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Fundo de Cooperação avalia projetos de Sines e de David Chow
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Fundo de Cooperação avalia projetos de Sines e de David Chow
A entidade financeira que passará a ter sede em Macau está considerar quatro projetos para investimento em Portugal, Cabo Verde, Angola e Moçambique. Mas diz que ainda aguarda informação detalhada e estudos de viabilidade.
O Fundo de Cooperação e Desenvolvimento China-Países de Língua Portuguesa está a analisar a possibilidade de financiamento do projeto português do novo terminal de Sines, bem como do projeto Gamboa Djeu Resort, empreendimento de jogo que o empresário de Macau David Chow pretende construir na cidade da Praia, em Cabo Verde.
A indicação foi dada em declarações ao PLATAFORMA MACAU na última quarta-feira, em Macau, por Chi Jianxin, presidente da entidade financeira que se encontra sob gestão do Banco Chinês de Desenvolvimento e que passará a ter sede em Macau. O fundo, também sob alçada formal do Fundo de Desenvolvimento China-Africa, prevê uma dotação global de mil milhões de dólares e tinha como mandato até aqui o financiamento de projetos de cooperação empresarial sino-lusófona em infraestruturas, energia, recursos naturais e sector agrícola, excluindo o sector do turismo.
Chi Jianxin, também vice-presidente do Banco da China em Chongqing, participou na última quarta-feira num seminário temático sobre cooperação financeira realizado um dia após a 5ª reunião ministerial do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China dos Países de Língua Portuguesa. Na reunião, o primeiro-ministro chinês Li Keqiang comprometeu o país com a absorção plena do fundo anunciado em 2010 pelo seu antecessor, Wen Jiabao, e cujo lento desembolso tem suscitado descontentamento por parte dos empresários da comunidade lusófona.
O presidente do fundo justificou o nível baixo das aplicações alegando que as empresas têm tardado em entregar estudos de viabilidade económica e a documentação detalhada necessária a que haja uma avaliação do retorno potencial dos projetos.
“A imprensa tem noticiado que a primeira fase não foi suficientemente rápida no investimento. Mas, do nosso ponto de vista, não temos acesso a grande informação que nos permita fazer o estudo dos projetos. É isso que nos leva a decidir estabelecer agora a nossa sede em Macau para que seja mais fácil contactar os empresários de Macau e de outros países”, afirmou.
Chi Jianxin explicou que o fundo de natureza comercial depende do interesse dos acionistas e clarificou que não está em causa a atribuição de linhas de crédito mas antes investimento direto por parte da entidade financeira. “Partilhamos lucros. É investimento direto como qualquer fundo privado”, afirmou.
Constituído em 2013 e inicialmente dotado de um capital de 125 milhões de dólares, o Fundo de Cooperação encontra-se agora numa segunda fase de operacionalização, de acordo com o seu presidente. Chi Jianxin assegurou que a capitalização plena está agora a ter lugar, com uma mobilização adicional de 875 milhões de dólares por parte dos investidores acionistas, numa altura em que há quatro projetos em avaliação.
Segundo o responsável, o fundo está atualmente em negociações com o empresário David Chow, do grupo Macau Legend, para o financiamento do resort por este planeado para a cidade da Praia, com custos preliminarmente avaliados em 250 milhões de euros ( cerca de 276 milhões de dólares). O valor do possível investimento por parte do fundo sino-lusófono não está calculado.
“Vai depender do tamanho total do projeto. Ainda não têm os detalhes do investimento total. O senhor Chow está a ponderar o projeto passo a passo, mas ainda não foi concluído o estudo de viabilidade. Precisamos desse estudo, que eles ainda não terminaram”, indicou Chi Jianxin.
Empresas e instituições de Portugal estão também em conversações com o Fundo de Cooperação para uma candidatura a financiamento nas obras de desenvolvimento de um novo terminal de contentores para o Porto de Sines. O possível investimento depende ainda de documentação mais detalhada do projeto. “Algumas empresas e instituições apresentaram-nos o projeto, mas a informação é muito limitada relativamente ao terminal”, explicou Chi.
O presidente do Fundo de Cooperação avançou ainda que o fundo está a analisar também possíveis investimentos em Angola e Brasil. “Em Angola estamos a discutir projetos de manufactura e também agrícolas. No Brasil, estamos a discutir vários projetos que envolvem agricultura e infraestruturas”, explicou.
Até ao presente, o Fundo de Cooperação e Desenvolvimento China-Países de Língua Portuguesa financiou apenas dois projetos, num montante global de 16,5 milhões de dólares, incluindo um projeto de produção agrícola de arroz em Moçambique pela empresa Wanbao, que obteve uma participação de 10 milhões de dólares, e outro de distribuição de energia em Angola, que recebeu o remanescente investimento.
Haitong e BCD vão financiar logística em Sines
Portugal espera acolher o investimento de empresas chinesas para a zona industrial e logística do Porto de Sines após a assinatura de um memorando de entendimento entre Haitong Bank, Banco Chinês de Desenvolvimento (BCD) e a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), que deverá disponibilizar financiamento.
O entendimento foi assinado no passado dia 9, em Pequim, durante a visita do primeiro-ministro português, António Costa, e segundo o ministro da Economia do país, Manuel Caldeira Cabral, permitirá facilitar investimentos associados ao porto de Sines, para o qual o governo de Lisboa se encontra também à procura de investidores.
“Este protocolo com o Haitong Bank vai ajudar a que empresas chinesas que queiram desenvolver projetos em Sines tenham já uma maior facilidade de encontrar financiamento para esses projetos. Mas há outros projetos, também de obras públicas, ligados ao porto de Sines, que também esperamos que atraiam interesse por parte da China”, indicou o responsável da economia durante a visita a Macau para participar nos encontros do Fórum de Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, nas últimas terça e quarta-feira.
Com este memorando, AICEP e entidades financeiras pretendem instalar nova capacidade logística e industrial que conduza ao aumento da procura pelas instalações portuárias e consequente ampliação, mediante a realização de concurso internacional. O terminal de contentores atualmente existente no porto de Sines é gerido em concessão pela Porto of Singapore Authority (PSA).
De acordo com Manuel Cabral, a deslocação portuguesa à República popular da China da última semana permitiu observar interesse das empresas. “Estamos muito contentes porque as primeiras abordagens demonstram que há de facto grandes empresas chinesas que estão interessadas porque veem que é uma infraestrutura essencial para este crescente comércio”, defendeu o governante.
M. C.
Maria Caetano
Plataforma Macau
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