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    Mensagem por Admin Qui Jun 12, 2014 10:06 am

    Saldou-se num êxito superior ao esperado a colocação em mercado aberto, sem qualquer apoio por parte da banca, de 975 milhões de dívida pública da República Portuguesa a dez anos. A procura representou 2,4 vezes a oferta de Obrigações do Tesouro (OT), o que significa que se mantém bem forte a apetência para investir em dívida pública dos países periféricos do euro, nomeadamente de Portugal. A remuneração de 3,25% contratada é, simultaneamente, remuneradora nas condições atuais do mercado e a taxa mais baixa desde 2005 que o Tesouro de Portugal contrata.

    Como é que tudo isto é possível, perante os chumbos do Tribunal Constitucional (TC), que põem em causa os objetivos traçados para o OE 2014 (e o OE 2015) e perante a continuada subida da pilha de dívida pública de Portugal? Como se explica que, nesta ida ao mercado, a República passe a pagar uma taxa de juro mais baixa do que a contratada com os parceiros da troika? Nestas condições - com um pé de meia superior a 24 mil milhões de euros nos cofres do Tesouro - não será mesmo de questionar se é mesmo imprescindível negociar novos cortes orçamentais para que os credores decidam libertar a última fatia de 2,6 mil milhões de euros do PAEF? No fundo, o que está aqui em causa é o exercício de manter nos carris anteriormente colocados para este ano e o próximo de eliminação do défice excessivo do País, com os remédios recomendados pela troika, que são do agrado do Governo.

    Numa altura em que o Banco Mundial abranda as previsões de crescimento económico para a economia mundial em 2014, e o Banco de Portugal faz o mesmo quanto à economia nacional, talvez não fosse má ideia tirar máximo efeito da política expansiva do BCE, que faz baixar os juros na zona euro e cria melhores condições para reforçar o crescimento do PIB e a criação de emprego.

    Transição espanhola

    Não houve surpresas na votação da Lei de Abdicação em Espanha, passo essencial para a passagem da coroa de Juan Carlos para Felipe, o filho. Os dois grandes partidos espanhóis, o conservador PP e os socialistas do PSOE, garantiram o grosso do bloco do "sim", que teve 299 votos, contra apenas 19 votos não e 23 abstenções. A destoar do consenso institucional nas Cortes, estão sobretudo os comunistas, os nacionalistas galegos e os republicanos catalães e, sob a forma de abstenção, os partidos de direita basco e catalão. Três deputados socialistas destacaram-se do seu grupo, um abstendo-se e dois estando ausentes, mas o secretário-geral Alfredo Pérez Rubalcaba deixou clara a posição do PSOE, partido que prefere a república como forma de Estado mas que é "compatível" com a monarquia.

    No dia 19, o ato de proclamação fará de Felipe o novo rei de Espanha. Na rua, o sentimento republicano é mais forte do que nas Cortes, mas há margem, a acreditar nas sondagens, para o futuro Felipe VI se afirmar e, imitando o modelo do pai, conquistar os espanhóis. Depende dele.

    12-06-2014 
    DN
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