(D)Eficiência

O gesto simples do Presidente da República convoca-nos para um debate que mais cedo ou mais tarde vamos ter de fazer. Temos obrigações com as inúmeras minorias portadoras de deficiência e raramente cumprimos essas obrigações. As cidades, as escolas, a sociedade de uma forma geral organiza-se a pensar na "normalidade", esquecendo-se de que, como disse ontem Marcelo Rebelo de Sousa, "nós somos todos diferentes e essa é a nossa força".

Temos uma Secretaria de Estado da Inclusão das Pessoas com Deficiência e esse é igualmente um passo que tem de ter significado, mas também tem de ter consequências. Não será um caminho fácil e não tem sido um caminho de sucesso.

A maioria das cidades portuguesas não está minimamente preparada para pessoas portadoras de deficiência física que as obriga a deslocar-se em cadeira de rodas. Não há passadeiras niveladas, há passeios demasiado estreitos e até demasiados carros estacionados em cima dos passeios. Nenhuma cidade portuguesa, insisto, nenhuma, tem preocupação com os invisuais quando licencia esplanadas, coloca sinais de trânsito ou autoriza a colocação de caixas de distribuição de eletricidade. Podia seguir pelas páginas deste jornal, continuando com exemplos de como não existe um verdadeiro esforço pela inclusão.

Marcelo foi de uma enorme eficiência com a decisão de passar a incluir linguagem gestual nos vídeos que o site da Presidência disponibiliza. Isso já é feito por várias televisões e em vários eventos pelo país fora, mas o gesto de Marcelo tem a virtude de nos pôr a pensar em todos os portadores de deficiência e no que temos de fazer para verdadeiramente os incluir.

O poder político e o Bloco de Esquerda em particular, por já ter manifestado essa intenção, têm aqui uma fortíssima agenda para 2017.

16 DE NOVEMBRO DE 2016
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Paulo Baldaia
Diário de Notícias