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Uma estratégia europeia
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Uma estratégia europeia
Na última semana, o panorama internacional mostrou níveis inquietantes de agravamento do clima de incerteza em que se mantém desde o fim da Guerra Fria. Destacando apenas alguns dos factos que sobretudo afetaram o trajeto da União Europeia, talvez sejam de aproximar o brexit que o Reino Unido enfrenta da eficácia habitual reorganizando rapidamente o governo entregue a Theresa May; a Cimeira da NATO que evidencia que a suposta velha geopolítica volta a ocupar o espaço pacificado pelas esperanças nascidas dos tratados sobre as Forças Nucleares Intermédias (1987), das Forças Convencionais na Europa (1990), e o da Redução das Armas Nucleares Estratégicas (1993), que promoviam a confiança entre o Ocidente e o Leste em que a Rússia punha um ponto final na ambição.
Cobrindo de esperança a restauração da confiança europeia no projeto fundador da União, a alta representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança escreveu (DN - 12 de julho corrente) um artigo intitulado "Uma estratégia para unir e defender a Europa", bem estruturado como pensamento, inspirador no que respeita a restaurar a confiança no futuro, mas que talvez deva ser a definição do que a União tem capacidade de vir a ser, para os que realmente se encontram, por agora, sem conceito estratégico.
Começando pela Cimeira da NATO, não pode deixar de surpreender que a atitude dos responsáveis pela União se esgote na exigência de encurtar a espera pela invocação formal da saída que o Reino Unido deve praticar, parecendo secundarizar ou até ignorar as advertências da alta representante Federica Mogherini, a questão da política europeia de segurança e defesa autónoma, em relação à qual a retirada do Reino Unido significa a retirada do maior poder militar da União, ficando apenas obrigada pela NATO. Isto quando os EUA, a França, o Reino Unido e a Rússia estão a modernizar o arsenal nuclear, o que implica não ser possível deixar de meditar sobre o regresso da perigosa política de dissuasão e o risco, historicamente comprovado, de um acidente ocasional e menor desencadear um consequencialismo de dimensão sem precedente. Como tem sido repetido, designadamente na Estratégica do Saber que as escolas militares autonomizam, a confiança que inspiraram os tratados do fim do século passado, tem de ser posta em reserva perante a atitude da Nova Rússia, que talvez exagere na capacidade de substituir o Putin I, e o Putin II, pelo Putin III euroasiático, como um novo Império do Meio que se ergueu para ocupar a Crimeia e intimidar a Ucrânia, contando com passividade de uma União Europeia que não parece escutar Federica Mogherini. Porque o certo é que os orçamentos de defesa europeus diminuíram, o equipamento teve os reflexos inevitáveis, os próprios EUA, a tenderem para se preocupar mais com o Pacífico do seu destino histórico, também economizam, e que todos os países europeus tenham de avaliar a nova situação parece inevitável, tendo Portugal de repensar as suas próprias capacidades de defesa e vulnerabilidades a decisões em que eventualmente não tome parte, mas sofrendo consequências como aconteceu na guerra de 1939-1945.
É evidente que do lado da Rússia não faltam desmentidos às inquietações da Cimeira de Varsóvia, mas a guerra da informação nunca é para ser lida de feição tranquilizadora. Perante estes factos, é surpreendente que as inquietações visíveis da União Europeia continuem fixadas na ideologia orçamental que sucedeu ao neorriquismo resultante do alívio pela queda do Muro de Berlim, como se a União não tivesse circunstância externa e a crise mundial não tivesse inevitáveis reflexos na segurança e na defesa. Além das migrações que fazem do Mediterrâneo um cemitério, das multidões de refugiados descontrolados que desacreditam o humanitarismo pelas inquietações com a insegurança causada pelo turbilhão político em que avulta o Estado Islâmico, pela crise económica e financeira que multiplica as divergências políticas internas e, finalmente, pela ameaça já sofrida de a igualdade das nações ser ferida pela hierarquia dos Estados, segundo o critério livre, ou arbitrário, do presidente da Comissão Europeia.
Quando a circunstância é esta, parece totalmente fora de sentido da governança responsável o facto de toda a sabedoria do dispendioso aparelho da União, que não é Estado, estar absorvida pelas décimas, que dará nome a este século sem bússola, em que a diplomacia desapareceu a favor da arrogância. Quando Churchill defendeu a unidade europeia, foi sempre mantendo a Inglaterra solidária com os EUA, e fora dela.
