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Os desafios das estatísticas oficiais na era digital
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Os desafios das estatísticas oficiais na era digital
As estatísticas oficiais são um dos mais importantes suportes das sociedades desenvolvidas, sendo usadas pelos agentes económicos e pelos cidadãos como forma de suportar a sua tomada de decisão.
No entanto, é necessário ter em conta que o mundo está em mudança, que novas tecnologias estão a aparecer todos os dias e que todos os orçamentos estão sob forte pressão. Mais do que nunca, os produtores de estatísticas oficiais têm de procurar fazer mais e melhor com menos recursos e justificar perante a opinião pública as prioridades de aplicação dos seus orçamentos.
A par com estes desafios, aparecem outros específicos das estatísticas oficiais. A pressão dos utilizadores, cada vez mais exigentes, procurando informação mais detalhada, personalizada, rápida e precisa. A cada vez menor disponibilidade dos potenciais respondentes aos inquéritos que podem constituir um significativo custo, particularmente no caso das empresas. O crescimento do número de "stakeholders" que condicionam os institutos de estatística relativamente à afetação dos recursos disponíveis.
Este enquadramento convive com um novo fenómeno relacionado com a era digital onde cresce o número de fontes de dados digitais, que incluem áreas tão diversas como as redes sociais, as telecomunicações móveis, os dispositivos inteligentes, os sensores e o comércio eletrónico. Tudo isto constitui um extraordinário manancial de informação que não mais pode ser ignorado pelos produtores de estatísticas oficiais. Estas fontes de informação, a par com a utilização de dados administrativos, que ainda hoje permanecem largamente inexplorados para fins estatísticos, apresentam significativos benefícios com óbvias reduções no custo de recolha de dados, na redução dos tempos de disponibilização de informação, no nível de detalhe das estatísticas e na redução do esforço exigido a cidadãos e empresas.
A utilização destas fontes digitais e administrativas é uma realidade à disposição das sociedades. Veja-se o "Billion Prices Project" (MIT) que com base na recolha de preços de comerciantes online provou ser capaz de produzir taxas de inflação competitivas com as que se produzem, com custo e esforço adicionais, no âmbito dos institutos de estatística. Outros exemplos envolvem a utilização de dados de telecomunicações móveis para estimar fluxos de tráfego ou para a produção de estatísticas do turismo e a substituição dos recenseamentos da população por dados de fontes administrativas. Mesmo em casos em que estas fontes não possam substituir totalmente os inquéritos, poderão servir como informação auxiliar usada para reduzir o seu custo. Um bom exemplo é a utilização de dados sobre pesquisa online de emprego ou as inscrições em centros de emprego para auxiliar a estimação das taxas de desemprego.
Mesmo no contexto das recolhas de dados baseadas em inquéritos, existe igualmente um enorme potencial inexplorado de redução do custo de recolha de dados e do esforço exigido aos agentes económicos, através da utilização de novos modos de recolha, como são, por exemplo, os painéis web.
Todas estas oportunidades exigem profundas mudanças metodológicas. O perfil do tradicional estatístico será cada vez mais o de o novo "data scientist", cujas competências estão na interseção da estatística, da computação, dos sistemas de informação e das ciências sociais.
Finalmente, é de referir que nada disto estará verdadeiramente ao serviço dos cidadãos se não for acompanhado por uma revolução ao nível da disseminação das estatísticas. A era das tradicionais publicações que disponibilizavam os mesmos resultados a todos os utilizadores tem os dias contados. Os produtores devem ser capazes de disponibilizar esta informação na forma de sistemas dinâmicos que permitam combinar as variáveis e períodos de referência, de acordo com o perfil e necessidades dos utilizadores, passando-se de um paradigma com periodicidade predefinida para um modelo de disponibilização contínua de informação.
Por tudo isto, estamos à beira de uma verdadeira disrupção na produção de estatísticas oficiais, que, se bem-sucedida, originará grande benefício para os estados e cidadãos.
