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Pequena política
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Pequena política
É evidente que no jogo político é visto como natural um partido da oposição dificultar a vida a um partido no poder. É igualmente evidente que esta prática reiterada parece legitimar quem, tendo estado no poder, faz agora o que lhe fizeram no passado. A coerência das ideias não é vista como uma virtude, é mais valorizada a coerência na ação, dependendo do lugar em que os políticos se encontram em cada momento. Presos à maquiavélica ideia de que "os fins justificam os meios", na política caseira vale tudo.
É legítimo que o PSD de Pedro Passos Coelho vote contra a descida da TSU para os patrões, que sustenta o acordo de concertação social para a subida do salário mínimo? Sim, mas não escapa à comparação com o passado recente, em que defendeu a descida desta taxa nas empresas. Pode o PS esperar que o PSD esteja sempre disponível para lhe dar a mão, quando falham os seus parceiros de esquerda? Não, mas não é nestas matérias que o PSD fará perigar a geringonça.
Os social-democratas alegam que a descida da TSU que colocaram em anterior concertação social tinha outros pressupostos no valor da subida do salário mínimo, mas o que querem votar ao lado da esquerda é o mérito de reduzir a TSU às empresas. Sendo evidente, por isso, que a intenção de Passos Coelho é apenas afirmar a sua liderança e não discutir as virtudes do acordo de concertação social, o líder do PSD menoriza-se quando pretende agigantar-se. Não é no interior dos partidos que os líderes primeiro encontram o isolamento, ele começa fora. Passos terá medido as consequências de ter contra si as confederações patronais e a UGT? Não me parece!
A pequena política, a que hipoteca convicções, procurando ganhos conjunturais, não assegura grandes futuros. Pedro Passos Coelho ainda tem escapatória. Demonstrada a fragilidade política da coligação que o PS fez com os seus "amigos da esquerda", o PSD não pode trocar de lugar com os socialistas nessa coligação. Precisa de viabilizar a descida da TSU, pela abstenção que seja, para ganhar espaço para outros combates. O sistema financeiro que continua por resolver e a dívida portuguesa que começa a regressar a juros proibitivos exigem uma oposição mais eficaz no escrutínio às políticas económicas do governo. A política tem muitos caminhos, mas alguns não levam a lado nenhum.
15 DE JANEIRO DE 2017
00:01
Paulo Baldaia
Diário de Notícias
É legítimo que o PSD de Pedro Passos Coelho vote contra a descida da TSU para os patrões, que sustenta o acordo de concertação social para a subida do salário mínimo? Sim, mas não escapa à comparação com o passado recente, em que defendeu a descida desta taxa nas empresas. Pode o PS esperar que o PSD esteja sempre disponível para lhe dar a mão, quando falham os seus parceiros de esquerda? Não, mas não é nestas matérias que o PSD fará perigar a geringonça.
Os social-democratas alegam que a descida da TSU que colocaram em anterior concertação social tinha outros pressupostos no valor da subida do salário mínimo, mas o que querem votar ao lado da esquerda é o mérito de reduzir a TSU às empresas. Sendo evidente, por isso, que a intenção de Passos Coelho é apenas afirmar a sua liderança e não discutir as virtudes do acordo de concertação social, o líder do PSD menoriza-se quando pretende agigantar-se. Não é no interior dos partidos que os líderes primeiro encontram o isolamento, ele começa fora. Passos terá medido as consequências de ter contra si as confederações patronais e a UGT? Não me parece!
A pequena política, a que hipoteca convicções, procurando ganhos conjunturais, não assegura grandes futuros. Pedro Passos Coelho ainda tem escapatória. Demonstrada a fragilidade política da coligação que o PS fez com os seus "amigos da esquerda", o PSD não pode trocar de lugar com os socialistas nessa coligação. Precisa de viabilizar a descida da TSU, pela abstenção que seja, para ganhar espaço para outros combates. O sistema financeiro que continua por resolver e a dívida portuguesa que começa a regressar a juros proibitivos exigem uma oposição mais eficaz no escrutínio às políticas económicas do governo. A política tem muitos caminhos, mas alguns não levam a lado nenhum.
15 DE JANEIRO DE 2017
00:01
Paulo Baldaia
Diário de Notícias
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