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O Jogo da Sueca
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O Jogo da Sueca
Quem já jogou sueca, sabe que quando dois jogadores estão feitos um com o outro, por muitos ases, setes, reis ou bom jogo que tenha, o adversário consegue, ou cortar, ou ter uma carta superior.
O funcionamento da gestão do país assenta neste modelo - não concordando, tudo é aprovado -, pelo que não devemos dar ouvidos a incertezas quanto à recapitalização da CGD.
Nos últimos dois meses somos confrontados com desconfortos e intervenções por parte dos parceiros do governo onde o tom de ameaça parece ser dominante. Desde arrependimentos diários, a condições sob a forma de linhas vermelhas para aprovar o que for - o orçamento - tudo está na praça publica, mesmo não sendo verdade.
As últimas linhas vermelhas têm a ver com a recapitalização da CGD, que teria deitado abaixo qualquer governo dos últimos 15 anos, pelo montante envolvido e reestruturação necessária. É certo que o país não precisa de mais instabilidade, nem de linhas vermelhas, mas é necessário perceber o que se passou no sistema financeiro e a CGD não pode estar alheia.
Continuamos, no entanto, fruto das limitações políticas e falta de conhecimento, a debater o que não é essencial. É necessária uma estratégia para identificar e resolver os problemas da banca portuguesa, dar confiança a investidores e depositantes no sistema financeiro, ao mesmo tempo que se apoia a economia. Em discussão deviam estar as implicações das fortes alterações demográficas, com cada vez mais idosos, por contrapartida de uma evolução tecnológica quase diária, colocando fortes problemas à banca, sobretudo pública. Muitos mais assuntos existem para ser abordados, o futuro de moedas virtuais e qual o impacto nos utilizadores e nas próprias instituições, a segurança, o impacto das políticas dos bancos centrais, a utilização do sector financeiro como forma de controlar a riqueza e o pagamento de impostos, os custos de compliance, entre muitos outros.
Certo é que, em busca da rentabilidade, as instituições financeiras aumentam os custos, sobre a utilização das contas, de cheques, de envio de documentos, de segundas vias, etc, mas esquecem-se que grande parte do aforro está junto de pessoas já reformadas com poucos conhecimentos tecnológicos. Banca, supervisores e poder político, não podem deixar que uma faixa etária fique à mercê da cobrança de comissões de forma forçada. Aqui deveria entrar um banco público que fosse uma referência para o sector e clientes, ao invés de entrarmos na tendência generalizada de cortes cegos e da obtenção do lucro, que acabam por beneficiar a concorrência.
Esta recapitalização, inovadora por envolver privados, demonstra a fragilidade do banco público. Os mais de 5 mil milhões de euros necessários, são justificados pela necessidade de apoiar a economia. No entanto, ao verificarmos as últimas estatísticas de crédito concedido à economia, vemos que se existe alguém que está a ser apoiado pela banca é o Estado e não a economia privada. Assim, não e previsível que a CGD embarque numa onda expansionista de crédito, quando tem de reduzir os custos, encerrar balcões, chegar a acordo para a redução do número de trabalhadores, adaptar-se a uma nova realidade, cumprir rácios de capital mais exigentes, ao mesmo tempo que tem o custo de lidar com um segmento de clientes com faixa etária elevada, o que constrange de certa forma a poupança de custos.
Este envolvimento privado vem, pelo que se conhece, com um custo elevado para a própria instituição, uma vez que sendo títulos com risco de perda de capital, não se sabe em que condições, o juro exigido por investidores será elevado. Coloca-se a questão que assombrou os outros bancos - a comercialização de obrigações subordinadas a clientes. Creio que a Assembleia da Republica já poderia ter proposto uma proibição de venda de produtos das instituições aos próprios clientes, deixando que o risco fosse aferido por terceiros. Os casos do Banif, BES e BPN mostram que não existe distanciamento nem isenção suficientes das instituições quando estão a vender produtos próprios ou do grupo onde estão inseridas. Esta será uma forma de proteger e consciencializar os depositantes que muitas vezes apenas ouvem a palavra “juro” e não “riscos”.
O filme de terror que a CGD esteve exposta nos últimos 8 meses demonstra a incapacidade do poder político em negociar com entidades externas e internas. É necessário identificar os problemas remanescentes e actuar para que esta situação não seja arrastada para 2017, quando ainda existem focos de incerteza.
Para potenciar a capacidade que Portugal tem para crescer é necessário retirar o sentimento de desconfiança existente sobre o sector e encontrarem-se soluções onde o contributo de todos é essencial, deixem-se de jogos de cartas.