Hoje, certamente teria a mesma atitude, mas por diferentes motivos: o mais importante, seguramente o de que é um tema para estadistas. Sobretudo na data em que a Turquia parece ter de decidir se as suas Forças Armadas continuam a ser a "força tarefa" de Atatürk para democratizar a sociedade, ou se o golpe a vai inclinar para o "turbilhão" muçulmano em curso.
20 DE JULHO DE 2016
00:02
Adriano Moreira
Diário de Notícias
Cobrindo de esperança a restauração da confiança europeia no projeto fundador da União, a alta representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança escreveu (DN - 12 de julho corrente) um artigo intitulado "Uma estratégia para unir e defender a Europa", bem estruturado como pensamento, inspirador no que respeita a restaurar a confiança no futuro, mas que talvez deva ser a definição do que a União tem capacidade de vir a ser, para os que realmente se encontram, por agora, sem conceito estratégico.
Começando pela Cimeira da NATO, não pode deixar de surpreender que a atitude dos responsáveis pela União se esgote na exigência de encurtar a espera pela invocação formal da saída que o Reino Unido deve praticar, parecendo secundarizar ou até ignorar as advertências da alta representante Federica Mogherini, a questão da política europeia de segurança e defesa autónoma, em relação à qual a retirada do Reino Unido significa a retirada do maior poder militar da União, ficando apenas obrigada pela NATO. Isto quando os EUA, a França, o Reino Unido e a Rússia estão a modernizar o arsenal nuclear, o que implica não ser possível deixar de meditar sobre o regresso da perigosa política de dissuasão e o risco, historicamente comprovado, de um acidente ocasional e menor desencadear um consequencialismo de dimensão sem precedente. Como tem sido repetido, designadamente na Estratégica do Saber que as escolas militares autonomizam, a confiança que inspiraram os tratados do fim do século passado, tem de ser posta em reserva perante a atitude da Nova Rússia, que talvez exagere na capacidade de substituir o Putin I, e o Putin II, pelo Putin III euroasiático, como um novo Império do Meio que se ergueu para ocupar a Crimeia e intimidar a Ucrânia, contando com passividade de uma União Europeia que não parece escutar Federica Mogherini. Porque o certo é que os orçamentos de defesa europeus diminuíram, o equipamento teve os reflexos inevitáveis, os próprios EUA, a tenderem para se preocupar mais com o Pacífico do seu destino histórico, também economizam, e que todos os países europeus tenham de avaliar a nova situação parece inevitável, tendo Portugal de repensar as suas próprias capacidades de defesa e vulnerabilidades a decisões em que eventualmente não tome parte, mas sofrendo consequências como aconteceu na guerra de 1939-1945.
É evidente que do lado da Rússia não faltam desmentidos às inquietações da Cimeira de Varsóvia, mas a guerra da informação nunca é para ser lida de feição tranquilizadora. Perante estes factos, é surpreendente que as inquietações visíveis da União Europeia continuem fixadas na ideologia orçamental que sucedeu ao neorriquismo resultante do alívio pela queda do Muro de Berlim, como se a União não tivesse circunstância externa e a crise mundial não tivesse inevitáveis reflexos na segurança e na defesa. Além das migrações que fazem do Mediterrâneo um cemitério, das multidões de refugiados descontrolados que desacreditam o humanitarismo pelas inquietações com a insegurança causada pelo turbilhão político em que avulta o Estado Islâmico, pela crise económica e financeira que multiplica as divergências políticas internas e, finalmente, pela ameaça já sofrida de a igualdade das nações ser ferida pela hierarquia dos Estados, segundo o critério livre, ou arbitrário, do presidente da Comissão Europeia.
Quando a circunstância é esta, parece totalmente fora de sentido da governança responsável o facto de toda a sabedoria do dispendioso aparelho da União, que não é Estado, estar absorvida pelas décimas, que dará nome a este século sem bússola, em que a diplomacia desapareceu a favor da arrogância. Quando Churchill defendeu a unidade europeia, foi sempre mantendo a Inglaterra solidária com os EUA, e fora dela.
Hoje, certamente teria a mesma atitude, mas por diferentes motivos: o mais importante, seguramente o de que é um tema para estadistas. Sobretudo na data em que a Turquia parece ter de decidir se as suas Forças Armadas continuam a ser a "força tarefa" de Atatürk para democratizar a sociedade, ou se o golpe a vai inclinar para o "turbilhão" muçulmano em curso.
20 DE JULHO DE 2016
00:02
Adriano Moreira
Diário de Notícias
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