Paroles, paroles!!

“A propósito da malograda vinda da terceira ponte para o Barreiro, uma grande parte desse estudo terá sido já feita. E continuo a perguntar-me se Lisboa não quer o terminal na sua área, se Almada também foi contra a instalação, porque carga de água as desvantagens de Lisboa e de Almada se tornam vantagens para o Barreiro?”

Esta manhã, aproveitando este sol de inverno, o meu velho Amigo e Colega da Alfredo da Silva lá estava numa das esplanadas junto ao Mercado Municipal, lendo um semanário e saboreando a sua bica. Mal me viu:
“Bom dia! Vem até aqui um bocadinho para conversarmos.”

“Bom dia! Tens algum motivo especial para a nossa conversa?”

“Tenho, pelo menos dois, a saber: terminal de contentores e segurança. O que pensas disso?”

“Como sabes, não sou grande entusiasta desse tal terminal. As notícias vindas a público continuam, tal como uma canção da Dalida, a não passar de paroles, paroles!”

“É boa. Avança um pouco.”

“Segundo o jornal ROSTOS, em recente reunião da Câmara foi referido que os custos de dragagens estavam dentro do previsto pela APL e a contaminação do rio Tejo o esperado. Quanto ao saber-se os valores exactos...nada!”
“Tens razão! Mas ainda devem faltar outros estudos importantes, designadamente sobre o impacto ambiental dessa obra.”

“A propósito da malograda vinda da terceira ponte para o Barreiro, uma grande parte desse estudo terá sido já feita. E continuo a perguntar-me se Lisboa não quer o terminal na sua área, se Almada também foi contra a instalação, porque carga de água as desvantagens de Lisboa e de Almada se tornam vantagens para o Barreiro?”

“Voltas a ter razão. Além dos eventuais custos elevadíssimos, o porto de Setúbal encontra-se devidamente preparado-e já o disseram-para aumentar a capacidade do seu terminal de contentores.”

“Por outro lado, considero que o chamariz do aumento de postos de trabalho no Barreiro não passa disso mesmo: um chamariz. Quantos, quais e onde esses hipotéticos postos de trabalho?”

“E sobre a segurança na nossa terra, o que achas?”

“Continua deficiente. É raro ver-se polícias, a pé, patrulhando as nossas ruas, só o fazem em automóveis. Por isso, aquela nossa Colega da Alfredo da Silva, a Aninhas, que já morava, com os pais e irmãos, perto da Senhora do Rosário, e que ali continua a residir, herdada, que foi, a casa paterna, me disse há dias que, atentas as circunstâncias e bem sabendo que eu conhecia melhor do que ela as razões da vinda da GNR para o Barreiro, até sentia saudades dela!”

“A Aninhas, lembro-me bem dela, era uma das raparigas mais bonitas da nossa Escola. Mas vocês andavam sempre juntos, pareciam namorados!”

“Nada disso! Éramos da mesma turma e eu, que vinha do Alto do Seixalinho, passava à sua porta e vínhamos juntos para a Escola. Quando acabavam as aulas eu a acompanhava até à porta de casa. E muitas vezes, eu e outras Colegas, íamos para sua casa estudar!”

“ Mas qual o porquê dessas saudades da GNR?”

“Estivemos sentados num pequeno café existente na zona e ela perguntou-me; lembras-te dos nossos tempos da Alfredo da Silva em que as portas das nossas casas só estavam fechadas no trinco e em muitas até havia um orifício por onde passava um cordel que nos permitia abrir as portas sem chave?”

“Se me lembro! E hoje?”

“Hoje, se assim estivessem eram assaltos garantidos!”

“É bem verdade. Mas não há o propósito de criar uma Polícia Municipal?”

“Pois há. Mas sobre isso perfilho as pertinentes palavras de um então deputado municipal que, em tempos e numa reunião daquele Órgão autárquico disse que “não se deve associar Polícia Municipal à segurança” uma vez que as suas funções são as “de regular o trânsito e zelar pelo cumprimentos das posturas municipais”. Ou seja, para as questões de segurança já existe a PSP, no nosso caso concreto! Em boa verdade algo terá de mudar, para melhor, por parte da PSP!”

Jorge Fagundes
Barreiro
20.11.2016 - 00:25
Rostos