00:05 h
Pedro Lino, Economista
Económico
O funcionamento da gestão do país assenta neste modelo - não concordando, tudo é aprovado -, pelo que não devemos dar ouvidos a incertezas quanto à recapitalização da CGD.
Nos últimos dois meses somos confrontados com desconfortos e intervenções por parte dos parceiros do governo onde o tom de ameaça parece ser dominante. Desde arrependimentos diários, a condições sob a forma de linhas vermelhas para aprovar o que for - o orçamento - tudo está na praça publica, mesmo não sendo verdade.
As últimas linhas vermelhas têm a ver com a recapitalização da CGD, que teria deitado abaixo qualquer governo dos últimos 15 anos, pelo montante envolvido e reestruturação necessária. É certo que o país não precisa de mais instabilidade, nem de linhas vermelhas, mas é necessário perceber o que se passou no sistema financeiro e a CGD não pode estar alheia.
Continuamos, no entanto, fruto das limitações políticas e falta de conhecimento, a debater o que não é essencial. É necessária uma estratégia para identificar e resolver os problemas da banca portuguesa, dar confiança a investidores e depositantes no sistema financeiro, ao mesmo tempo que se apoia a economia. Em discussão deviam estar as implicações das fortes alterações demográficas, com cada vez mais idosos, por contrapartida de uma evolução tecnológica quase diária, colocando fortes problemas à banca, sobretudo pública. Muitos mais assuntos existem para ser abordados, o futuro de moedas virtuais e qual o impacto nos utilizadores e nas próprias instituições, a segurança, o impacto das políticas dos bancos centrais, a utilização do sector financeiro como forma de controlar a riqueza e o pagamento de impostos, os custos de compliance, entre muitos outros.
Certo é que, em busca da rentabilidade, as instituições financeiras aumentam os custos, sobre a utilização das contas, de cheques, de envio de documentos, de segundas vias, etc, mas esquecem-se que grande parte do aforro está junto de pessoas já reformadas com poucos conhecimentos tecnológicos. Banca, supervisores e poder político, não podem deixar que uma faixa etária fique à mercê da cobrança de comissões de forma forçada. Aqui deveria entrar um banco público que fosse uma referência para o sector e clientes, ao invés de entrarmos na tendência generalizada de cortes cegos e da obtenção do lucro, que acabam por beneficiar a concorrência.
Esta recapitalização, inovadora por envolver privados, demonstra a fragilidade do banco público. Os mais de 5 mil milhões de euros necessários, são justificados pela necessidade de apoiar a economia. No entanto, ao verificarmos as últimas estatísticas de crédito concedido à economia, vemos que se existe alguém que está a ser apoiado pela banca é o Estado e não a economia privada. Assim, não e previsível que a CGD embarque numa onda expansionista de crédito, quando tem de reduzir os custos, encerrar balcões, chegar a acordo para a redução do número de trabalhadores, adaptar-se a uma nova realidade, cumprir rácios de capital mais exigentes, ao mesmo tempo que tem o custo de lidar com um segmento de clientes com faixa etária elevada, o que constrange de certa forma a poupança de custos.
Este envolvimento privado vem, pelo que se conhece, com um custo elevado para a própria instituição, uma vez que sendo títulos com risco de perda de capital, não se sabe em que condições, o juro exigido por investidores será elevado. Coloca-se a questão que assombrou os outros bancos - a comercialização de obrigações subordinadas a clientes. Creio que a Assembleia da Republica já poderia ter proposto uma proibição de venda de produtos das instituições aos próprios clientes, deixando que o risco fosse aferido por terceiros. Os casos do Banif, BES e BPN mostram que não existe distanciamento nem isenção suficientes das instituições quando estão a vender produtos próprios ou do grupo onde estão inseridas. Esta será uma forma de proteger e consciencializar os depositantes que muitas vezes apenas ouvem a palavra “juro” e não “riscos”.
O filme de terror que a CGD esteve exposta nos últimos 8 meses demonstra a incapacidade do poder político em negociar com entidades externas e internas. É necessário identificar os problemas remanescentes e actuar para que esta situação não seja arrastada para 2017, quando ainda existem focos de incerteza.
Para potenciar a capacidade que Portugal tem para crescer é necessário retirar o sentimento de desconfiança existente sobre o sector e encontrarem-se soluções onde o contributo de todos é essencial, deixem-se de jogos de cartas.
00:05 h
Pedro Lino, Economista
Económico
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