O mito global

Se as estradas e os automóveis fizeram dos vizinhos personagens fora de moda, a Internet e a globalização fizeram-nos íntimos das superestrelas.

Se as estradas e os automóveis fizeram dos vizinhos personagens fora de moda, a Internet e a globalização fizeram-nos íntimos das superestrelas. 

Na aldeia global todos vivemos as mesmas histórias ao mesmo tempo. O imediato e o emocional dominam a atenção e os heróis e os vilões estão de volta. 

De um lado os monstros, os criminosos com tempo de antena e as guerras sem fim. De outro lado, o Papa Francisco, Mandela, Ronaldo, a juventude da publicidade e o casal de hipersucesso Jolie-Pitt. Mas qual final anunciado pela grande narrativa da atualidade, que nos diz que tudo muda e que nada é como era, subitamente o conto de fadas global chega ao fim. 

Depois de anos nos ecrãs, talvez só um final com estrondo pudesse estar à altura das expectativas. 

As audiências que levam ao estrelato são as mesmas que levam ao desastre, porque o mito global do século XXI é o espetáculo permanente.

Por Fernando Ilharco|00:30
Correio da Manhã