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Promoção ao Porto, um ataque a Lisboa
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Promoção ao Porto, um ataque a Lisboa
A Micaela é portuense, portista, tolerante e sabe receber. Esta jovem, que conheci na quarta-feira à noite, é o rosto deste Porto que me recebeu. Uma cidade que tem tudo menos responsáveis que a saibam promover
Quem há muito não visita o Porto nem Lisboa não imagina o quanto cresceram as duas maiores cidades do país. Nem o que cresceram, nem como se desenvolveram. Também não sabe como as pessoas respeitam o outro. Chegar ao Porto com sotaque da capital há muito que já não é motivo de bocas ou antipatias, pedir uma imperial em vez de um fino já não é razão para desconversar e até as brincadeiras saudáveis sobre essa pseudorrivalidade são cada vez mais comuns entre alfacinhas e portuenses – ainda não houve quem me chamasse mouro ao fim de vários dias a viver aqui. Na capital, o mesmo cenário, o mesmo respeito. O turismo dos últimos anos trouxe a diversidade e isso deu a estas cidades dimensão. A que merecem, porque são, sem dúvida, duas das mais bonitas cidades da Europa.
É preciso, porém, ter cuidado e não deixar que seja o mesmo turismo a destruir tudo. E não, não vou repisar o tema do excesso de estrangeiros, dos transportes cheios, da falta de infraestruturas. É algo mais grave.
Esta semana assisti uma apresentação da Invicta, feita por um responsável da Associação do Turismo do Porto e Norte a vários estrangeiros e portugueses, em que por diversas vezes foram mandadas bocas despropositadas sobre o resto do país e, sobretudo, sobre Lisboa. Fomentar a rivalidade, além de dar uma imagem má a quem nos visita, é uma estratégia disparatada para quem quer promover o turismo de uma grande região como esta.
Para impressionar qualquer visitante bastariam os excelentes resultados do turismo regional, seriam suficientes os monumentos e as gentes incríveis, já para não falar das paisagens que deixam qualquer um de boca aberta. Também não é difícil de explicar sem picardias o quão competitivo e apetecível é este Porto para as startups.
Dou exemplos para que tudo isto não pareça um mero desabafo de um lisboeta. Uma associação que tem o objetivo de promover uma das grandes cidades portuguesas – ao mais alto nível – não se pode referir à TAP durante tal apresentação como a Transportadora Aérea de Lisboa para criticar o corte de rotas (ainda que, internamente, todos nos devamos preocupar e unir para que a TAP sirva o Porto de forma eficiente).
Quando se promove um destino também não se deveria criticar as taxas cobradas por outra cidade do país, neste caso a capital, (muito menos da forma que foi feito) para as pôr em contraponto com as que estão a ser estudadas para o Porto – e que, fiquei a saber, terão como finalidade a compra de edifícios que possam vir a servir o turismo.
Este Porto complexado que, no início da semana, foi apresentado àquela plateia não é o Porto das ruas, o Porto da diversidade, o Porto que me orgulho de apresentar aos amigos que tenho feito de diversas nacionalidades, nem tão-pouco o Porto da Micaela – uma rapariga que esta quarta-feira à noite se juntou sem pedir autorização à mesa onde eu jantava com brasileiros e uma cabo-verdiana e apresentou a sua cidade.
– Esta cidade é linda, não é?! Mas não é só o Porto, nós temos um país lindíssimo. Já foram a Lisboa? – atirou, com um copo de vinho na mão e um sotaque que não deixava margem para dúvidas.
Micaela, portuense e portista ferrenha, tinha estado sentada numa outra mesa daquela esplanada, no Largo de São Domingos, mas decidiu aproximar-se quando ouviu o sotaque brasileiro, sem saber que no grupo havia um lisboeta.
– Concordo com tudo – interrompi, orgulhoso deste Porto e desta gente que sabe acolher.
Talvez alguns dos responsáveis pela promoção do turismo do Porto devessem ir às ruas da cidade ouvir estas pessoas e perceber este novo país que anda numa só direção e não embarca nessas “guerras”. Pela parte que me toca, ainda não pus um gosto na página da VisitPorto, como o tal responsável da associação pediu, mas já sou amigo da Micaela no Facebook.
