quase humorístico, Costa disse a partir da capital francesa que são possíveis “consensos alargados” para nos “concentrarmos nos desafios do futuro.” Só que, para que tal seja uma realidade, “é preciso dar tempo ao PSD.” Já não é a primeira vez que António Costa se dedica a medir o inconsciente do PSD. Temos um primeiro-ministro com propensão para a psicanálise de pacotilha. Este é mais um exemplo da clássica manhosice do primeiro-ministro: mostra-se angelicalmente disponível para o compromisso ao mesmo tempo que dinamita a ponte para o lado oposto. Não vale a pena alimentar ilusões: Costa não quis, não quer e não quererá nenhum compromisso com o PSD sobre áreas cruciais da governação. As razões são simples. Primeiro, a oposição a Pedro Passos Coelho, ao seu governo e a tudo o que ele representa, ainda é o cimento da coligação. Segundo, Costa lidera um governo que tem o seu suporte de vida numa sensível trilogia de esquerdas. Costa lidera um executivo que não existe para governar, governa para existir. Terceiro, o passado mostra que Costa está-se marimbando para acordos de regime. Como secretário-geral do PS, em campanha para as legislativas, prometeu chumbar tudo o que viesse do PSD e do CDS (incluindo Orçamentos do Estado). Conhecidos os resultados, foi tão sério a negociar os acordos de governação que dançou em todos os tabuleiros ao mesmo tempo. Como primeiro-ministro, rasgou a reforma do IRS, chutou para canto a reforma da lei eleitoral e inviabilizou qualquer discussão sobre a reforma da Segurança Social. Quarto, Costa é um tático e tudo o que ultrapasse a sua sobrevivência política não lhe causa grandes preocupações. Nessa medida, um acordo com o PSD só lhe seria útil se, a dado momento, isso lhe safasse a cabeça do cepo. Resumindo: Costa derrubou o muro à esquerda, implodiu a ponte ao centro e matou o arco da governação. Tem sido, para lá de qualquer dúvida, um primeiro-ministro muito competente a destruir. Falta saber que rasto deixará atrás de si no país.
Os números que vão retratando a realidade do país não são animadores. Durante o primeiro trimestre do ano, Portugal foi um dos países europeus com pior comportamento na evolução do mercado de trabalho. Ao contrário da Europa, Portugal não só deixou de criar emprego como está a destruir emprego. Nas finanças públicas, os juros da dívida agravam-se e a dívida pública voltou a engordar. O défice duplicou no mês de Abril para 3.3%. Com o PS, o desgoverno está de volta às contas públicas. Quanto à economia, o PIB avança poucochinho, as exportações travam a fundo, o investimento retrai-se pela primeira vez desde 2013, o indicador da atividade económica está em queda livre há cinco meses, o país perde posições no ranking da competitividade, os consumidores não têm confiança e o consumo não arranca… As vacas voam, a austeridade acaba por decreto e assim nos (des)governa o PS.
Brexit, refugiados, qualquer coisa servirá para que Costa justifique a incompetência cá de dentro com os infortúnios lá de fora. Seis meses de governo das esquerdas, com grande ascendente do BE e da CGTP nas esferas de decisão, deixaram-nos mais longe da Europa. Com Costa ao leme, o país travou a convergência económica e acelerou a divergência política. O bom aluno deu lugar ao aluno rufia. A bravata feita política europeia em Bruxelas. Portugal está hoje mais próximo da Grécia do que da Irlanda.
E o PS onde está no concerto das esquerdas europeias? Há um ano desenvencilhou-se do partido irmão PASOK para cavalgar a onda do Syriza. É em Espanha que mora a última “janela de esperança” dos socialistas. Caso as sondagens se confirmem, o PSOE cairá para terceira força política atrás do Podemos. Que ninguém se espante se vir Costa a apertar a mão ao tipo de rabo-de-cavalo com a mesma cara que garante não saber quem é Pedro Sánchez.
Nunca, como hoje, Portugal teve dois modelos tão diametralmente em confronto que tornam qualquer entendimento mais difícil.
Costa quer mesmo compromissos? Não quer. Mesmo que quisesse, nunca peçam ao PSD que se comprometa com a desgraça do país.
