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Obama entre Rota e as Lajes
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Obama entre Rota e as Lajes
Tirando a viagem de mochila às costas quando tinha 26 anos, Obama visitará hoje pela primeira vez Espanha, depois de ter assistido na Polónia à cimeira da NATO. É dado como certo que o presidente americano irá a Rota, a base que os Estados Unidos usam perto de Cádis e que ganhou importância estratégica por ser o porto dos quatros navios que patrulham o Mediterrâneo com o sistema Aegis contra mísseis. Numa altura em que os Estados Unidos desinvestem em várias bases mundo fora, incluindo as Lajes, a passagem de Obama por Espanha até pode ser entendida como um favorecimento do país vizinho como aliado no âmbito da NATO, mas é ideia exagerada.
Primeiro que tudo, Portugal é um parceiro de vocação atlantista que os americanos têm como fiável. Não falta quem assegure que a base açoriana está entre as três no mundo que os Estados Unidos nunca abandonarão, dada a localização a meio do Atlântico (as outras são Diego Garcia e Guam).
Obama esteve em Portugal, na cimeira da NATO em 2010, prova das excelentes relações. E tardar tanto a ir a Espanha até poderia fazer pensar que a decisão do antigo primeiro-ministro Zapatero de retirar as tropas do Iraque alimenta ainda desconfianças, mesmo que o socialista espanhol já não esteja no poder e Bush filho se tenha reformado. Mas não. Já em 2003, quando se realizou a célebre cimeira das Lajes que decidiu a intervenção contra Saddam, o protagonismo português foi justificado para não deixar os espanhóis como únicos aliados do eixo anglo-saxónico de Bush e Blair (hoje tão criticado).
Nesta matéria, vale a pena olhar um pouco para a história: Espanha financiou com a prata de Havana o cerco a Yorktown pelos americanos revoltados contra a coroa britânica, Portugal foi o terceiro país a reconhecer a independência dos Estados Unidos. O abade Correia da Serra era, além de embaixador português, um grande amigo de Thomas Jefferson, Luis de Onis, o representante espanhol, uma figura detestada. Os Estados Unidos reconheceram o Brasil ainda antes de Portugal o fazer, a Espanha viu a América apoiar a independência das suas colónias, ficando, porém, com a Florida e cobiçando já o Texas. Os marinheiros portugueses do século XIX forneciam tripulantes à frota baleeira do Massachusetts, enquanto a insistência espanhola em manter Cuba e Porto Rico levou à guerra com os Estados Unidos. Portugal teve direito ao Plano Marshall (que Salazar recusou) e foi fundador da NATO, a Espanha só em 1986 se tornou membro da Aliança Atlântica, mesmo que desde 1953 o ditador Franco (criticado em Potsdam pelos vencedores da Segunda Guerra) tenha combinado com Washington a presença americana em Rota.
Balanços históricos à parte, Portugal e Espanha são aliados sólidos da América. Ambos de grande valor estratégico. Lajes e Rota não têm de estar em competição. Aliás, mais do que pedirem aos Estados Unidos investimento militar, tanto portugueses como espanhóis terão de olhar para próprias despesas: nenhuns cumprem os 2% do PIB que a NATO exige; e no caso dos espanhóis é menos de 1%.
Obama pode estar satisfeito de regressar a Espanha, encantado com a filha ir estudar um ano em Sevilha e Michelle dar-se bem com Letizia, mas os Estados Unidos continuarão a precisar de Portugal... e da Espanha. E Lisboa e Madrid têm interesse em explicar não ser só o flanco leste que interessa à NATO, mas também o sul.
09 DE JULHO DE 2016
00:01
Leonídio Paulo Ferreira
Diário de Notícias
Primeiro que tudo, Portugal é um parceiro de vocação atlantista que os americanos têm como fiável. Não falta quem assegure que a base açoriana está entre as três no mundo que os Estados Unidos nunca abandonarão, dada a localização a meio do Atlântico (as outras são Diego Garcia e Guam).
Obama esteve em Portugal, na cimeira da NATO em 2010, prova das excelentes relações. E tardar tanto a ir a Espanha até poderia fazer pensar que a decisão do antigo primeiro-ministro Zapatero de retirar as tropas do Iraque alimenta ainda desconfianças, mesmo que o socialista espanhol já não esteja no poder e Bush filho se tenha reformado. Mas não. Já em 2003, quando se realizou a célebre cimeira das Lajes que decidiu a intervenção contra Saddam, o protagonismo português foi justificado para não deixar os espanhóis como únicos aliados do eixo anglo-saxónico de Bush e Blair (hoje tão criticado).
Nesta matéria, vale a pena olhar um pouco para a história: Espanha financiou com a prata de Havana o cerco a Yorktown pelos americanos revoltados contra a coroa britânica, Portugal foi o terceiro país a reconhecer a independência dos Estados Unidos. O abade Correia da Serra era, além de embaixador português, um grande amigo de Thomas Jefferson, Luis de Onis, o representante espanhol, uma figura detestada. Os Estados Unidos reconheceram o Brasil ainda antes de Portugal o fazer, a Espanha viu a América apoiar a independência das suas colónias, ficando, porém, com a Florida e cobiçando já o Texas. Os marinheiros portugueses do século XIX forneciam tripulantes à frota baleeira do Massachusetts, enquanto a insistência espanhola em manter Cuba e Porto Rico levou à guerra com os Estados Unidos. Portugal teve direito ao Plano Marshall (que Salazar recusou) e foi fundador da NATO, a Espanha só em 1986 se tornou membro da Aliança Atlântica, mesmo que desde 1953 o ditador Franco (criticado em Potsdam pelos vencedores da Segunda Guerra) tenha combinado com Washington a presença americana em Rota.
Balanços históricos à parte, Portugal e Espanha são aliados sólidos da América. Ambos de grande valor estratégico. Lajes e Rota não têm de estar em competição. Aliás, mais do que pedirem aos Estados Unidos investimento militar, tanto portugueses como espanhóis terão de olhar para próprias despesas: nenhuns cumprem os 2% do PIB que a NATO exige; e no caso dos espanhóis é menos de 1%.
Obama pode estar satisfeito de regressar a Espanha, encantado com a filha ir estudar um ano em Sevilha e Michelle dar-se bem com Letizia, mas os Estados Unidos continuarão a precisar de Portugal... e da Espanha. E Lisboa e Madrid têm interesse em explicar não ser só o flanco leste que interessa à NATO, mas também o sul.
09 DE JULHO DE 2016
00:01
Leonídio Paulo Ferreira
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