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O Barreiro é Futuro
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O Barreiro é Futuro
O Barreiro deve ter um papel relevante no contexto da Área Metropolitana de Lisboa, como polo de desenvolvimento económico, social e cultural. Esta relevância será potenciada se o concelho for dotado de melhores acessibilidades internas e externas, que permitam uma ótima mobilidade a toda a população.
O Barreiro é um território de aspeto retangular e pode definir-se como uma península ancorada na grande península de Setúbal, a sul do estuário do rio Tejo. Pela sua localização geográfica o Barreiro é uma ponte terrestre de ligação entre os portos de Lisboa e de Setúbal.
O mar tem sido o meio de crescimento do Barreiro. Há mais de dois mil anos que o Homem ocupa a península do Barreiro, dando utensilagem ao Barreiro na transição entre o norte e sul do rio Tejo. Já os Romanos utilizavam o Barreiro como meio de transição fluvial vs terrestre, a sudoeste da península do Barreiro, no Porto da Romagem. Os Romanos fundaram este porto como ponto de partida da principal via terrestre romana a Sul do Tejo, que ia para lá de Mérida e seguindo até Roma. O Porto da Romagem tornou-se um porto geoestratégico importante, nomeadamente, militar, logístico e económico.
Os árabes quando dominaram territorialmente a Península Ibérica também se serviram do Barreiro como forma de passagem dentro da península, mas também construíram uma grande quantidade de moinhos de maré, com a finalidade de proceder à moagem de cereais.
Portugal desde a sua fundação, que tem vindo a ver no território do Barreiro uma forma de expansão para sul. Primeiro no reinado de D. Afonso Henriques, como meio para abastecer as populações conquistadas a sul do Tejo.
Já no reinado de D. Afonso IV foi construído no Barreiro, em Vale de Zebro, os fornos de biscoitos, que constituíram um complexo industrial de grande expressão à época. Estes fornos tiveram grande importância até ao século XVII, pois abasteciam a armada portuguesa.
O Barreiro que dois mil anos depois da sua utilização sistemática, se viu renascer com a linha-férrea que ligaria o Barreiro a Setúbal, ao Alentejo e o Algarve a partir do século XIX. Esta via permitiu que o Barreiro se tornasse um ponto de passagem entre a capital e o sul do país, no caminho do desenvolvimento e da industrialização.
O comboio foi e é sinal de desenvolvimento. Com o novo meio de transporte desenvolvem-se a indústria corticeira e indústria mineraleira no Barreiro. A cortiça vinha de todo o Alentejo pela via ferroviária e era transformada no Barreiro, num sem número de empresas. Ao Barreiro chegava minério, que seguia por via marítima.
Finalmente chega em 1907 a indústria química, com o grupo C.U.F. a comprar terrenos e a instalar-se no Barreiro. Estas instalações situam-se a nordeste do concelho do Barreiro e confinam com a linha do caminho-de-ferro do Barreiro. Ao instalar-se neste território a C.U.F. ficou posicionada para receber matérias-primas e escoar produtos transformados por via marítima e por via-férrea.
Nos anos setenta e oitenta do século passado começa a desarticulação da indústria química no Barreiro, com o quase desaparecimento da maior fonte de riqueza do Barreiro, a mão-de-obra dos seus trabalhadores, que partiram à procura de melhores condições de vida.
Depois veio o inevitável, a diminuição da atração do concelho do Barreiro, a diminuição do número de habitantes, a diminuição drástica da capacidade de criar riqueza e a transformação do concelho num dormitório periférico da cidade de Lisboa e num Concelho eminentemente de serviços.
O Barreiro encontra-se hoje numa encruzilhada, entre transformar-se definitivamente num dormitório de Lisboa, ou voltar a ser um polo de desenvolvimento e progresso, tirando partido da sua posição geoestratégica, como criador de riqueza para Portugal.
É necessário planear o futuro e contrariar o determinismo que o Barreiro está condenado a ser uma cidade periférica, que serve de dormitório e de prestador ocasional de serviços.
O determinismo geográfico do Barreiro tem sido determinante para o desenvolvimento do país, encontrando-se sedento de políticas nacionais tendentes ao crescimento.
Face ao momento presente, apresenta-se uma proposta de análise SWOT para o Barreiro.
Pontos Fortes
Posição geoestratégica do Barreiro.
Península do Barreiro ser a ligação terrestre entre o porto de Lisboa e o Porto de Setúbal.
Ampla frente ribeirinha (14 km).
