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Indústria 4.0: o maior desafio passa por desenvolver competências
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Indústria 4.0: o maior desafio passa por desenvolver competências
Uma das grandes conclusões que se pode tirar da realização da Web Summit prende-se com o esbatimento progressivo da fronteira entre o mundo real e o virtual, como resultado da utilização crescente de tecnologias digitais em vários sectores.
Disto é exemplo a Indústria 4.0. Efectivamente, como afirmam os organizadores do evento, já não existe verdadeiramente um sector das tecnologias; apenas sectores que têm sido impactados por elas.
Os benefícios económicos da aplicação dos desenvolvimentos tecnológicos ao sector industrial têm sido amplamente estudados. Governos e empresas têm lançado estratégias e iniciativas para incorporar a tecnologia na economia, com o objectivo de aumento de produtividade e promover crescimento.
A contrapartida da evolução tecnológica sobre a economia
Contudo, um aspecto tem vindo a ser subestimado: o impacto desta 4ª revolução industrial sobre o mercado laboral. E não na vertente de redução no número de empregos disponíveis como resultado da eliminação de posições através da automatização industrial e aumento de produtividade geral. Antes no que respeita à evolução das competências exigíveis aos trabalhadores do sector no futuro.
No estudo "Future of Jobs", do World Economic Forum, conclui-se que um terço do "skillset" nuclear da maioria das profissões em 2020 será composto por competências pouco relevantes no contexto actual. No sector industrial, as tarefas de âmbito mais técnico serão progressivamente eliminadas ou substituídas por outras que exijam, por exemplo, capacidade cognitiva ou conhecimento de funcionamento de sistemas. Neste sentido, o crescimento económico será influenciado pela capacidade de desenvolvimento de trabalhadores com as competências exigíveis às novas circunstâncias do mercado.
Esta situação coloca um conjunto de desafios aos sistemas educativo e laboral dos países, que têm respondido com investimento reforçado em educação. Contudo, este não tem evitado um desalinhamento entre as competências dos candidatos e aquelas que o mercado cada vez mais necessita, assinalado como uma das razões para o desemprego jovem.
Recomendações para um melhor aproveitamento da mudança
Um estudo internacional da Roland Berger identificou três eixos de trabalho essenciais para promover uma dinâmica positiva no desenvolvimento de competências na indústria:
1) Lançar um diagnóstico da procura futura de competências;
- Avaliar a situação actual e a evolução esperada para a educação, formação profissional e desenvolvimento de competências num âmbito de adopção progressiva de tecnologia;
2) Melhorar a qualidade de educação e de formadores;
- Envolver a indústria para rever matérias curriculares e alinhar a educação e formação profissional com base nas competências necessárias;
- Desenvolver planos de formação e melhoria contínua para educadores e formadores;
3) Promover formação profissional e estender o seu alcance;
- Introduzir bolsas e empréstimos para formação profissional;
- Alocar fundos para expansão de infra-estruturas de educação e formação profissional.
Portugal tem vindo a trilhar um caminho relevante no domínio da digitalização, patente no sucesso da educação na área das tecnologias. Contudo, o mercado laboral português, em particular no sector industrial, é ainda composto por uma larga maioria de trabalhadores com qualificações reduzidas, que impõe preparar para o futuro. A base para desenvolver competências, temo-la. Importa agora construir sobre ela.
Roland Berger
20 de Novembro de 2016 às 18:40
Negócios
Disto é exemplo a Indústria 4.0. Efectivamente, como afirmam os organizadores do evento, já não existe verdadeiramente um sector das tecnologias; apenas sectores que têm sido impactados por elas.
Os benefícios económicos da aplicação dos desenvolvimentos tecnológicos ao sector industrial têm sido amplamente estudados. Governos e empresas têm lançado estratégias e iniciativas para incorporar a tecnologia na economia, com o objectivo de aumento de produtividade e promover crescimento.
A contrapartida da evolução tecnológica sobre a economia
Contudo, um aspecto tem vindo a ser subestimado: o impacto desta 4ª revolução industrial sobre o mercado laboral. E não na vertente de redução no número de empregos disponíveis como resultado da eliminação de posições através da automatização industrial e aumento de produtividade geral. Antes no que respeita à evolução das competências exigíveis aos trabalhadores do sector no futuro.
No estudo "Future of Jobs", do World Economic Forum, conclui-se que um terço do "skillset" nuclear da maioria das profissões em 2020 será composto por competências pouco relevantes no contexto actual. No sector industrial, as tarefas de âmbito mais técnico serão progressivamente eliminadas ou substituídas por outras que exijam, por exemplo, capacidade cognitiva ou conhecimento de funcionamento de sistemas. Neste sentido, o crescimento económico será influenciado pela capacidade de desenvolvimento de trabalhadores com as competências exigíveis às novas circunstâncias do mercado.
Esta situação coloca um conjunto de desafios aos sistemas educativo e laboral dos países, que têm respondido com investimento reforçado em educação. Contudo, este não tem evitado um desalinhamento entre as competências dos candidatos e aquelas que o mercado cada vez mais necessita, assinalado como uma das razões para o desemprego jovem.
Recomendações para um melhor aproveitamento da mudança
Um estudo internacional da Roland Berger identificou três eixos de trabalho essenciais para promover uma dinâmica positiva no desenvolvimento de competências na indústria:
1) Lançar um diagnóstico da procura futura de competências;
- Avaliar a situação actual e a evolução esperada para a educação, formação profissional e desenvolvimento de competências num âmbito de adopção progressiva de tecnologia;
2) Melhorar a qualidade de educação e de formadores;
- Envolver a indústria para rever matérias curriculares e alinhar a educação e formação profissional com base nas competências necessárias;
- Desenvolver planos de formação e melhoria contínua para educadores e formadores;
3) Promover formação profissional e estender o seu alcance;
- Introduzir bolsas e empréstimos para formação profissional;
- Alocar fundos para expansão de infra-estruturas de educação e formação profissional.
Portugal tem vindo a trilhar um caminho relevante no domínio da digitalização, patente no sucesso da educação na área das tecnologias. Contudo, o mercado laboral português, em particular no sector industrial, é ainda composto por uma larga maioria de trabalhadores com qualificações reduzidas, que impõe preparar para o futuro. A base para desenvolver competências, temo-la. Importa agora construir sobre ela.
Roland Berger
20 de Novembro de 2016 às 18:40
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