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Mensagem por Admin Qua Ago 24, 2016 10:59 am

Apesar de as intenções para o futuro serem as melhores, os níveis de investimento direto estrangeiro no país sofreram um tombo sério. Nos primeiros seis meses do ano, são menos 40% do que até junho do ano passado e para piorar as coisas quase um terço do valor que entrou terá de ser devolvido a prazo - são empréstimos que regressarão à origem mais cedo ou mais tarde. Nesta semana, vários bancos internacionais e jornais estrangeiros - sobretudo alemães - fizeram soar sinais de alerta. As contas portuguesas estão a resvalar, o futuro dos bancos continua incerto - entre vendas que tardam em concretizar-se e crédito malparado difícil de desfazer -, os investidores, cautelosos, estão a adiar decisões, a única agência de rating que garante que o BCE continua a comprar dívida portuguesa tem dúvidas quanto ao futuro do país. E por tudo isto, dizem, será difícil cumprir as metas que foram acordadas com Bruxelas. Apontam nuvens negras no horizonte que podem indiciar a tempestade: a necessidade de novo resgate. É verdade que há problemas aqui dentro, mas também é certo que muitos dos monstros que projetam sombras sobre nós não são de produção nacional. A começar pelo efeito que esta avalancha de notícias negras e maus auspícios tem sobre a economia do país. Mas há muito mais. É preciso não esquecer o estado débil em que se encontra toda a zona euro - o crescimento anémico ainda mais enfraquecido pelo brexit. E não se pode ver como pormenor o que está a acontecer com os nossos principais parceiros económicos: falta pouco para Espanha cumprir um ano sem governo e continua a não se vislumbrar solução - ainda que Madrid esteja a crescer a mais de 3%, as grandes decisões económicas e financeiras estão na gaveta. Os baixos preços do petróleo travaram a fundo a economia angolana. O Reino Unido está concentrado no processo de transformação e adaptação pós-brexit. E o consumo interno, já se viu, não é capaz de levar sozinho o país às costas. O Banco de Portugal conclui, no seu boletim económico, que a economia portuguesa continua muito vulnerável a choques internos e externos. É verdade: o país tem um caminho a percorrer e é bom que não se desfoque das reformas e ajustes indispensáveis à sobrevivência, sem os quais voltará a bater no fundo. Mas há que reconhecer que estamos a fazer essa caminhada em condições especialmente difíceis. Não é o caminho das pedras, é o dos pedregulhos, o desafio que temos pela frente.

Editorial
24 DE AGOSTO DE 2016
00:01
Joana Petiz
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