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Europeísta ou socialista? Atlantista!
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Europeísta ou socialista? Atlantista!
"Socialista!" Contrapõe João Galamba à ênfase europeísta do discurso de Francisco Assis no último Congresso Nacional do PS. Em causa o elencar de diferenças, segundo Assis, insanáveis, entre o património europeísta do Partido Socialista e os outros partidos que apoiam o atual governo, Bloco de Esquerda e PCP.
De facto, o PS não só está na génese da adesão de Portugal ao projeto europeu, como foi sempre um dos partidos que mais apoiou uma Europa cada vez mais integrada. Um facto é também o crónico euroceticismo tanto do Bloco de Esquerda como do PCP, ainda que, hoje em dia, num tom mais afagado pelo abraço parlamentar ao PS. Francisco Assis tem toda a razão. Mas João Galamba também não deixa de a ter quando recorda os princípios sociais-democratas do PS, dos quais esta recente Europa neoliberal se distancia cada vez mais. Tudo cheio de razão. Pena é que a disputa do espaço partidário reduza Portugal apenas ao espaço europeu.
Portugal é muito mais que integração europeia e socialismo democrático. A geografia e a história conferem a Portugal uma grandeza global. Enquanto geocêntrico, o país não se pode resignar à periferia europeia, mas antes valorizar a sua posição no Mundo. Uma nação com quase mil anos de história, com uma república centenária e uma revolução "de cravos" com mais de 40 anos, não tem que dar provas de social-democracia. Portugal é parte efetiva da construção do socialismo democrático no Mundo.
Ainda assim, europeísmo e socialismo mostram ser centrais ao debate partidário. A imagem da Europa, ora como bode expiatório do retrocesso nacional ora como vaca leiteira essencial ao crescimento económico do país, metaforiza uma fauna esquizofrénica que já não deveria ter lugar na disputa ideológica intra e inter partidária. Falta saber se a insistência nestas figuras acontece para suprir a insuficiente reflexão político-programática ou a mera incapacidade de realização dos partidos.
A raiz europeísta e socialista do PS é importante. Sem dúvida alguma. Todavia não pode condicionar Portugal ao Mundo. Os portugueses são um povo milenar, multicultural e com presença global. Antes de tudo o mais, Portugal é atlantista. E é esta imensidão atlântica que parece não caber nos curtos limites do espaço partidário. Os portugueses merecem muito mais.
*INVESTIGADOR NA UNIV. DE UPPSALA (SUÉCIA)
FRANCISCO FIGUEIRA DE LEMOS*
Hoje às 00:01
Jornal de Notícias
De facto, o PS não só está na génese da adesão de Portugal ao projeto europeu, como foi sempre um dos partidos que mais apoiou uma Europa cada vez mais integrada. Um facto é também o crónico euroceticismo tanto do Bloco de Esquerda como do PCP, ainda que, hoje em dia, num tom mais afagado pelo abraço parlamentar ao PS. Francisco Assis tem toda a razão. Mas João Galamba também não deixa de a ter quando recorda os princípios sociais-democratas do PS, dos quais esta recente Europa neoliberal se distancia cada vez mais. Tudo cheio de razão. Pena é que a disputa do espaço partidário reduza Portugal apenas ao espaço europeu.
Portugal é muito mais que integração europeia e socialismo democrático. A geografia e a história conferem a Portugal uma grandeza global. Enquanto geocêntrico, o país não se pode resignar à periferia europeia, mas antes valorizar a sua posição no Mundo. Uma nação com quase mil anos de história, com uma república centenária e uma revolução "de cravos" com mais de 40 anos, não tem que dar provas de social-democracia. Portugal é parte efetiva da construção do socialismo democrático no Mundo.
Ainda assim, europeísmo e socialismo mostram ser centrais ao debate partidário. A imagem da Europa, ora como bode expiatório do retrocesso nacional ora como vaca leiteira essencial ao crescimento económico do país, metaforiza uma fauna esquizofrénica que já não deveria ter lugar na disputa ideológica intra e inter partidária. Falta saber se a insistência nestas figuras acontece para suprir a insuficiente reflexão político-programática ou a mera incapacidade de realização dos partidos.
A raiz europeísta e socialista do PS é importante. Sem dúvida alguma. Todavia não pode condicionar Portugal ao Mundo. Os portugueses são um povo milenar, multicultural e com presença global. Antes de tudo o mais, Portugal é atlantista. E é esta imensidão atlântica que parece não caber nos curtos limites do espaço partidário. Os portugueses merecem muito mais.
*INVESTIGADOR NA UNIV. DE UPPSALA (SUÉCIA)
FRANCISCO FIGUEIRA DE LEMOS*
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