Exportações estagnam e comércio global cai 1% nos primeiros 6 meses de 2016

Os alertas são hoje um cenário repetitivo, no qual existe uma certeza: nas mais cruciais rotas marítimas comerciais do globo, existem demasiados navios para o volume de mercadorias actualmente a serem transaccionadas. A essa certeza acresce-se outra, que explica o cenário reinante - a dinâmica das exportações encontra-se em total estagnação, num enquadramento mundial que debate-se para não mergulhar em políticas proteccionistas e fragmentadoras.

De acordo com dados fornecidos pela ONU e pela OMC indicam que o presente ano espelhará o estagnado comportamento do índice das exportações, num dos piores registos em décadas. Batendo recordes negativos e encarando um futuro instável, tanto a nível político como a nível comercial - a indústria global deparou-se em 2015 com um dos mais ténues crescimentos no volume de produtos transportados pelos oceanos desde 2009 (dados compilados pela ONU), ano do desmoronamento económico-financeiro global mais recente.

Os dados da ONU indicam também aquilo que todos temiam: o processo de globalização comercial entrou em regressão, auxiliado fortemente pelas recessões generalizadas e por novas filosofias políticas proteccionistas e fenómenos analógicos, como o Brexit ou a eleição de Donald Trump como novo presidente dos EUA. «O crescimento baixo do sector de transporte marítimo reflecte os problemas no comércio global», alerta agora o estudo anual da ONU sobre o sector de cargas.

O aviso chega na sequência da divulgação de dados por parte de entidades internacionais, como o Escritório de Análise Económica da Holanda, que revelou a existência de uma queda de mais de 1% do comércio internacional nos dois primeiros trimestres de 2016. Também a OMC não foi portadora de boas notícias, revendo em baixa a sua previsão de expansão do comércio para 2016. Estima assim a OMC que 2016 pode ser o pior desde 2009. O ano de 2017 terá modificações insignificantes, revelou, mantendo-se a tónica na estagnação.

23/11/2016
CARGO Edições,Lda © 2016