16/01/2017
Carlos Diogo Santos
carlos.santos@newsplex.pt
Jornal i
Quem há muito não visita o Porto nem Lisboa não imagina o quanto cresceram as duas maiores cidades do país. Nem o que cresceram, nem como se desenvolveram. Também não sabe como as pessoas respeitam o outro. Chegar ao Porto com sotaque da capital há muito que já não é motivo de bocas ou antipatias, pedir uma imperial em vez de um fino já não é razão para desconversar e até as brincadeiras saudáveis sobre essa pseudorrivalidade são cada vez mais comuns entre alfacinhas e portuenses – ainda não houve quem me chamasse mouro ao fim de vários dias a viver aqui. Na capital, o mesmo cenário, o mesmo respeito. O turismo dos últimos anos trouxe a diversidade e isso deu a estas cidades dimensão. A que merecem, porque são, sem dúvida, duas das mais bonitas cidades da Europa.
É preciso, porém, ter cuidado e não deixar que seja o mesmo turismo a destruir tudo. E não, não vou repisar o tema do excesso de estrangeiros, dos transportes cheios, da falta de infraestruturas. É algo mais grave.
Esta semana assisti uma apresentação da Invicta, feita por um responsável da Associação do Turismo do Porto e Norte a vários estrangeiros e portugueses, em que por diversas vezes foram mandadas bocas despropositadas sobre o resto do país e, sobretudo, sobre Lisboa. Fomentar a rivalidade, além de dar uma imagem má a quem nos visita, é uma estratégia disparatada para quem quer promover o turismo de uma grande região como esta.
Para impressionar qualquer visitante bastariam os excelentes resultados do turismo regional, seriam suficientes os monumentos e as gentes incríveis, já para não falar das paisagens que deixam qualquer um de boca aberta. Também não é difícil de explicar sem picardias o quão competitivo e apetecível é este Porto para as startups.
Dou exemplos para que tudo isto não pareça um mero desabafo de um lisboeta. Uma associação que tem o objetivo de promover uma das grandes cidades portuguesas – ao mais alto nível – não se pode referir à TAP durante tal apresentação como a Transportadora Aérea de Lisboa para criticar o corte de rotas (ainda que, internamente, todos nos devamos preocupar e unir para que a TAP sirva o Porto de forma eficiente).
Quando se promove um destino também não se deveria criticar as taxas cobradas por outra cidade do país, neste caso a capital, (muito menos da forma que foi feito) para as pôr em contraponto com as que estão a ser estudadas para o Porto – e que, fiquei a saber, terão como finalidade a compra de edifícios que possam vir a servir o turismo.
Este Porto complexado que, no início da semana, foi apresentado àquela plateia não é o Porto das ruas, o Porto da diversidade, o Porto que me orgulho de apresentar aos amigos que tenho feito de diversas nacionalidades, nem tão-pouco o Porto da Micaela – uma rapariga que esta quarta-feira à noite se juntou sem pedir autorização à mesa onde eu jantava com brasileiros e uma cabo-verdiana e apresentou a sua cidade.
– Esta cidade é linda, não é?! Mas não é só o Porto, nós temos um país lindíssimo. Já foram a Lisboa? – atirou, com um copo de vinho na mão e um sotaque que não deixava margem para dúvidas.
Micaela, portuense e portista ferrenha, tinha estado sentada numa outra mesa daquela esplanada, no Largo de São Domingos, mas decidiu aproximar-se quando ouviu o sotaque brasileiro, sem saber que no grupo havia um lisboeta.
– Concordo com tudo – interrompi, orgulhoso deste Porto e desta gente que sabe acolher.
Talvez alguns dos responsáveis pela promoção do turismo do Porto devessem ir às ruas da cidade ouvir estas pessoas e perceber este novo país que anda numa só direção e não embarca nessas “guerras”. Pela parte que me toca, ainda não pus um gosto na página da VisitPorto, como o tal responsável da associação pediu, mas já sou amigo da Micaela no Facebook.
16/01/2017
Carlos Diogo Santos
carlos.santos@newsplex.pt
Jornal i
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