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Titanic
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Titanic
É verdade: as previsões são só previsões. Mas os indicadores, observados e registados por instituições internacionais, não podem ser "só indicadores": eles são a medida - a única medida - da evolução da realidade.
É conhecida a história da orquestra que actuava a bordo do navio Titanic e que nunca parou de tocar durante o tempo que demorou o afundamento – cuja componente tributária da mitologia não é conhecida e é provavelmente irrelevante. Trata-se, em qualquer caso, de uma história interessante, cujo negrume se foi esbatendo com os mais de cem anos entretanto decorridos, deixando penetrar alguma cor no seu desenho e que é hoje contada com humor e até alguma bonomia.
Os factos bem assentes relativamente ao desastre em questão, esses não são menos interessantes. Vejamos alguns: o navio tinha capacidade para levar 64 botes salva-vidas e levava apenas 20; recebeu seis alertas de icebergs antes da colisão; demorou 160 minutos a afundar-se completamente após o impacto; a temperatura da água era de 2 graus negativos; 31,6% é a percentagem de passageiros e tripulantes que sobreviveu; 53,4% é a percentagem que teria sobrevivido se a capacidade dos botes salva-vidas tivesse sido aproveitada ao máximo.
O ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, afirmou na semana passada que (citação livre) recusa viver num estado de pessimismo e que não alinhará numa perspectiva derrotista nem catastrofista de quem prevê números de evolução de indicadores económicos sucessivamente revistos em baixa. Referia-se, suponho, aos últimos dados provenientes do Banco de Portugal e da OCDE, que confirmam um abrandamento da economia durante seis meses consecutivos e que, portanto, reviram em baixa as perspectivas de crescimento para Portugal.
O Governo da República é, de resto, a única instituição que continua a estimar um crescimento do PIB para 2016 de 1,8%. Acresce a isto o aumento recente da taxa de desemprego, um aumento do défice da balança comercial – as exportações caíram mais do que as importações – e o facto de o défice orçamental praticamente ter duplicado no mês de Abril, resultado de um crescimento da receita (0,5%) inferior ao da despesa (0,7%). É a própria UTAO que estima que o défice tenha atingido os 3,3% do PIB no primeiro trimestre deste ano em contas nacionais, considerando que essa previsão “coloca desafios” ao Governo para o resto do ano.
É verdade: as previsões são só previsões. Mas os indicadores, observados e registados por instituições internacionais, não podem ser "só indicadores": eles são a medida – a única medida – da evolução da realidade, pelo que não assiste, a meu ver, a nenhum Governo o direito de, sem os contrariar, desvalorizar ou fingir que pura e simplesmente não existem.
A António Costa, que empunhará seguramente a batuta, e a Manuel Caldeira Cabral, que imagino sentado melancolicamente ao piano, dou conhecimento – pressupondo, talvez erradamente, que o ignoram – de um outro facto respeitante ao Titanic: a última música que a orquestra tocou na noite fatídica, e que devem começar a ensaiar desde já, chamava-se "Nearer, My God, to Thee".
00:05 h
Luís Reis, Professor Universitário
Económico
É conhecida a história da orquestra que actuava a bordo do navio Titanic e que nunca parou de tocar durante o tempo que demorou o afundamento – cuja componente tributária da mitologia não é conhecida e é provavelmente irrelevante. Trata-se, em qualquer caso, de uma história interessante, cujo negrume se foi esbatendo com os mais de cem anos entretanto decorridos, deixando penetrar alguma cor no seu desenho e que é hoje contada com humor e até alguma bonomia.
Os factos bem assentes relativamente ao desastre em questão, esses não são menos interessantes. Vejamos alguns: o navio tinha capacidade para levar 64 botes salva-vidas e levava apenas 20; recebeu seis alertas de icebergs antes da colisão; demorou 160 minutos a afundar-se completamente após o impacto; a temperatura da água era de 2 graus negativos; 31,6% é a percentagem de passageiros e tripulantes que sobreviveu; 53,4% é a percentagem que teria sobrevivido se a capacidade dos botes salva-vidas tivesse sido aproveitada ao máximo.
O ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, afirmou na semana passada que (citação livre) recusa viver num estado de pessimismo e que não alinhará numa perspectiva derrotista nem catastrofista de quem prevê números de evolução de indicadores económicos sucessivamente revistos em baixa. Referia-se, suponho, aos últimos dados provenientes do Banco de Portugal e da OCDE, que confirmam um abrandamento da economia durante seis meses consecutivos e que, portanto, reviram em baixa as perspectivas de crescimento para Portugal.
O Governo da República é, de resto, a única instituição que continua a estimar um crescimento do PIB para 2016 de 1,8%. Acresce a isto o aumento recente da taxa de desemprego, um aumento do défice da balança comercial – as exportações caíram mais do que as importações – e o facto de o défice orçamental praticamente ter duplicado no mês de Abril, resultado de um crescimento da receita (0,5%) inferior ao da despesa (0,7%). É a própria UTAO que estima que o défice tenha atingido os 3,3% do PIB no primeiro trimestre deste ano em contas nacionais, considerando que essa previsão “coloca desafios” ao Governo para o resto do ano.
É verdade: as previsões são só previsões. Mas os indicadores, observados e registados por instituições internacionais, não podem ser "só indicadores": eles são a medida – a única medida – da evolução da realidade, pelo que não assiste, a meu ver, a nenhum Governo o direito de, sem os contrariar, desvalorizar ou fingir que pura e simplesmente não existem.
A António Costa, que empunhará seguramente a batuta, e a Manuel Caldeira Cabral, que imagino sentado melancolicamente ao piano, dou conhecimento – pressupondo, talvez erradamente, que o ignoram – de um outro facto respeitante ao Titanic: a última música que a orquestra tocou na noite fatídica, e que devem começar a ensaiar desde já, chamava-se "Nearer, My God, to Thee".
00:05 h
Luís Reis, Professor Universitário
Económico
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