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Cicatrizes
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Cicatrizes
Cicatriz é a forma que o organismo inventou para curar as feridas provocadas por quaisquer agentes, externos ou internos, que ocasionam feridas que, se deixadas ao seu destino poderiam ter uma evolução fatal.
Todos temos cicatrizes.
O processo de cicatrização pode ser subdividido em três fases que, a maioria das vezes, se sobrepõem e ocorrem em simultâneo, a saber:
- a fase inflamatória: é uma fase exsudativa, tem uma duração entre um a quatro dias e corresponde à activação do sistema de coagulação sanguínea e à libertação de mediadores químicos – há inchaço, vermelhidão e dor.
- a fase proliferativa: é uma fase regenerativa, pode durar entre cinco e vinte dias, com proliferação de células de vários tipos que formam tecido de granulação inflamatório, com diminuição do inchaço e da dor.
- a fase de reparação: é uma fase de maturação, começa pelo 21º dia e pode durar meses; é uma fase em que aumenta a resistência dos tecidos, diminui a espessura da cicatriz e a deformidade. Neste período a cicatriz vai alterando a tonalidade, passando do vermelho escuro ao rosa claro, a dor vai-se esbatendo com o passar do tempo, podendo, no entanto, manter-se subliminarmente ou reactivar-se por períodos mais, ou menos, longos.
Há factores que podem interferir no processo natural de cicatrização, e que podem ser locais (relacionados com a ferida) ou sistémicos (relacionados com o indivíduo).
Por analogia, também podemos falar em cicatrização às feridas não físicas, às feridas emocionais. Estas são, muito provavelmente, em maior número, não se vêm nem se mostram a olho nú, andam muitas vezes no limiar da resistência que permite a emoção e, podem deixar cicatrizes mais profundas no tecido emocional do que muitas das feridas que sofremos fisicamente.
A sua cura e aparência, por não serem objecto de um processo regenerativo fisiológico a uma reacção bem definida por parte do organismo, são bastante mais difíceis de avaliar e analisar, pois os parâmetros alteram-se, ou podem alterar-se com o correr dos acontecimentos (e com a sua evolução posterior) que deram origem à ferida emocional.
Também aqui há fases que podemos encarar como semelhantes, se bem que com durações diferentes, de ligeiras a perenes, havendo também factores intrínsecos e extrínsecos a poderem interferir na cicatrização final.
Uma fase exsudativa, carregada de dor emocional, de curta duração, que corresponde à libertação de mediadores químicos endógenos reguladores das respostas de intensidade emocional muitas vezes associadas ao choro e à ansiedade, como resposta imediata ao estímulo causador.
Uma proliferativa, que apesar de ser uma fase regenerativa com uma duração de entre cinco a vinte dias (com diminuição gradual da dor), carrega consigo, ainda, uma enorme carga emocional, com manutenção de níveis elevados dos mediadores químicos intrínsecos, reguladores da actividade emocional. Da mesma forma que na regeneração física há proliferação de células que formarão o tecido de granulação inflamatório que dará lugar a tecido novo são, numa regeneração emocional há uma fase em que se desenvolvem, proliferam, sentimentos novos que fazem todo um novo tecido emocional conducente a uma normalidade funcional.
E uma fase de reparação, de maturação, que começa pelo 21º dia e pode durar meses. É a fase em que aumenta a resistência das emoções envolvidas, que diminui a intensidade da cicatriz emocional. Neste período a dor vai-se esbatendo com o passar do tempo, podendo, no entanto, manter-se de forma crónica ou reacender-se secundariamente a estímulos indiferenciados, e por períodos de tempo difíceis de quantificar.
Também em termos colectivos há episódios que deixam as suas feridas, as suas marcas e as suas cicatrizes, que serão avaliadas com o decorrer da História, com os Povos a viverem e conviverem com as marcas deixadas pelos seus antepassados, tantas vezes tão indeléveis que podem ser geradoras de reacender ódios antigos passados anos, décadas ou séculos, levando aos extremismos que vamos conhecendo e convivendo nos nossos dias.
As cicatrizes, físicas ou emocionais, individuais ou colectivas, ficam para a vida e para a História, e são uma marca, um sinal, de onde passámos, do que fizemos.
As cicatrizes, colectivas ou individuais, emocionais ou físicas, sinalizam onde estivemos, não sinalizam para onde vamos.
Pedro Melvill Araújo
Diário de Notícias da Madeira
Quinta, 28 de Julho de 2016
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