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"The World Gone Mad"
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"The World Gone Mad"
O desprezo pelos factos e pela análise é acompanhado por uma desvalorização da liberdade de expressão e dos valores da democracia, à esquerda e à direita.
Com o referendo do Brexit e a vitória de Trump, a "narrativa" que parece vingar (com algum fundo de verdade, mas demasiado simplista) é a de que, no processo de globalização económica das últimas décadas, as "elites" perderam de vista os interesses e o ponto de vista do "homem comum", que agora se revolta contra as forças políticas "mainstream", votando a favor de visões políticas extremistas e populistas. As vitórias do Brexit e de Trump parecem, também, dar credibilidade às pretensões políticas e eleitorais de forças anti-sistema como a Frente Nacional, em França, o 5 Estrelas, em Itália, e a AfD, na Alemanha (com eleições à porta nestes países, em 2017). Os projectos da União Europeia e do euro são postos em causa e apresentados como falhanços. O comércio livre é visto como prejudicial. O cepticismo saudável sobre as ideias e as propostas políticas é esquecido, passando a haver certezas absolutas sobre tudo. Da mesma forma, o escrutínio dessas ideias e propostas a partir do estudo, da análise, da experiência é não só evitado, como ridicularizado.
Interessa mais o que se "sente" do que o que é (o crime violento nos EUA está em mínimos históricos? Isso não interessa. Interessa é as pessoas "sentirem" que o crime está em máximos). O desprezo pelos factos e pela análise é acompanhado por uma desvalorização da liberdade de expressão e dos valores da democracia, à esquerda e à direita. E isso parece acontecer de uma forma mais visível na população mais jovem e, supostamente, mais instruída. Alguns exemplos assustam: a não aceitação de resultados eleitorais, a prioridade ao "poder na rua" ou, em muitas universidades (sobretudo no mundo anglo-saxónico), o boicote à expressão de ideias diferentes em conferências, a discriminação de livros nas bibliografias das cadeiras, a exigência de "espaços seguros" onde não é permitida a divergência de opiniões, entre outros; fora das universidades, por exemplo no mundo literário, o ataque feroz (e, na verdade, racista) àquilo que chamam "apropriação cultural", na prática "proibindo" um criador artístico de utilizar referências históricas e culturais que não são as suas…! Não existe uma explicação fácil e única para este estado a que o mundo chegou.
A facilidade com que se cai nos extremos e com que se despreza a liberdade de expressão (à esquerda e à direita) terá muito que ver com a falta de memória histórica sobre as consequências dos extremismos e dos totalitarismos. Resulta também dos efeitos da maior crise económica dos últimos 80 anos, dos quais não recuperámos ainda. E resulta também muito de factores estruturais, sobretudo ligados a uma demografia adversa e a desenvolvimentos tecnológicos, neste caso alimentando a desigualdade de rendimentos dentro das economias desenvolvidas, um problema central a que, também, não se deu ainda uma resposta satisfatória. Em qualquer caso, fica a sensação de que o mundo está a recuar 80 ou 90 anos, arriscando repetir os erros da altura. Que não fiquem dúvidas, a expressão do voto (no referendo do Brexit, nas eleições americanas ou nas futuras eleições na Europa) não pode nunca deixar de ser respeitada. Mas não sejamos também ingénuos: para problemas complexos não há respostas simples, e muitas das "soluções milagrosas" apresentadas à esquerda e à direita como verdades absolutas e com o suposto mérito de desprezarem o "sistema" são uma demagogia e uma ilusão (e.g. os diferentes proteccionismos, a concorrência como um jogo de soma nula, o "nós" contra "eles"). Sociedades abertas, democráticas, regidas pelo Estado de Direito e com sistemas económicos baseados na liberdade e na concorrência saudável e regulada foram aquelas que geraram os maiores ganhos de bem-estar e de desenvolvimento humano. Parece exagero mas, com o rumo "louco" que o mundo leva, arriscamo-nos a pôr tudo isto em causa.
