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O rabo e a seringa
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O rabo e a seringa
É claro que os partidos não querem sanções, ninguém quer sanções. Mas fugir com o rabo à seringa não chega – o jogo do empurra é isso mesmo: um jogo. É inútil, é improdutivo, é errado e tem um custo de oportunidade elevado.
É a total contragosto que participo no debate, já com contornos histriónicos, em torno das sanções a Portugal. Sim, não, porquê, porque não, agora, mais tarde, ‘hard’, ‘soft’, zero, inteligentes, estúpidas, injustas, ridículas, inexoráveis, contraproducentes ou pelo contrário. Tem sido um debate enformado pela nossa veia masoquista comum e marcado pela mais fundamental necessidade estratégica que, nos momentos certos, reconhecemos na generalidade dos nossos políticos: fugir com o rabo à seringa.
Facto é que os ministros das Finanças da zona euro aprovaram a recomendação da Comissão Europeia de classificar Portugal (e também Espanha) como incumpridor das medidas necessárias para reduzir o respectivo défice excessivo, tendo ficado “significativamente aquém do esforço orçamental recomendado”. E, dito isto, parece-me lícito concluir que o debate sobre esta questão tem sido também essencialmente inútil, muito graças à acção dos media, produzindo sobre os cidadãos – dos mais informados aos mais iletrados – uma ansiedade e uma expectativa só comparáveis à antecipação do episódio seguinte da telenovela brasileira, que interrompeu a acção, no dia anterior, no momento mais crítico e fundamental.
Neste contexto, e enquanto as autoridades espanholas se aprestam para anunciar medidas de consolidação orçamental, o primeiro-ministro atribui responsabilidades exclusivas ao governo anterior, porque o período examinado não inclui o ano de 2016, enquanto Mário Centeno, plácido como só ele, assegura que o processo de sanções a Portugal "é injustificado e contraproducente", tranquilizando-nos ao afastar a possibilidade de quaisquer medidas adicionais.
Os parceiros do Bloco e do PCP, peritos em negar a realidade, limitam-se, com candura, a "defender o país contra o autoritarismo da Comissão Europeia", que não louva, como devia, “as conquistas e avanços registados nos últimos meses". Maria Luís Albuquerque considera, simetricamente, que a responsabilidade cabe na íntegra ao actual Governo, que não defendeu eficazmente “o legado que recebeu, por razões políticas internas".
Disso eu não sei. É claro que os partidos não querem sanções, ninguém quer sanções e eu também não quero sanções. Mas fugir com o rabo à seringa não chega – o jogo do empurra é isso mesmo: um jogo. É inútil, é improdutivo, é errado e tem um custo de oportunidade elevado. Porque uma coisa eu sei: o documento da zona euro contém vários avisos à navegação muito claros. Não estando em discussão que o período sob análise termina em 2015, o que se pretende são medidas que invertam o rumo, que arrepiem caminho, que dêem confiança aos investidores, que reforcem a competitividade do país.
É para o futuro que se deve olhar. E isso é exactamente o oposto do que faz o ministro das Finanças, quando declara, calimeramente: “não há nada que eu possa fazer em 2016 que altere a execução orçamental de 2015”. Pois não. Mas ninguém pediu isso. Infelizmente, a factura das “conquistas e avanços dos últimos meses” não vai ser enviada para o Largo do Rato, nem para a Soeiro Pereira Gomes nem para a Rua da Palma.
00:05 h
Luís Reis, Professor Universitário
Económico
É a total contragosto que participo no debate, já com contornos histriónicos, em torno das sanções a Portugal. Sim, não, porquê, porque não, agora, mais tarde, ‘hard’, ‘soft’, zero, inteligentes, estúpidas, injustas, ridículas, inexoráveis, contraproducentes ou pelo contrário. Tem sido um debate enformado pela nossa veia masoquista comum e marcado pela mais fundamental necessidade estratégica que, nos momentos certos, reconhecemos na generalidade dos nossos políticos: fugir com o rabo à seringa.
Facto é que os ministros das Finanças da zona euro aprovaram a recomendação da Comissão Europeia de classificar Portugal (e também Espanha) como incumpridor das medidas necessárias para reduzir o respectivo défice excessivo, tendo ficado “significativamente aquém do esforço orçamental recomendado”. E, dito isto, parece-me lícito concluir que o debate sobre esta questão tem sido também essencialmente inútil, muito graças à acção dos media, produzindo sobre os cidadãos – dos mais informados aos mais iletrados – uma ansiedade e uma expectativa só comparáveis à antecipação do episódio seguinte da telenovela brasileira, que interrompeu a acção, no dia anterior, no momento mais crítico e fundamental.
Neste contexto, e enquanto as autoridades espanholas se aprestam para anunciar medidas de consolidação orçamental, o primeiro-ministro atribui responsabilidades exclusivas ao governo anterior, porque o período examinado não inclui o ano de 2016, enquanto Mário Centeno, plácido como só ele, assegura que o processo de sanções a Portugal "é injustificado e contraproducente", tranquilizando-nos ao afastar a possibilidade de quaisquer medidas adicionais.
Os parceiros do Bloco e do PCP, peritos em negar a realidade, limitam-se, com candura, a "defender o país contra o autoritarismo da Comissão Europeia", que não louva, como devia, “as conquistas e avanços registados nos últimos meses". Maria Luís Albuquerque considera, simetricamente, que a responsabilidade cabe na íntegra ao actual Governo, que não defendeu eficazmente “o legado que recebeu, por razões políticas internas".
Disso eu não sei. É claro que os partidos não querem sanções, ninguém quer sanções e eu também não quero sanções. Mas fugir com o rabo à seringa não chega – o jogo do empurra é isso mesmo: um jogo. É inútil, é improdutivo, é errado e tem um custo de oportunidade elevado. Porque uma coisa eu sei: o documento da zona euro contém vários avisos à navegação muito claros. Não estando em discussão que o período sob análise termina em 2015, o que se pretende são medidas que invertam o rumo, que arrepiem caminho, que dêem confiança aos investidores, que reforcem a competitividade do país.
É para o futuro que se deve olhar. E isso é exactamente o oposto do que faz o ministro das Finanças, quando declara, calimeramente: “não há nada que eu possa fazer em 2016 que altere a execução orçamental de 2015”. Pois não. Mas ninguém pediu isso. Infelizmente, a factura das “conquistas e avanços dos últimos meses” não vai ser enviada para o Largo do Rato, nem para a Soeiro Pereira Gomes nem para a Rua da Palma.
00:05 h
Luís Reis, Professor Universitário
Económico
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