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Um país de estereótipos para os estrangeiros abusarem nos livros
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Um país de estereótipos para os estrangeiros abusarem nos livros
O tema Portugal era muito pouco interessante enquanto assunto de escrita para a maioria dos estrangeiros até há bem poucos anos. A invasão cada vez maior de turistas que se verifica em direção ao único paraíso europeu em que ainda existe o Silêncio do Mar, 300 Dias de Sol e muitas Maravilhas, faz que passasse a ser temática interessante para se escreverem livros. Ou seja, longe vão os tempos em que os proscritos de vários países se refugiavam em Portugal por uns tempos até que as penas prescrevessem nos seus lugares de origem e que descreviam o que observavam em relatos críticos ou humorísticos, na maioria, e os passavam a livros. Alguns deles, coisas muito boas, permitem reconstruir o que seria Portugal à conta do olhar estrangeiro. Alguns deles, coisas que destilavam um pensamento imperialista, xenófobo ou mesmo medíocre, que só servem de contraponto ao que se conhece da História.
Nada que interesse agora, quando o país serve de inspiração para mais de um livro por ano a autores estrangeiros. É o caso da escritora de policiais Yrsa Sigurdardóttir que veio a Lisboa há uns tempos e não foi capaz de deixar de colocar a capital portuguesa como ponto de partida do seu romance de mistério. Não é que Lisboa seja o principal cenário, antes será a solidão do mar que separa Lisboa de Reiquejavique, mas a cidade que tanto fascina os estrangeiros tem uma boa porção de páginas entre as mais de quatrocentas de O Silêncio do Mar. É numa espécie de cenário que envolve tanto o Bairro Alto como o Cais do Sodré que se dá o início do livro. Um local a que a autora voltará várias vezes, pois toda a explicação que permite ao leitor manter-se interessado pelo romance reside numa situação que aí teve lugar.
Uma realidade a que Sigurdardóttir não consegue fugir no momento em que tenta descrever os portugueses e a sua terra é a de recuperar os mesmos estereótipos que toda a literatura de viagens ou a que teve a história dos habitantes de Portugal como horizonte. Raros são os autores que conseguem escapar e a islandesa também não: "Tropecei e desabei por uma daquelas ruas mesmo inclinadas de Lisboa (p.173)". Mas isso não impede que o seu livro seja bastante interessante e que, de vez em quando, até provoque a vontade de saltar uns capítulos para se saber a continuação do que se acabou de ler. Mesmo que haja na narrativa e na resolução do mistério que torna um iate tripulado num navio fantasma alguns pontos cinzentos e lerdos, a merecer outra velocidade e intriga.
Também Deborah Lawrenson não é capaz de fugir à catalogação habitual dos estrangeiros em relação aos que vivem em Portugal, tornando-se um relato frequente em estereótipos (p. 110, por exemplo). A autora gerou este 300 Dias de Sol durante uma visita que fez ao país en-quanto a filha frequentava um curso de português em Faro. Apaixona-se pela capital algarvia e vai daí levanta um mistério que tem como cenário o rapto de uma criança durante a II Guerra Mundial, prolongando o seu esclarecimento até à atualidade. É um romance que se lê de uma vez só, para quem gosta de rever Portugal nas páginas de um livro.
Após dois romances, nada melhor do que uma investigação para perceber o olhar de um jovem espanhol que anda por cá e não resistiu ao magnetismo nacional. Não faltam estereótipos em Portugal das Maravilhas (p. 128, por exemplo), mas a leitura do volume de Enrique Pinto-Coelho resiste-lhes ao máximo e fica-se a perceber o que "eles" acham de "nós".
27 DE AGOSTO DE 2016
00:10
João Céu e Silva
Diário de Notícias
Nada que interesse agora, quando o país serve de inspiração para mais de um livro por ano a autores estrangeiros. É o caso da escritora de policiais Yrsa Sigurdardóttir que veio a Lisboa há uns tempos e não foi capaz de deixar de colocar a capital portuguesa como ponto de partida do seu romance de mistério. Não é que Lisboa seja o principal cenário, antes será a solidão do mar que separa Lisboa de Reiquejavique, mas a cidade que tanto fascina os estrangeiros tem uma boa porção de páginas entre as mais de quatrocentas de O Silêncio do Mar. É numa espécie de cenário que envolve tanto o Bairro Alto como o Cais do Sodré que se dá o início do livro. Um local a que a autora voltará várias vezes, pois toda a explicação que permite ao leitor manter-se interessado pelo romance reside numa situação que aí teve lugar.
Uma realidade a que Sigurdardóttir não consegue fugir no momento em que tenta descrever os portugueses e a sua terra é a de recuperar os mesmos estereótipos que toda a literatura de viagens ou a que teve a história dos habitantes de Portugal como horizonte. Raros são os autores que conseguem escapar e a islandesa também não: "Tropecei e desabei por uma daquelas ruas mesmo inclinadas de Lisboa (p.173)". Mas isso não impede que o seu livro seja bastante interessante e que, de vez em quando, até provoque a vontade de saltar uns capítulos para se saber a continuação do que se acabou de ler. Mesmo que haja na narrativa e na resolução do mistério que torna um iate tripulado num navio fantasma alguns pontos cinzentos e lerdos, a merecer outra velocidade e intriga.
Também Deborah Lawrenson não é capaz de fugir à catalogação habitual dos estrangeiros em relação aos que vivem em Portugal, tornando-se um relato frequente em estereótipos (p. 110, por exemplo). A autora gerou este 300 Dias de Sol durante uma visita que fez ao país en-quanto a filha frequentava um curso de português em Faro. Apaixona-se pela capital algarvia e vai daí levanta um mistério que tem como cenário o rapto de uma criança durante a II Guerra Mundial, prolongando o seu esclarecimento até à atualidade. É um romance que se lê de uma vez só, para quem gosta de rever Portugal nas páginas de um livro.
Após dois romances, nada melhor do que uma investigação para perceber o olhar de um jovem espanhol que anda por cá e não resistiu ao magnetismo nacional. Não faltam estereótipos em Portugal das Maravilhas (p. 128, por exemplo), mas a leitura do volume de Enrique Pinto-Coelho resiste-lhes ao máximo e fica-se a perceber o que "eles" acham de "nós".
27 DE AGOSTO DE 2016
00:10
João Céu e Silva
Diário de Notícias
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