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Mensagem por Admin Ter Out 04, 2016 10:36 am

O populismo tem destas coisas. A caça incessante de ricos para pagarem a crise sempre serviu para alimentar a insaciável luta de classes, novamente na moda do pronto-a-vestir político nacional. A redistribuição da riqueza volta a ser prioridade, em detrimento da sua criação.

É assim infelizmente compreensível que face à incapacidade histórica de certas ideologias criarem riqueza, se tenham sempre dedicado no passado à tentativa da sua redistribuição. Independentemente dos seus insucessos históricos, incluindo em Portugal, existirá sempre quem pense que agora poderá ser diferente.

Mas o mundo está diferente e Portugal também. Para pior. Como se viu no tempo do FMI nos anos 80 e mais recentemente nos anos da troika, não há ricos suficientes em Portugal para pagarem a crise. Todos já sabem isso, pois basta analisar a receita do IRS por escalões de rendimento, mas alguns tentam perpetuar este sonho de tirar aos ricos para dar aos funcionários públicos e aos respetivos sindicatos. E aos pobres, se ainda chegar…

As recentes investidas ideológicas contra os recém-definidos “ricos” tiveram o seu clímax na tentativa de levantamento do sigilo bancário para todos os ricos com 50 mil euros no banco, ou mais ainda! A presunção de culpa de evasão fiscal prenuncia a potencial existência de outros crimes e imoralidades para os heróis nacionais que conseguiram poupar 50 mil euros.

À vista desarmada de qualquer ideologia atualmente dominante, estes ricos são criminosos em potência, pois não é aceitável nem recomendável que alguém consiga tal feito em Portugal. Só pode assim ter sido possível chegar a este ponto através de algo ilegal. Certamente imoral terá sido!

É esta mesma ideologia que equipara o direito ao sigilo bancário de qualquer cidadão pagador de impostos ao de um estudante que se candidata a uma bolsa de estudo paga pelo Estado ou a um pensionista que se candidata ao complemento solidário para idosos pago pelo Estado. Ambos pagos pelos cidadãos pagadores de impostos ao Estado.

Alguns destes cidadãos ainda pensam que pertencem à definhante classe média que deveria estar entre os pobres e os ricos, teoricamente alimentada pela mobilidade social de gerações com acesso a educação gratuita e pela existência de oportunidades de emprego criadas por uma economia em crescimento.

Mas longe parecem ir os tempos em que a oposição da altura, agora no governo, prometia “privilegiar a via do crescimento, em vez da via da austeridade”. Mas obviamente, criar riqueza através do crescimento é bem mais difícil do que alguns pensavam, e pensam.

Por isso lá vão entretendo o povo com a redistribuição da austeridade como substituto da redistribuição da riqueza que já não existe. Até serem todos pobres, mas todos iguais… e todos controlados pelo Estado.

04.10.2016 às 7h00
PAULO BARRADAS
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