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A Europa fragmentada
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A Europa fragmentada
Se a UE desaparecer, o primeiro factor a ser colocado em causa é precisamente a paz na Europa, só a seguir vêm as contas dos economistas sobre o fim do euro.
“Seria uma pura loucura pensar que ao apoiar uma fragmentação da Europa estaremos a defender os nossos interesses”, disse Anthony Gardner, embaixador cessante dos Estados Unidos junto da União Europeia, durante um encontro com os jornalistas, a uma semana da sua partida de Bruxelas.
Infelizmente para nós, europeus, nós os europeus estamos bem mais avançados que o futuro presidente dos EUA em matéria de dar cabo daquilo que custou tanto tempo e tanto esforço a conseguir. As razões são conhecidas – todas aquelas histórias da Europa a duas velocidades, do Norte contra o Sul, dos desgraçadinhos da bacia do Mediterrâneo, da entrega da soberania, da impossibilidade de controlo das taxas de câmbio, tudo isso.
Mas a razão mais profunda do descalabro da União Europeia é que a geração que viveu a II Guerra Mundial já praticamente desapareceu. A maior bondade da criação da Comunidade Económica Europeia (CEE) residia, na visão de quem a criou, no facto de ela ser uma espécie de entente cordiale em que todos podiam tomar parte – e não, como as anteriores, uma espécie de clube da bolinha criado para dar cabo da paciência de todos os outros clubes da bolinha.
Pese embora o facto de a CEE ter uma forte componente económica, a verdade é que a sua criação assegurou não apenas a reabilitação da Europa – aliás, o Plano Marshall insistia exactamente na criação de uma qualquer plataforma de unidade supra nacional na Europa – como o lançamento do melhor período de vida de que os europeus têm memória. E tudo isso foi possível porque a CEE assegurava a paz.
A essa ‘cola’ que segurou a paz aconteceu o mesmo que às colas verdadeiras: endureceu com o tempo, tornou-se quebradiça e está prestes a desfazer-se. Ou, por outras palavras, já ninguém está interessado nessa cola, porque ninguém verdadeiramente se lembra da guerra. Pode parecer um exagero, mas a muitos não parece: se a União Europeia desaparecer, o primeiro factor a ser colocado em causa é precisamente a paz na Europa – e só a seguir vêm as contas dos economistas sobre o fim do euro, o regresso do padrão-dólar, a reavaliação de activos para fins de balanço e todas essas tretas.
Não faço ideia se a Donald Trump lhe serve melhor uma Europa fragmentada ou não. E, muito sinceramente, estou a borrifar-me para o que o homem pensa ou deixa de pensar – sendo certo que tenho as maiores dúvidas que o senhor tenha conhecimento e intelectualidade suficientes para ter uma ideia minimamente organizada sobre a matéria. Estou bem mais preocupado connosco. Só connosco.
O autor escreve segundo a antiga ortografia.
António Freitas de Sousa
10:35
Jornal Económico
“Seria uma pura loucura pensar que ao apoiar uma fragmentação da Europa estaremos a defender os nossos interesses”, disse Anthony Gardner, embaixador cessante dos Estados Unidos junto da União Europeia, durante um encontro com os jornalistas, a uma semana da sua partida de Bruxelas.
Infelizmente para nós, europeus, nós os europeus estamos bem mais avançados que o futuro presidente dos EUA em matéria de dar cabo daquilo que custou tanto tempo e tanto esforço a conseguir. As razões são conhecidas – todas aquelas histórias da Europa a duas velocidades, do Norte contra o Sul, dos desgraçadinhos da bacia do Mediterrâneo, da entrega da soberania, da impossibilidade de controlo das taxas de câmbio, tudo isso.
Mas a razão mais profunda do descalabro da União Europeia é que a geração que viveu a II Guerra Mundial já praticamente desapareceu. A maior bondade da criação da Comunidade Económica Europeia (CEE) residia, na visão de quem a criou, no facto de ela ser uma espécie de entente cordiale em que todos podiam tomar parte – e não, como as anteriores, uma espécie de clube da bolinha criado para dar cabo da paciência de todos os outros clubes da bolinha.
Pese embora o facto de a CEE ter uma forte componente económica, a verdade é que a sua criação assegurou não apenas a reabilitação da Europa – aliás, o Plano Marshall insistia exactamente na criação de uma qualquer plataforma de unidade supra nacional na Europa – como o lançamento do melhor período de vida de que os europeus têm memória. E tudo isso foi possível porque a CEE assegurava a paz.
A essa ‘cola’ que segurou a paz aconteceu o mesmo que às colas verdadeiras: endureceu com o tempo, tornou-se quebradiça e está prestes a desfazer-se. Ou, por outras palavras, já ninguém está interessado nessa cola, porque ninguém verdadeiramente se lembra da guerra. Pode parecer um exagero, mas a muitos não parece: se a União Europeia desaparecer, o primeiro factor a ser colocado em causa é precisamente a paz na Europa – e só a seguir vêm as contas dos economistas sobre o fim do euro, o regresso do padrão-dólar, a reavaliação de activos para fins de balanço e todas essas tretas.
Não faço ideia se a Donald Trump lhe serve melhor uma Europa fragmentada ou não. E, muito sinceramente, estou a borrifar-me para o que o homem pensa ou deixa de pensar – sendo certo que tenho as maiores dúvidas que o senhor tenha conhecimento e intelectualidade suficientes para ter uma ideia minimamente organizada sobre a matéria. Estou bem mais preocupado connosco. Só connosco.
O autor escreve segundo a antiga ortografia.
António Freitas de Sousa
10:35
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