15/06/2016
Carlos Carreiras
opiniao@newsplex.pt
Jornal i
Talvez seja dos ares de Paris. Mas cada vez mais me convenço que António Costa faz da política uma espécie de Disneylândia onde os partidos brincam sem responsabilidades ou medição das consequências dos seus atos. Com um paternalismo quase humorístico, Costa disse a partir da capital francesa que são possíveis “consensos alargados” para nos “concentrarmos nos desafios do futuro.” Só que, para que tal seja uma realidade, “é preciso dar tempo ao PSD.” Já não é a primeira vez que António Costa se dedica a medir o inconsciente do PSD. Temos um primeiro-ministro com propensão para a psicanálise de pacotilha. Este é mais um exemplo da clássica manhosice do primeiro-ministro: mostra-se angelicalmente disponível para o compromisso ao mesmo tempo que dinamita a ponte para o lado oposto. Não vale a pena alimentar ilusões: Costa não quis, não quer e não quererá nenhum compromisso com o PSD sobre áreas cruciais da governação. As razões são simples. Primeiro, a oposição a Pedro Passos Coelho, ao seu governo e a tudo o que ele representa, ainda é o cimento da coligação. Segundo, Costa lidera um governo que tem o seu suporte de vida numa sensível trilogia de esquerdas. Costa lidera um executivo que não existe para governar, governa para existir. Terceiro, o passado mostra que Costa está-se marimbando para acordos de regime. Como secretário-geral do PS, em campanha para as legislativas, prometeu chumbar tudo o que viesse do PSD e do CDS (incluindo Orçamentos do Estado). Conhecidos os resultados, foi tão sério a negociar os acordos de governação que dançou em todos os tabuleiros ao mesmo tempo. Como primeiro-ministro, rasgou a reforma do IRS, chutou para canto a reforma da lei eleitoral e inviabilizou qualquer discussão sobre a reforma da Segurança Social. Quarto, Costa é um tático e tudo o que ultrapasse a sua sobrevivência política não lhe causa grandes preocupações. Nessa medida, um acordo com o PSD só lhe seria útil se, a dado momento, isso lhe safasse a cabeça do cepo. Resumindo: Costa derrubou o muro à esquerda, implodiu a ponte ao centro e matou o arco da governação. Tem sido, para lá de qualquer dúvida, um primeiro-ministro muito competente a destruir. Falta saber que rasto deixará atrás de si no país.
Os números que vão retratando a realidade do país não são animadores. Durante o primeiro trimestre do ano, Portugal foi um dos países europeus com pior comportamento na evolução do mercado de trabalho. Ao contrário da Europa, Portugal não só deixou de criar emprego como está a destruir emprego. Nas finanças públicas, os juros da dívida agravam-se e a dívida pública voltou a engordar. O défice duplicou no mês de Abril para 3.3%. Com o PS, o desgoverno está de volta às contas públicas. Quanto à economia, o PIB avança poucochinho, as exportações travam a fundo, o investimento retrai-se pela primeira vez desde 2013, o indicador da atividade económica está em queda livre há cinco meses, o país perde posições no ranking da competitividade, os consumidores não têm confiança e o consumo não arranca… As vacas voam, a austeridade acaba por decreto e assim nos (des)governa o PS.
Brexit, refugiados, qualquer coisa servirá para que Costa justifique a incompetência cá de dentro com os infortúnios lá de fora. Seis meses de governo das esquerdas, com grande ascendente do BE e da CGTP nas esferas de decisão, deixaram-nos mais longe da Europa. Com Costa ao leme, o país travou a convergência económica e acelerou a divergência política. O bom aluno deu lugar ao aluno rufia. A bravata feita política europeia em Bruxelas. Portugal está hoje mais próximo da Grécia do que da Irlanda.
E o PS onde está no concerto das esquerdas europeias? Há um ano desenvencilhou-se do partido irmão PASOK para cavalgar a onda do Syriza. É em Espanha que mora a última “janela de esperança” dos socialistas. Caso as sondagens se confirmem, o PSOE cairá para terceira força política atrás do Podemos. Que ninguém se espante se vir Costa a apertar a mão ao tipo de rabo-de-cavalo com a mesma cara que garante não saber quem é Pedro Sánchez.
Nunca, como hoje, Portugal teve dois modelos tão diametralmente em confronto que tornam qualquer entendimento mais difícil.
Costa quer mesmo compromissos? Não quer. Mesmo que quisesse, nunca peçam ao PSD que se comprometa com a desgraça do país.
15/06/2016
Carlos Carreiras
opiniao@newsplex.pt
Jornal i
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