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Eticamente incorreto
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Eticamente incorreto
Donald Trump é o fenómeno exemplar do populismo revitalizado em tempos de crise. O populismo, como estilo e técnica política, tem a sua base numa ideia forte e simples: a relação emocional imediatista entre o líder carismático e o "povo"; deste elo emana, por sintonia empática e ideológica, a identidade comum - o caudilho é o povo - que constitui o garante da confiança e da legitimação política.
Trump é o "povo" americano menos instruído, anti-intelectual, cansado dos discursos politicamente corretos que ultrapassam os seus interesses mais imediatos; é a classe média urbana que ficou à margem da globalização, o self-made man do "sonho americano" que construiu um império pelo trabalho, tão rebelde como o imaginário far west e os seus códigos de honra pistoleiros, aquele que diz, com rudeza bruta, o que "muitos pensam", libertando-os da pressão moral que a democracia política e ética impõe. Com Trump é legítimo defender o nosso quintal contra o mundo e com recurso a qualquer meio; é "normal" ser racista, ignorante e homofóbico, ter uma visão rasteira e casuística da geopolítica internacional, desprezar a cultura, os valores progressistas e a paz, sem vergonha!
O povo de Trump é uma entidade individualista elevada, por abstração, ao estatuto de comunidade.
Mas a base da retórica populista - quer seja de Esquerda ou de Direita, quer seja musculada ou subtil - nem sempre é tão primária como a presente nos discursos de Trump, Hugo Chávez ou Marie le Pen. A técnica de manipulação persuasiva, o trabalho sobre os fantasmas, frustrações e sonhos de cada "povo" só tem força quando a forma se ajusta ao contexto. Nas nossas sociedades mediáticas, o domínio dos meios de comunicação, a mestria exata na fabricação de mensagens e imagens é o garante do acesso ao "público", às audiências, à expansão como simples cópia acrítica nas redes sociais. Nesse sentido, Trump, como outros, é filho dos média. A cada disparate, a cada ofensa, ilustrada como entretenimento de verão nos média, a sua popularidade cresce, pois contra os maneirismos morais ele é a voz autêntica do "povo" simples, o senso comum primário assumido como padrão de referência na decisão política.
Trump é também filho das debilidades de um sistema político, social e cultural integrador, promotor das pessoas e das diferenças numa base plural aprendida cedo, vivida diariamente, refletida e vigiada como o tesouro maior de uma civilização.
* PRESIDENTE DO INSTITUTO POLITÉCNICO DO PORTO
Rosário Gambôa*
Hoje às 00:01
Jornal de Notícias
Trump é o "povo" americano menos instruído, anti-intelectual, cansado dos discursos politicamente corretos que ultrapassam os seus interesses mais imediatos; é a classe média urbana que ficou à margem da globalização, o self-made man do "sonho americano" que construiu um império pelo trabalho, tão rebelde como o imaginário far west e os seus códigos de honra pistoleiros, aquele que diz, com rudeza bruta, o que "muitos pensam", libertando-os da pressão moral que a democracia política e ética impõe. Com Trump é legítimo defender o nosso quintal contra o mundo e com recurso a qualquer meio; é "normal" ser racista, ignorante e homofóbico, ter uma visão rasteira e casuística da geopolítica internacional, desprezar a cultura, os valores progressistas e a paz, sem vergonha!
O povo de Trump é uma entidade individualista elevada, por abstração, ao estatuto de comunidade.
Mas a base da retórica populista - quer seja de Esquerda ou de Direita, quer seja musculada ou subtil - nem sempre é tão primária como a presente nos discursos de Trump, Hugo Chávez ou Marie le Pen. A técnica de manipulação persuasiva, o trabalho sobre os fantasmas, frustrações e sonhos de cada "povo" só tem força quando a forma se ajusta ao contexto. Nas nossas sociedades mediáticas, o domínio dos meios de comunicação, a mestria exata na fabricação de mensagens e imagens é o garante do acesso ao "público", às audiências, à expansão como simples cópia acrítica nas redes sociais. Nesse sentido, Trump, como outros, é filho dos média. A cada disparate, a cada ofensa, ilustrada como entretenimento de verão nos média, a sua popularidade cresce, pois contra os maneirismos morais ele é a voz autêntica do "povo" simples, o senso comum primário assumido como padrão de referência na decisão política.
Trump é também filho das debilidades de um sistema político, social e cultural integrador, promotor das pessoas e das diferenças numa base plural aprendida cedo, vivida diariamente, refletida e vigiada como o tesouro maior de uma civilização.
* PRESIDENTE DO INSTITUTO POLITÉCNICO DO PORTO
Rosário Gambôa*
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