Ser banhado pelo rio Tejo e pelo rio Coina.
Existência de portos marítimos de qualidade.
Concelho com História bastante rica.
Grande parque empresarial e industrial com cerca de trezentos hectares.
Terminal rodo-ferro-fluvial.
Forte densidade populacional.
Saber fazer dos Barreirenses.
Pontos Fracos
Fraco dinamismo.
Pouco atrativo.
Decréscimo da população desde 1981.
Envelhecimento da população.
Elevada taxa de desemprego.
Escassez de emprego.
Ser um concelho eminentemente de serviços.
Tecido industrial envelhecido.
Ser dormitório de Lisboa.
Problemas ambientais provocado pela industrialização.
Oportunidades
Aproveitamento do determinismo geográfico do Barreiro.
Desenvolvimento industrial ligado às tecnologias de ponta.
Desenvolvimento do polo ferroviário do Barreiro.
Desenvolvimento da plataforma multi-modal.
Desenvolvimento sustentável da atratividade da Mata da Machada.
Desenvolvimento de atividades lúdicas, desportivas e economicamente sustentáveis ligadas aos Rios Tejo e Coina.
Ameaças
Falta de investimento público nacional em projetos estruturantes, nomeadamente Terceira Travessia sobre o Tejo, polo ferroviário, plataforma multi-modal do Barreiro, ligação rodoviária Barreiro – Seixal.
Atratividade de Concelhos limítrofes.
Face à análise feita, ao posicionamento geoestratégico do Barreiro e ao momento atual, faz-se um conjunto de propostas:
- Definição de eixos de desenvolvimento, que tenham em conta o território da Baía do Tejo no Barreiro (plataforma multi-modal do Barreiro), o polo ferroviário, as acessibilidades (existentes e necessárias), a mobilidade e o ambiente (enfoque para a Mata da Machada e Sapal do Coina);
- Produção de medidas potenciadoras de um desenvolvimento sustentável;
- Criação de condições de atração para o território;
- Manter e evoluir nas condições de participação das populações nas decisões estratégicas para o Barreiro;
- Requalificação do espaço urbano, nas áreas de reabilitação urbana, bem como na manutenção das condições existentes em áreas urbanas novas, ou já requalificadas;
- Compatibilização do espaço urbano com a estrutura etária da população;
- Melhorar o ambiente com a resolução dos passivos ambientais existentes;
- Promoção dos Rios Tejo e Coina.
Propostas para o Futuro
O Barreiro encontra-se hoje mais uma vez no caminho do progresso. Após a estagnação, que levaram à contínua desarticulação do tecido industrial, que implicou a transformação do Barreiro num concelho de serviços e dormitório da cidade de Lisboa, podemos hoje acreditar que o Barreiro vai crescer.
Para que seja possível este crescimento é necessário que o concelho seja dotado de propostas capazes de realizar este empreendimento.
Desenvolvimento Económico
O Barreiro necessita de uma estratégia assente em emprego e desenvolvimento sustentável, a partir do território da Baia do Tejo e do Pólo Ferroviário do Barreiro. Esta estratégia deve ainda passar pelo conhecimento do tecido económico Barreirense, caracterizando-o e promovendo as suas potencialidades.
O território da Baía do Tejo é um espaço único na Área Metropolitana de Lisboa, dotado de infraestruturas, com tradição e cultura de produção em tecnologia de ponta, enraizado na evolução do Barreiro e da sua população, apresentando um potencial de aproveitamento e de índices de qualidade de fixação de empresas que se traduzem em mais-valias para o concelho.
Pela importância do território da Baia do Tejo, entende-se definir as seguintes propostas para a sua reabilitação:
- Modernização da indústria existente, criando condições de sustentabilidade e de salvaguarda do meio ambiente, promovendo indústrias de mão de obra valorizada e de componente produtiva ecologicamente sustentada.
- Atração de novos investimentos em áreas ligadas às tecnologias de ponta;
- Concretização da plataforma multi-modal do Barreiro;
- Diversificação da atividade industrial;
- Criação de zonas de serviços de qualidade;
- Encarar o território da Baía do Tejo de forma integrada e não como um conjunto de peças desconexas;
- Criação de equipamentos que sirvam toda a população no território;
- Fecho da malha urbana;
- Concretizar a integração entre o espaço, o desenvolvimento e a excelência.
