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Remunerações dos banqueiros em obrigações
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Remunerações dos banqueiros em obrigações
MARK J. ROE
Após a crise financeira global os reguladores esforçaram-se arduamente para tornar os maiores bancos mundiais mais seguros. O principal problema é bem conhecido: os bancos de grande dimensão têm incentivos significativos para assumir risco excessivo.
Se as suas apostas arriscadas resultarem, os accionistas beneficiam consideravelmente, assim como os CEO e os gestores de topo que são extremamente bem compensados com acções do banco. Se não resultarem e o banco falhar, o Governo irá, provavelmente, pagar a conta.
Esta confluência de incentivos económicos para assunção de riscos torna os gestores dos bancos guardas pobres da segurança financeira. Eles não querem, seguramente, que os seus bancos falhem mas, se o potencial dos factores positivos for grande o suficiente, é um risco que acabarão por considerar valer a pena assumir.
Muitas soluções para este problema foram propostas e, algumas – como a exigência de aumentos de capital e restrições ao nível de investimentos arriscados – estão a caminho de ser implementadas. Mais recentemente emergiram outras duas importantes soluções.
De acordo com a primeira proposta, mais desenvolvida, os bancos assumiriam obrigações consideráveis no longo termo que seriam pagas apenas quando as suas operações fossem sólidas. Na prática, os obrigacionistas de longo-prazo garantiriam as restantes dívidas do banco, incluindo as mais arriscadas. Se o banco falhar os obrigacionistas, que asseguram as garantias, estabilizam os elementos mais problemáticos da firma. Os obrigacionistas – e não as principais operações do banco – assumiam o golpe.
Os proponentes esperam que isto possa atenuar o custo sistémico do falhanço de um banco. Esperam também que as garantias motivem os obrigacionistas a monitorar as actividades bancárias e a pressionar os gestores dos bancos a limitar as suas operações de maior risco.
A segunda solução, que começa a ganhar forma, passa por rever as compensações dos banqueiros. Os gestores de topo dos bancos não seriam pagos em dinheiro nem em títulos accionistas, mas em obrigações de longo-prazo, tornando-os mais interessados na estabilidade financeira a longo-termo e não no preço das acções a longo-termo. Se o banco falhasse, não seria capaz de pagar as obrigações e os gestores detentores de obrigações teriam todo esse dinheiro a menos.
Os reguladores do sistema financeiros nos Estados Unidos, e em todo o lado, estão agora a considerar seriamente estas mudanças mas terão ainda de determinar quão abrangente a reformulação das compensações deve ser. De forma geral, contudo, uma parte substancial dos rendimentos dos banqueiros seniores seriam deferidos por vários anos. Se o banco não sobrevivesse todo esse tempo, os gestores perderiam todo esse dinheiro.
Isto poderia atingir-se mediante obrigações de planos de pensões não financiados, o que não requereria que os bancos pusessem de parte dinheiro adiantado. Os bancos supervisionados por gestores detentores de planos de pensões consideráveis antecipariam melhor uma crise financeira do que os seus pares, presumivelmente porque teriam um incentivo mais forte para se manterem seguros.
Uma abordagem mais agressiva, compensaria os banqueiros com as mesmas obrigações que garantissem as arriscadas e voláteis dívidas de curto-prazo das suas instituições. Como resultado os gestores dos bancos teriam interesse financeiro pessoal em assegurar que as obrigações mais arriscadas não rebentassem tal como sucedeu durante a crise financeira de 2007-2008. Se as obrigações se deteriorassem e o banco falhasse, os gestores não seriam pagos. Porque essas obrigações serviriam para assegurar as restantes operações dos bancos, os gestores estariam, espera-se, especialmente vigilantes para garantir que as operações básicas estariam a salvo.
Ao tentar que os gestores seniores paguem pela estabilidade dos bancos, o sector financeiro, de acordo com os que defendem a ideia, seria forçado a vigilar-se a si mesmo. Esta regulação baseada em incentivos poderia reforçar a estabilidade económica mais eficazmente do que esperar que os reguladores acompanhem a cadência das actividades arriscadas dos bancos.
A proposta não é perfeita – porque a compensação dos gestores dos bancos continuaria adstrita à ganância pelo lucro. Se for dito a um banqueiro que este ano ele, ou ela, será compensado unicamente em obrigações, com o lucro anual do banco a determinar o número de obrigações a receber, o banqueiro quereria obviamente elevar os lucros deste ano – mesmo que tal exigisse assumir maiores riscos.
Depois de o banqueiro receber o seu primeiro pagamento em obrigações, os incentivos tornam-se mais complexos. O banqueiro quer receber as obrigações do ano passado (criando um incentivo que salvaguarde a estabilidade) mas quer um pagamento elevado este ano (criando um incentivo para maximizar o lucro o que, habitualmente, envolve assumir riscos).
Além disso os banqueiros podem encontrar formas de vender as obrigações de longo-prazo. Enquanto os reguladores podem exigir que as obrigações não sejam pagas pelo banco, e mesmo que os banqueiros provem que não as venderam, os banqueiros seniores são habilidosos a encontrar lacunas. Eles podem, por exemplo, manter a titularidade das obrigações mas vender o seu interesse económico. Os executivos dos bancos, que detêm um grande número destas obrigações, teriam um incentivo para fazer lobby a fim de diluir as garantias das obrigações. Se a situação financeira do banco se deteriorar, as suas carteiras de obrigações poderiam motivá-los a dissimular esse facto e esperar por uma reviravolta antes que as suas obrigações caíssem por terra.
Tudo isto torna imperativo que os reguladores desenvolvam uma estratégia abrangente e eficaz para supervisionar este sistema de compensações. Caso contrário, perderá a sua efectividade. Compensar os banqueiros com obrigações ajuda a promover a segurança mas não retira as responsabilidades aos reguladores.
Apesar de todos estes desafios, uma nova estratégia de compensações baseada em obrigações poderia melhorar consideravelmente a estabilidade dos bancos. Apesar de não existir um remédio santo para a regulamentação bancária, implementar um sistema com estas características, com cuidado e vigilância, seria um importante passo na direcção certa.
Mark Roe é professor na Universidade de Harvard
Direitos de Autor: Project Syndicate, 2014.
Tradução: David Santiago
02 Junho 2014, 12:26 por Mark J. Roe
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