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Veias abertas da Europa do sul
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Veias abertas da Europa do sul
No percurso pela história da América Latina, Galeano recorda que todos os seus recursos naturais e demais riquezas se foram transmutando em capital para o benefício quase exclusivo do exterior – primeiro dos colonizadores europeus, mais tarde dos imperialistas norte-americanos. Até o nome do continente, América, foi ganho pela potência capitalizadora, os Estados Unidos, transformando os demais países numa periferia. Uma espécie de sub-América, para Galeano.
“A divisão internacional do trabalho consiste em que uns países se especializam em ganhar e outros em perder” – assim começa o extraordinário “Las Venas Abiertas de América Latina”, de Eduardo Galeano, publicado em 1971.
No percurso pela história da América Latina, Galeano recorda que todos os seus recursos naturais e demais riquezas se foram transmutando em capital para o benefício quase exclusivo do exterior – primeiro dos colonizadores europeus, mais tarde dos imperialistas norte-americanos. Até o nome do continente, América, foi ganho pela potência capitalizadora, os Estados Unidos, transformando os demais países numa periferia. Uma espécie de sub-América, para Galeano.
Mas é nos modos de produção e na sua organização de classes que melhor se percebe a força da imagem que dá título ao livro. A incorporação na engrenagem estrutura-se a partir de um sistema de produção para a alimentar, a pretexto de uma certa ideia de desenvolvimento. O empobrecimento, o aumento das desigualdades e das dependências das forças produtivas são a consequência óbvia de um futuro que se diz inevitável.
Na derrota de uns está sempre implícita a vitória de outros, escreve Galeano. A imensa riqueza produzida serve para manter a engrenagem, aumentar a prosperidade dos vencedores e aprofundar os desequilíbrios e dependências – o que é fundamental para controlar ou destruir qualquer veleidade emancipadora.
A engrenagem sedimenta-se de tal maneira que entra no senso comum e encontra os seus melhores aliados nos derrotados. Olham-na como o melhor a que podem aspirar. A dependência do financiamento externo e do investimento estrangeiro, o turismo dos vencedores em terras dos derrotados ou o controlo externo, mais ou menos assumido, das principais ações políticas dos Estados soberanos fazem parte inalienável do sistema.
Não me recordo de ter lido outra descrição tão cristalina do sistema e da história do colonialismo e do imperialismo na América Latina – com que Espanha e Portugal tanto lucraram – e creio que todos podemos reconhecer muitas semelhanças com o que atualmente se passa no sul da Europa.
Escreve à segunda-feira
22/08/2016
Tiago Mota Saraiva
opiniao@newsplex.pt
Jornal i
“A divisão internacional do trabalho consiste em que uns países se especializam em ganhar e outros em perder” – assim começa o extraordinário “Las Venas Abiertas de América Latina”, de Eduardo Galeano, publicado em 1971.
No percurso pela história da América Latina, Galeano recorda que todos os seus recursos naturais e demais riquezas se foram transmutando em capital para o benefício quase exclusivo do exterior – primeiro dos colonizadores europeus, mais tarde dos imperialistas norte-americanos. Até o nome do continente, América, foi ganho pela potência capitalizadora, os Estados Unidos, transformando os demais países numa periferia. Uma espécie de sub-América, para Galeano.
Mas é nos modos de produção e na sua organização de classes que melhor se percebe a força da imagem que dá título ao livro. A incorporação na engrenagem estrutura-se a partir de um sistema de produção para a alimentar, a pretexto de uma certa ideia de desenvolvimento. O empobrecimento, o aumento das desigualdades e das dependências das forças produtivas são a consequência óbvia de um futuro que se diz inevitável.
Na derrota de uns está sempre implícita a vitória de outros, escreve Galeano. A imensa riqueza produzida serve para manter a engrenagem, aumentar a prosperidade dos vencedores e aprofundar os desequilíbrios e dependências – o que é fundamental para controlar ou destruir qualquer veleidade emancipadora.
A engrenagem sedimenta-se de tal maneira que entra no senso comum e encontra os seus melhores aliados nos derrotados. Olham-na como o melhor a que podem aspirar. A dependência do financiamento externo e do investimento estrangeiro, o turismo dos vencedores em terras dos derrotados ou o controlo externo, mais ou menos assumido, das principais ações políticas dos Estados soberanos fazem parte inalienável do sistema.
Não me recordo de ter lido outra descrição tão cristalina do sistema e da história do colonialismo e do imperialismo na América Latina – com que Espanha e Portugal tanto lucraram – e creio que todos podemos reconhecer muitas semelhanças com o que atualmente se passa no sul da Europa.
Escreve à segunda-feira
22/08/2016
Tiago Mota Saraiva
opiniao@newsplex.pt
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