O Pólo ferroviário do Barreiro tem hoje uma situação preocupante, com uma drástica diminuição de trabalhadores, por força da substituição do material a diesel, por material elétrico e nestas oficinas apenas se continuar a reparar material a diesel. É importante que o Barreiro mantenha um polo ferroviário, moderno, respondendo às necessidades de manutenção e reparação presentes.
Associado aos transportes ferroviários é ainda necessário:
- Reintegrar o Barreiro na Rede Nacional de Comboios de médio e longo curso (Regionais, Inter Regionais e Inter Cidades);
- Assegurar a complementaridade entre os comboios e os restantes transportes.
O desenvolvimento económico do Barreiro poderá ainda passar pela concretização de:
- Captação de investimento e apoio público, pelo poder central, à implantação de empresas;
- Apoio público à fixação de empresas orientadas para a investigação científica;
- Apoio público às micro, pequenas e médias empresas;
- Promoção e divulgação do comércio local de forma integrada;
- Promoção do turismo, potenciando as vertentes históricas e culturais;
- Promoção da economia do estuário, numa lógica sustentada no desenvolvimento moderno de pesca artesanal, ecologicamente sustentada e refletindo o investimento na zona ribeirinha. Promoção de indústrias verdes ligadas à pesca e ao marisco (depuradoras e seca de pescado).
- Promoção de uma cultura ligada ao emprego com direitos, ao aumento das massas salariais, ao aprofundamento dos direitos sociais, isto é, melhor distribuição da riqueza criada.
Território, Ambiente e Qualidade de Vida
Um desenvolvimento económico, social e cultural, harmonioso e sustentável, deve ser o caminho para a melhoria contínua da qualidade de vida das populações. Associado ao bem-estar das populações devem também ser tomadas medidas de proteção da natureza e da construção de mais e melhores espaços verdes.
Neste sentido apresenta-se as seguintes propostas:
- Criação de cultura de proteção da natureza, através de programas de incentivo à sua preservação;
- Reflorestar e conservar a Mata da Machada e o Sapal de Coina;
- Proteger a floresta;
- Promover a utilização lúdica, desportiva e cultural das zonas de estuário.
Os serviços urbanos são essenciais à melhoria da qualidade de vida, pelo que se considera fundamental implementar as medidas que se descrevem:
- Manutenção da excelência da rede de abastecimento de água;
- Aumento da rede separativa de redes de esgotos e águas pluviais;
- Manutenção do serviço de excelência dos Transportes Coletivos do Barreiro;
- Manutenção do espaço público cuidada e permanentemente, nas vertentes de higiene urbana, jardins, calcetamento, sinalização de trânsito (vertical e horizontal), toponímia, papeleiras, asfaltamento, entre outros;
A Gestão do Território deverá ainda contemplar:
- Desenvolvimento de uma utilização otimizada da rede de equipamentos desportivos, culturais, recreativos, sociais, de ensino, de saúde e de segurança;
- Promoção de acessibilidade de todos os cidadãos a todos os locais;
- Reconversão das áreas urbanas de génese ilegal;
- Promover as Áreas de Reabilitação Urbanas:
- Continuação da qualificação e desenvolvimento das áreas ribeirinhas;
- Melhorar as acessibilidades internas e externas.
Mobilidade e Acessibilidades
O Barreiro deve ter um papel relevante no contexto da Área Metropolitana de Lisboa, como polo de desenvolvimento económico, social e cultural. Esta relevância será potenciada se o concelho for dotado de melhores acessibilidades internas e externas, que permitam uma ótima mobilidade a toda a população.
De seguida enumeram-se propostas para melhoria das acessibilidades e da mobilidade:
- A construção da terceira travessia do Tejo, que venha a ligar o Barreiro a Lisboa e nas componentes rodoviária e ferroviária (com inclusão da alta velocidade);
- Ponte rodoviária de ligação entre o Barreiro e o Seixal;
- A construção do Metro Sul do Tejo;
- Melhorar o serviço dos transportes coletivos do Barreiro, através de mais autocarros, com mais trajetos, que correspondam às necessidades das populações, com o necessário apoio do poder central.
Participação
O crescimento do Barreiro depende da concretização de muitas medidas e de muito trabalho. A participação de toda a população é o um meio de se conseguir atingir o sucesso, rumo a um Barreiro com futuro. É necessário continuar a aprofundar o trabalho de participação da população na vida do concelho.
Porque o Barreiro somos todos nós, porque o Barreiro é Futuro.
Por Carlos Moreira
Barreiro
05.07.2016 - 19:42
ROSTOS.pt
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