Economista
Carlos Almeida Andrade
15 de Dezembro de 2016 às 21:05
Negócios
Com o referendo do Brexit e a vitória de Trump, a "narrativa" que parece vingar (com algum fundo de verdade, mas demasiado simplista) é a de que, no processo de globalização económica das últimas décadas, as "elites" perderam de vista os interesses e o ponto de vista do "homem comum", que agora se revolta contra as forças políticas "mainstream", votando a favor de visões políticas extremistas e populistas. As vitórias do Brexit e de Trump parecem, também, dar credibilidade às pretensões políticas e eleitorais de forças anti-sistema como a Frente Nacional, em França, o 5 Estrelas, em Itália, e a AfD, na Alemanha (com eleições à porta nestes países, em 2017). Os projectos da União Europeia e do euro são postos em causa e apresentados como falhanços. O comércio livre é visto como prejudicial. O cepticismo saudável sobre as ideias e as propostas políticas é esquecido, passando a haver certezas absolutas sobre tudo. Da mesma forma, o escrutínio dessas ideias e propostas a partir do estudo, da análise, da experiência é não só evitado, como ridicularizado.
Interessa mais o que se "sente" do que o que é (o crime violento nos EUA está em mínimos históricos? Isso não interessa. Interessa é as pessoas "sentirem" que o crime está em máximos). O desprezo pelos factos e pela análise é acompanhado por uma desvalorização da liberdade de expressão e dos valores da democracia, à esquerda e à direita. E isso parece acontecer de uma forma mais visível na população mais jovem e, supostamente, mais instruída. Alguns exemplos assustam: a não aceitação de resultados eleitorais, a prioridade ao "poder na rua" ou, em muitas universidades (sobretudo no mundo anglo-saxónico), o boicote à expressão de ideias diferentes em conferências, a discriminação de livros nas bibliografias das cadeiras, a exigência de "espaços seguros" onde não é permitida a divergência de opiniões, entre outros; fora das universidades, por exemplo no mundo literário, o ataque feroz (e, na verdade, racista) àquilo que chamam "apropriação cultural", na prática "proibindo" um criador artístico de utilizar referências históricas e culturais que não são as suas…! Não existe uma explicação fácil e única para este estado a que o mundo chegou.
A facilidade com que se cai nos extremos e com que se despreza a liberdade de expressão (à esquerda e à direita) terá muito que ver com a falta de memória histórica sobre as consequências dos extremismos e dos totalitarismos. Resulta também dos efeitos da maior crise económica dos últimos 80 anos, dos quais não recuperámos ainda. E resulta também muito de factores estruturais, sobretudo ligados a uma demografia adversa e a desenvolvimentos tecnológicos, neste caso alimentando a desigualdade de rendimentos dentro das economias desenvolvidas, um problema central a que, também, não se deu ainda uma resposta satisfatória. Em qualquer caso, fica a sensação de que o mundo está a recuar 80 ou 90 anos, arriscando repetir os erros da altura. Que não fiquem dúvidas, a expressão do voto (no referendo do Brexit, nas eleições americanas ou nas futuras eleições na Europa) não pode nunca deixar de ser respeitada. Mas não sejamos também ingénuos: para problemas complexos não há respostas simples, e muitas das "soluções milagrosas" apresentadas à esquerda e à direita como verdades absolutas e com o suposto mérito de desprezarem o "sistema" são uma demagogia e uma ilusão (e.g. os diferentes proteccionismos, a concorrência como um jogo de soma nula, o "nós" contra "eles"). Sociedades abertas, democráticas, regidas pelo Estado de Direito e com sistemas económicos baseados na liberdade e na concorrência saudável e regulada foram aquelas que geraram os maiores ganhos de bem-estar e de desenvolvimento humano. Parece exagero mas, com o rumo "louco" que o mundo leva, arriscamo-nos a pôr tudo isto em causa.
Economista
Carlos Almeida Andrade
15 de Dezembro de 2016 às 21:05
Negócios
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