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Mensagem por Admin Ter Ago 09, 2016 10:39 am

A beleza das praias algarvias encerra o seu maior risco. No fim de semana passado, na praia Maria Luísa, em Albufeira, parte da arriba cedeu, caindo sobre o areal. Na mesma zona onde, no verão de 2009, cinco pessoas perderam a vida numa outra derrocada. Soube-se ontem, pela Agência Portuguesa do Ambiente, que o desmoronamento de domingo teve uma dimensão três a quatro vezes superior à de há seis anos, com um bloco de mil toneladas a desabar.

É quase graça divina não haver vítimas. Porque, apesar dos avisos colocados em muitas das praias do Algarve, com a indicação clara de que a área de risco deve ser igual ou superior a 1,5 vezes a altura da arriba, os banhistas continuam a abrigar-se do sol sob as instáveis rochas.

Não estamos perante quedas pontuais, das que acontecem uma vez e se fica com a perspetiva de que o acidente será irrepetível. Pelo contrário. É da natureza daquelas escarpas a instabilidade, dependente de diferentes fatores. "A evolução (erosão) natural das arribas processa-se numa sequência intermitente e descontínua de derrocadas instantâneas, dinâmica que constitui, sem dúvida, uma ameaça aos utentes das praias", pode ler-se na página on line da Agência Portuguesa de Ambiente. Um perigo permanente, portanto.

Tudo corre, no entanto, com a maior das normalidades. Depois de retirados os escombros, o acesso à praia Maria Luísa foi restabelecido, como se o perigo tivesse deixado de existir. Só no concelho de Albufeira, existem 24 praias onde a derrocada das arribas é um risco permanente, conhecido e devidamente sinalizado.

Se quando a qualidade da água de uma praia está imprópria, e ameaça a saúde dos veraneantes, ela fica vedada, o que impede as autoridades de interditar um local claramente inseguro para os banhistas? A economia terá, certamente, uma explicação para isso. Seria, com certeza, um grande rombo na indústria turística da região. Algarve sem praia deixa de fazer sentido. Resta recorrer ao bom senso dos cidadãos. E também dos decisores. Porque a instabilidade das arribas não depende apenas de fatores climatéricos como a intensidade das chuvas e da sismicidade. Depende muito da ocupação humana. E continuar a ocupar o solo como até agora tem sido feito pode ser o fim de uma grande parcela do Algarve. Quem tem poder de decisão deve, de uma vez por todas, optar entre continuar a deixar construir ou manter as praias.

*EDITORA-EXECUTIVA-ADJUNTA

Paula Ferreira*
Hoje às 00:07
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