Professor catedrático da Universidade Nova de Lisboa|Diretor da NOVA Information Management School
Este artigo está em conformidade com o novo Acordo Ortográfico
Pedro Simões Coelho
06 de Dezembro de 2016 às 19:05
Negócios
No entanto, é necessário ter em conta que o mundo está em mudança, que novas tecnologias estão a aparecer todos os dias e que todos os orçamentos estão sob forte pressão. Mais do que nunca, os produtores de estatísticas oficiais têm de procurar fazer mais e melhor com menos recursos e justificar perante a opinião pública as prioridades de aplicação dos seus orçamentos.
A par com estes desafios, aparecem outros específicos das estatísticas oficiais. A pressão dos utilizadores, cada vez mais exigentes, procurando informação mais detalhada, personalizada, rápida e precisa. A cada vez menor disponibilidade dos potenciais respondentes aos inquéritos que podem constituir um significativo custo, particularmente no caso das empresas. O crescimento do número de "stakeholders" que condicionam os institutos de estatística relativamente à afetação dos recursos disponíveis.
Este enquadramento convive com um novo fenómeno relacionado com a era digital onde cresce o número de fontes de dados digitais, que incluem áreas tão diversas como as redes sociais, as telecomunicações móveis, os dispositivos inteligentes, os sensores e o comércio eletrónico. Tudo isto constitui um extraordinário manancial de informação que não mais pode ser ignorado pelos produtores de estatísticas oficiais. Estas fontes de informação, a par com a utilização de dados administrativos, que ainda hoje permanecem largamente inexplorados para fins estatísticos, apresentam significativos benefícios com óbvias reduções no custo de recolha de dados, na redução dos tempos de disponibilização de informação, no nível de detalhe das estatísticas e na redução do esforço exigido a cidadãos e empresas.
A utilização destas fontes digitais e administrativas é uma realidade à disposição das sociedades. Veja-se o "Billion Prices Project" (MIT) que com base na recolha de preços de comerciantes online provou ser capaz de produzir taxas de inflação competitivas com as que se produzem, com custo e esforço adicionais, no âmbito dos institutos de estatística. Outros exemplos envolvem a utilização de dados de telecomunicações móveis para estimar fluxos de tráfego ou para a produção de estatísticas do turismo e a substituição dos recenseamentos da população por dados de fontes administrativas. Mesmo em casos em que estas fontes não possam substituir totalmente os inquéritos, poderão servir como informação auxiliar usada para reduzir o seu custo. Um bom exemplo é a utilização de dados sobre pesquisa online de emprego ou as inscrições em centros de emprego para auxiliar a estimação das taxas de desemprego.
Mesmo no contexto das recolhas de dados baseadas em inquéritos, existe igualmente um enorme potencial inexplorado de redução do custo de recolha de dados e do esforço exigido aos agentes económicos, através da utilização de novos modos de recolha, como são, por exemplo, os painéis web.
Todas estas oportunidades exigem profundas mudanças metodológicas. O perfil do tradicional estatístico será cada vez mais o de o novo "data scientist", cujas competências estão na interseção da estatística, da computação, dos sistemas de informação e das ciências sociais.
Finalmente, é de referir que nada disto estará verdadeiramente ao serviço dos cidadãos se não for acompanhado por uma revolução ao nível da disseminação das estatísticas. A era das tradicionais publicações que disponibilizavam os mesmos resultados a todos os utilizadores tem os dias contados. Os produtores devem ser capazes de disponibilizar esta informação na forma de sistemas dinâmicos que permitam combinar as variáveis e períodos de referência, de acordo com o perfil e necessidades dos utilizadores, passando-se de um paradigma com periodicidade predefinida para um modelo de disponibilização contínua de informação.
Por tudo isto, estamos à beira de uma verdadeira disrupção na produção de estatísticas oficiais, que, se bem-sucedida, originará grande benefício para os estados e cidadãos.
Professor catedrático da Universidade Nova de Lisboa|Diretor da NOVA Information Management School
Este artigo está em conformidade com o novo Acordo Ortográfico
Pedro Simões Coelho
06 de Dezembro de 2016 às 19:05
Negócios
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