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Os stresses
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Os stresses
Na última década, os portugueses foram expropriados das suas poupanças por via de perdas avultadas em negócios que não controlavam. Este dinheiro perdido é um dos travões ao crescimento da economia e recuperação da confiança no sistema financeiro.
Os testes de stress têm sido verdadeiras dores de cabeça. Até agora os testes realizados foram sucedidos de falências ou intervenções no sistema financeiro europeu. Instituições, como o Dexia, o Allied Irish Banks ou o Bankia, que tinham passado os testes e dado conforto a investidores, a depositantes e a clientes viram-se de repente intervencionados, com fortes perdas para accionistas e contribuintes.
Estes testes têm servido para apontar o dedo aos bancos mais fracos, que não tendo um problema imediato passam automaticamente a ser visados, já que os depositantes e os accionistas ficam receosos acerca da sua solidez. Esta pressão é uma forma de acelerar a consolidação da banca europeia com elevados custos de confiança para a economia e perdas para accionistas, depositantes e obrigacionistas.
A relutância das entidades de supervisão, neste caso o BCE, em adoptar uma postura diferente na capitalização da banca europeia, tem custado milhares de milhões de euros a pequenos investidores, que ano após ano subscrevem aumentos de capital do sistema financeiro.
Já se sabe que o problema é a falta de dinheiro, pelo que a Europa irá continuar no marasmo enquanto o seu sistema financeiro não estiver sólido. A solução adoptada pelos EUA na sequência da crise de 2008 poderia ser um exemplo a seguir, mas na Europa falta capacidade para assumir a liderança e lidar com os insucessos.
Um dos mecanismos aprovados foi a compra de activos ao valor facial, mesmo que desvalorizados no mercado, evitando que os bancos tivessem de fazer provisões que os impedissem de continuar a sua função primordial, o da prestação de serviços financeiros à economia, tal como crédito. Outro grande incentivo à confiança dos depositantes foi o aumento da cobertura dos depósitos de 100 mil dólares para 250 mil dólares, o que evitou a fuga de depósitos dos bancos, permitindo às instituições uma diversificação das fontes de financiamento.
Na Zona Euro obrigam-se os depositantes a assumir riscos e evita-se criar um Fundo de Garantia de Depósitos que proteja efectivamente os depositantes europeus, uma vez que existe a consciência que os Fundos de Garantia nacionais não têm capacidade para acorrer a situações de emergência.
Por estes dias, os stresses não se ficam pelas instituições. Os lesados do BES ou das obrigações emitidas pela ex-PT têm muitas dores de cabeça pela frente. Quem quiser ser abrangido pelo “Fundo de Indemnização” para lesados do BES terá de colocar uma acção em tribunal até 3 de Agosto. Ora, este grupo de pessoas, privado das suas poupanças, é pressionado para gastar mais dinheiro em advogados, em acções em tribunal, sem garantias de recuperação do seu capital.
Em Portugal, a protecção dos investidores é levada como se de uma brincadeira se tratasse, sujeitando este grupo de pessoas a mais custos monetários e temporais, sem um organismo que os proteja e exija mais dinheiro. São estas poupanças que contribuem para o financiamento directo ou indirecto de empresas que ficam em causa. Nestes casos, sim, o Estado devia ter um papel decisivo, nomeadamente defender e criar condições para que quem perdeu tudo pudesse ser ressarcido. O mesmo stress irá acontecer com os mais recentes lesados de obrigações emitidas pela PT e depois transferidas para a Oi.
Na última década, os portugueses foram expropriados das suas poupanças por via de perdas avultadas em negócios que não controlavam. Este dinheiro perdido é um dos travões ao crescimento da economia e recuperação da confiança no sistema financeiro. Na falta de soluções que impeçam a ocorrência de situações futuras similares, o crescimento continuará a ser um stress e uma miragem do Ministério das Finanças.
00:05 h
Pedro Lino, Economista
Económico
Os testes de stress têm sido verdadeiras dores de cabeça. Até agora os testes realizados foram sucedidos de falências ou intervenções no sistema financeiro europeu. Instituições, como o Dexia, o Allied Irish Banks ou o Bankia, que tinham passado os testes e dado conforto a investidores, a depositantes e a clientes viram-se de repente intervencionados, com fortes perdas para accionistas e contribuintes.
Estes testes têm servido para apontar o dedo aos bancos mais fracos, que não tendo um problema imediato passam automaticamente a ser visados, já que os depositantes e os accionistas ficam receosos acerca da sua solidez. Esta pressão é uma forma de acelerar a consolidação da banca europeia com elevados custos de confiança para a economia e perdas para accionistas, depositantes e obrigacionistas.
A relutância das entidades de supervisão, neste caso o BCE, em adoptar uma postura diferente na capitalização da banca europeia, tem custado milhares de milhões de euros a pequenos investidores, que ano após ano subscrevem aumentos de capital do sistema financeiro.
Já se sabe que o problema é a falta de dinheiro, pelo que a Europa irá continuar no marasmo enquanto o seu sistema financeiro não estiver sólido. A solução adoptada pelos EUA na sequência da crise de 2008 poderia ser um exemplo a seguir, mas na Europa falta capacidade para assumir a liderança e lidar com os insucessos.
Um dos mecanismos aprovados foi a compra de activos ao valor facial, mesmo que desvalorizados no mercado, evitando que os bancos tivessem de fazer provisões que os impedissem de continuar a sua função primordial, o da prestação de serviços financeiros à economia, tal como crédito. Outro grande incentivo à confiança dos depositantes foi o aumento da cobertura dos depósitos de 100 mil dólares para 250 mil dólares, o que evitou a fuga de depósitos dos bancos, permitindo às instituições uma diversificação das fontes de financiamento.
Na Zona Euro obrigam-se os depositantes a assumir riscos e evita-se criar um Fundo de Garantia de Depósitos que proteja efectivamente os depositantes europeus, uma vez que existe a consciência que os Fundos de Garantia nacionais não têm capacidade para acorrer a situações de emergência.
Por estes dias, os stresses não se ficam pelas instituições. Os lesados do BES ou das obrigações emitidas pela ex-PT têm muitas dores de cabeça pela frente. Quem quiser ser abrangido pelo “Fundo de Indemnização” para lesados do BES terá de colocar uma acção em tribunal até 3 de Agosto. Ora, este grupo de pessoas, privado das suas poupanças, é pressionado para gastar mais dinheiro em advogados, em acções em tribunal, sem garantias de recuperação do seu capital.
Em Portugal, a protecção dos investidores é levada como se de uma brincadeira se tratasse, sujeitando este grupo de pessoas a mais custos monetários e temporais, sem um organismo que os proteja e exija mais dinheiro. São estas poupanças que contribuem para o financiamento directo ou indirecto de empresas que ficam em causa. Nestes casos, sim, o Estado devia ter um papel decisivo, nomeadamente defender e criar condições para que quem perdeu tudo pudesse ser ressarcido. O mesmo stress irá acontecer com os mais recentes lesados de obrigações emitidas pela PT e depois transferidas para a Oi.
Na última década, os portugueses foram expropriados das suas poupanças por via de perdas avultadas em negócios que não controlavam. Este dinheiro perdido é um dos travões ao crescimento da economia e recuperação da confiança no sistema financeiro. Na falta de soluções que impeçam a ocorrência de situações futuras similares, o crescimento continuará a ser um stress e uma miragem do Ministério das Finanças.
00:05 h
Pedro Lino, Economista
Económico
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