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Mensagem por Admin Ter Ago 30, 2016 10:25 am

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Espumadeira: momento de aflição que deve mostrar uma vigorosa economia regional, de inclusão da classe empresarial tratada “poor” igual, depois dos inocentes estudos e concursos. É o momento do “passe-vite” e do “salazar”, o que fica depois da vigilância das oportunidades para os lobbies da praxe. Se isto mentira fosse, o comum empresário não detectaria o esforço do ajuntamento para parecer democrático com uma composição de órgãos sociais preenchidos por elementos afectos a empresas satélites dos mesmos lobbies, culminando com a alteração dos estatutos para uma liderança ad aeternum. A realidade vivida pela espumadeira é o confluir dos resultados promovidos pelo sistema com a ingrata ausência dos que usufruem e controlam mas não querem dar bandeira. Assim, a espumadeira torna-se na mostra dos biscates da sobrevivência, dos que precisam mesmo de ser vistos. O ajuntamento necessita de alternância democrática para ser credível.

Startup show: As startups estão na moda e vão tomar conta do Tecnopolo, um São João valley para nos fazer esquecer o mesmo problema que a espumadeira tem e que sufoca toda a actividade económica. A Madeira mantém-se na última divisão de 4 na avaliação do European Innovation Scoreboard de 2016. Somos classificados de modestos investidores e pecamos sobretudo em produtos de média e alta tecnologia, negócios de pesquisa e desenvolvimento, nas patentes, justo onde queremos dar um ar de modernidade com muitas apresentações. Os números dizem que não conseguimos comercializar inovação mas, alguém pode? Enquanto o nosso mercado não fluir naturalmente, livre e com financiamento, será um rally sem ferry, o status quo mantém-se. Acresce as minas e armadilhas daqueles que montam a burocracia em causa própria na justa medida que os colocam como necessários a um investimento com parecer pago. Tudo isto sem o ambiente das falências resolvido.

Biomassa: estudo na gaveta há 10 anos, finalizado 4 anos antes das sucessivas catástrofes que assolaram a Madeira, duas por grandes incêndios. Vivemos uma situação que deve ser encarada com pragmatismo para atingir, com celeridade, a redução da carga combustível através da limpeza da cintura de terrenos, matas e floresta junto aos aglomerados populacionais, que foram pensados para crescer rápido e com poder calorífico. Vivemos o resultado de uma era onde a madeira alimentava o vapor das pequenas indústrias, os meios de transporte marítimos e se impunha nas cozeduras. Se temos que planear a floresta, a solução poderá não estar longe do passado, temos que voltar a aproveitar os recursos regionais. Um mercado de biomassa traria emprego e rendimento com a limpeza, contribuindo para minimizar os riscos de incêndios, compensando alguma despesa aos proprietários ou dando lucro às empresas. O que agora é um problema, limpar, poderia ser uma actividade económica controlada para evitar abusos. O resultado dessa limpeza para a biomassa daria origem a subprodutos para diversas áreas de actividade, em larga medida, através da produção de energia tornando a Madeira mais autónoma com balanço de carbono neutro. A biomassa é renovável e substitui o petróleo importado. As tecnologias da biomassa estão muito avançadas e respeitam padrões exigentes de controlo de poluição. Num incêndio, a vegetação arde sem controlo e com níveis de poluição incomparavelmente superiores.

A Madeira exporta, por ano, cerca de 60 mil toneladas de madeira para pasta de papel. O consumo de lenha anda próximo das 20 mil toneladas. Só os restos produzidos pelo abate de árvores para madeira dariam para alimentar um mercado de biomassa. E, se tivermos uma área florestal para energia planificada, com ciclos de desbaste e limpeza programados, os terrenos incultos estariam limpos, protegidos de incêndios e a produzir rendimento.

A Madeira tem estudo, matéria-prima, tecnologia e potencial para arrancar já, basta visão política para reduzir os fogos florestais. Existem empresas do sector interessadas, com potencial para criar rendimento e postos de trabalho.

Sismo Marques: Cismou e provocou um forte abalo histórico, com epicentro no Governo Regional. Tem vindo a derrubar pontes centenárias que passaram no teste do 20 de Fevereiro sem qualquer estudo de gaveta e com o habitual silêncio da DRC. O basalto secular, com provas dadas, cede lugar ao betão armado que vai sofrer erosão, expor o ferro e acelerar a degradação. Já poderão agendar a manutenção e planificar o rendimento garantido para alguns.

As mal-amadas obras quase provocam um genocídio com os incêndios pois repetiram, noutra dimensão, o estrangulamento da mobilidade no Funchal. Se as tochas tivessem viajado em pleno dia para a capital, teria sido o caos para os cidadãos e bombeiros impossibilitados de circular. Muitos dos que agora lêem o artigo levaram 5 horas para poder chegar a casa e cuidar do que é seu, alguns abandonaram o carro e foram a pé. Existem e são respeitados os planos de segurança nas obras do governo?

Arder com “style”: Centenas de fotos de caridade, compaixão e actuação receberam molduras do governo para circular nas redes sociais em alturas de urgência, emergência e caos. Por que tenho a impressão de que a primeira ideia em mente não era a gestão da crise mas do momento político? A glorificação gratuita que se aproveita da emoção é um momento promíscuo que tenta tornar o pragmatismo e a crítica justa numa ofensa. A antecipação do elogio silencia serviços loucos para denunciar a falta de condições para poderem ser profissionais. Assim se evita a exposição pública do que correu mal enquanto alguns embevecem sem notar os abusos. Estão a alimentar a mediocridade e o cinismo que nos vão matar. A natureza vai acentuar os desafios, precisamos da massa crítica a funcionar.

Carlos Vares
Diário de Notícias da Madeira 
Terça, 30 de Agosto de 2016
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