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O que desconhecemos
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O que desconhecemos
A edição desta semana da revista Newsweek tem um robô na capa e a frase: "Esqueçam os emigrantes, são estes que vos vão substituir." O número é dedicado à nova economia assente na robótica e na inteligência artificial.
Descreve as profundas transformações em curso, os enormes investimentos e, como não podia deixar de ser, dá alguns exemplos dos efeitos no desemprego humano. Destaco um. Os carros sem condutor, que já são uma realidade, irão ter nos próximos anos um enorme impacto no setor dos transportes de mercadorias e em geral em todo o tipo de transporte. O motorista é uma profissão em vias de extinção. São milhões. A maioria não sabe fazer mais nada.
Mas esta Newsweek é interessante noutra perspetiva. A da ignorância.
Ignorância do que está a acontecer. A maioria das pessoas não se dá conta da evolução tecnológica e das suas implicações. Foi o que sucedeu com a internet. Agora é a vez da inteligência artificial. Surgem umas notícias avulsas, fazem-se umas piadas, há sempre quem diga que não é possível ou é uma conspiração qualquer, mas circula pouca informação séria sobre o assunto. Não circula nos media, na política, nem no meio empresarial. A realidade surge sempre como uma grande surpresa. Cabe dizer: são as coisas que desconhecemos que mudam as nossas vidas.
Ignorância também na responsabilização da crise económica. A Newsweek refere os emigrantes, na linha do pensamento primitivo de Donald Trump, mas o mesmo se pode dizer da Europa onde o emigrante é o culpado de tudo. No entanto, além das práticas catastróficas, não-produtivas e especulativas do sistema financeiro; além também de uma política capturada pelos muito ricos contra a maioria, cabe à evolução tecnológica a maior responsabilidade pela crise económica. Por dois motivos principais. Tem sido extremamente veloz, não dando tempo à adaptação; é altamente disruptiva, não permitindo integração. Não estamos já a falar de uma evolução tecnológica no sentido da introdução de um pequeno melhoramento. Hoje, essa evolução substitui uma coisa por outra totalmente nova. A velha vai para o lixo, ou para o museu.
Em suma, temos um sério problema de falta de informação. A maioria dos media convencionais não está preparada, nem interessada, em tratar deste tipo de temas, preferindo consumir o seu e o nosso tempo com assuntos conjunturais. Entre outras coisas, como futebol e casos de polícia, dá-se uma excessiva relevância ao conflito político, aos partidos, aos políticos individualmente. Todos os dias, a todas as horas, ouvimos e vemos declarações, intrigas, trocas de insultos, na maioria dos casos sem o mínimo de interesse que não seja passar o tempo. É um evidente desperdício. Tanto mais que a política tem perdido muita da sua efetiva importância. A política tornou-se profissional, mas é pouco técnica. Basta assistir a qualquer debate da Assembleia da República para se perceber o baixo nível da argumentação. Ainda recentemente um secretário de Estado, referindo-se a um deputado do PSD, disse que este devia ter sofrido de uma "disfuncionalidade cognitiva temporária", ou seja, de um lapso. É uma linguagem que não se usa na Assembleia, onde se preferem os trocadilhos futebolísticos e as piadinhas de mau gosto. Mas é no mínimo preocupante que a frase tenha suscitado um tumulto na bancada do PSD onde se destacava uma senhora que gritava "cognitivo, és tu".
Enfim, continuamos na estupidez natural enquanto a inteligência artificial se vai desenvolvendo.
Artista Plástico
Este artigo está em conformidade com o novo Acordo Ortográfico
Leonel Moura | leonel.moura@mail.telepac.pt
08 de Dezembro de 2016 às 20:45
Negócios
Descreve as profundas transformações em curso, os enormes investimentos e, como não podia deixar de ser, dá alguns exemplos dos efeitos no desemprego humano. Destaco um. Os carros sem condutor, que já são uma realidade, irão ter nos próximos anos um enorme impacto no setor dos transportes de mercadorias e em geral em todo o tipo de transporte. O motorista é uma profissão em vias de extinção. São milhões. A maioria não sabe fazer mais nada.
Mas esta Newsweek é interessante noutra perspetiva. A da ignorância.
Ignorância do que está a acontecer. A maioria das pessoas não se dá conta da evolução tecnológica e das suas implicações. Foi o que sucedeu com a internet. Agora é a vez da inteligência artificial. Surgem umas notícias avulsas, fazem-se umas piadas, há sempre quem diga que não é possível ou é uma conspiração qualquer, mas circula pouca informação séria sobre o assunto. Não circula nos media, na política, nem no meio empresarial. A realidade surge sempre como uma grande surpresa. Cabe dizer: são as coisas que desconhecemos que mudam as nossas vidas.
Ignorância também na responsabilização da crise económica. A Newsweek refere os emigrantes, na linha do pensamento primitivo de Donald Trump, mas o mesmo se pode dizer da Europa onde o emigrante é o culpado de tudo. No entanto, além das práticas catastróficas, não-produtivas e especulativas do sistema financeiro; além também de uma política capturada pelos muito ricos contra a maioria, cabe à evolução tecnológica a maior responsabilidade pela crise económica. Por dois motivos principais. Tem sido extremamente veloz, não dando tempo à adaptação; é altamente disruptiva, não permitindo integração. Não estamos já a falar de uma evolução tecnológica no sentido da introdução de um pequeno melhoramento. Hoje, essa evolução substitui uma coisa por outra totalmente nova. A velha vai para o lixo, ou para o museu.
Em suma, temos um sério problema de falta de informação. A maioria dos media convencionais não está preparada, nem interessada, em tratar deste tipo de temas, preferindo consumir o seu e o nosso tempo com assuntos conjunturais. Entre outras coisas, como futebol e casos de polícia, dá-se uma excessiva relevância ao conflito político, aos partidos, aos políticos individualmente. Todos os dias, a todas as horas, ouvimos e vemos declarações, intrigas, trocas de insultos, na maioria dos casos sem o mínimo de interesse que não seja passar o tempo. É um evidente desperdício. Tanto mais que a política tem perdido muita da sua efetiva importância. A política tornou-se profissional, mas é pouco técnica. Basta assistir a qualquer debate da Assembleia da República para se perceber o baixo nível da argumentação. Ainda recentemente um secretário de Estado, referindo-se a um deputado do PSD, disse que este devia ter sofrido de uma "disfuncionalidade cognitiva temporária", ou seja, de um lapso. É uma linguagem que não se usa na Assembleia, onde se preferem os trocadilhos futebolísticos e as piadinhas de mau gosto. Mas é no mínimo preocupante que a frase tenha suscitado um tumulto na bancada do PSD onde se destacava uma senhora que gritava "cognitivo, és tu".
Enfim, continuamos na estupidez natural enquanto a inteligência artificial se vai desenvolvendo.
Artista Plástico
Este artigo está em conformidade com o novo Acordo Ortográfico
Leonel Moura | leonel.moura@mail.telepac.pt
08 de Dezembro de 2016 às 20:45
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