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Poupe energia, levante-se ao meio-dia
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Poupe energia, levante-se ao meio-dia
Estes últimos tempos viram o preço da energia aumentar, a par da sua volatilidade; a expectativa para 2017 é que a situação continue.
O ano de 2017 promete ser complicado também no campo da Energia. Aqui as previsões são ainda mais incertas, pois começa-se por herdar a incerteza sobre a atividade económica. Para os pequenos países importadores, a situação é como o dilema de Omar, que levou à destruição da biblioteca de Alexandria: ou o crescimento económico da economia internacional é fraco, e o país cresce pouco, ou o crescimento internacional é forte, e a subida do preço da energia, junto com a dependência energética, aumentam a fatura das importações e fazem o país crescer pouco. A falta de flexibilidade a curto prazo ainda torna tudo mais difícil.
Olhemos para o mercado da eletricidade, o mais interessante a curto prazo. A França é, na Europa e na onda de frio destes dias, o país que mais sofre: mais de 30% das residências francesas tem aquecimento elétrico, contra, por exemplo, 5% na Alemanha. Ora, um grau a menos de temperatura exige que 2400 MW extra estejam disponíveis e nos próximos dias prevê-se nalguns pontos uma queda de até 9 graus. Isto no país onde três quartos da eletricidade produzida é nuclear, e 20 dos 58 reatores franceses estavam parados (9 dos 12 em verificações de segurança foram entretanto autorizados a entrar em funcionamento). Claro que, na falta de alternativas (a capacidade hídrica está baixa, com a falta de pluviosidade, e o eólico e solar têm baixa relevância nesta estação), a segurança de abastecimento requer medidas especiais: o reforço da interruptibilidade (o corte voluntário do consumo em 21 locais “eletro-intensivos” permitiria poupar uma potência de 1500 MW) e a redução de tensão (5% representam uma “libertação” de outros 4000 MW). O sistema eletro-produtor francês poderá ser posto a teste, tal como a capacidade de exportação dos vizinhos. Na Alemanha, mais relevante pela sua dimensão, a situação é fácil pois o papel das renováveis é forte, ao ponto de a distinção ponta e não-ponta estar a perder sentido: a ICIS reporta que há um ano atrás os preços de ponta eram em 25% dos casos inferiores ao preço médio do ano anterior (2015), contra apenas 10% em 2011.
Estes últimos tempos viram o preço da energia aumentar, a par da sua volatilidade (diz a Energy Information Administration que, para o petróleo WTI, entre 26 e 54 dólares); a expectativa para 2017 é que a situação continue (para esta agência e o WTI, um aumento de quase 20%; o Brent iria por caminho semelhante). O mercado elétrico refletirá parcialmente esta evolução, mas mais perto do contexto económico global. Há mudanças estruturais que se irão gradualmente acentuar, numa dimensão hoje difícil de avaliar, de que são exemplos o veículo elétrico e a Internet of Things, que dará outro poder ao consumidor na gestão dos seus consumos energéticos e fará aparecer novos agentes no mercado, ligados à procura e serviços com forte componente tecnológica. Mas é igualmente relevante reforçar o bom investimento, económica e ambientalmente, adiado nos últimos anos. Nesta matéria, é demasiado caro deixar para amanhã.
Fernando Pacheco, Economista
00:12
Jornal Económico
O ano de 2017 promete ser complicado também no campo da Energia. Aqui as previsões são ainda mais incertas, pois começa-se por herdar a incerteza sobre a atividade económica. Para os pequenos países importadores, a situação é como o dilema de Omar, que levou à destruição da biblioteca de Alexandria: ou o crescimento económico da economia internacional é fraco, e o país cresce pouco, ou o crescimento internacional é forte, e a subida do preço da energia, junto com a dependência energética, aumentam a fatura das importações e fazem o país crescer pouco. A falta de flexibilidade a curto prazo ainda torna tudo mais difícil.
Olhemos para o mercado da eletricidade, o mais interessante a curto prazo. A França é, na Europa e na onda de frio destes dias, o país que mais sofre: mais de 30% das residências francesas tem aquecimento elétrico, contra, por exemplo, 5% na Alemanha. Ora, um grau a menos de temperatura exige que 2400 MW extra estejam disponíveis e nos próximos dias prevê-se nalguns pontos uma queda de até 9 graus. Isto no país onde três quartos da eletricidade produzida é nuclear, e 20 dos 58 reatores franceses estavam parados (9 dos 12 em verificações de segurança foram entretanto autorizados a entrar em funcionamento). Claro que, na falta de alternativas (a capacidade hídrica está baixa, com a falta de pluviosidade, e o eólico e solar têm baixa relevância nesta estação), a segurança de abastecimento requer medidas especiais: o reforço da interruptibilidade (o corte voluntário do consumo em 21 locais “eletro-intensivos” permitiria poupar uma potência de 1500 MW) e a redução de tensão (5% representam uma “libertação” de outros 4000 MW). O sistema eletro-produtor francês poderá ser posto a teste, tal como a capacidade de exportação dos vizinhos. Na Alemanha, mais relevante pela sua dimensão, a situação é fácil pois o papel das renováveis é forte, ao ponto de a distinção ponta e não-ponta estar a perder sentido: a ICIS reporta que há um ano atrás os preços de ponta eram em 25% dos casos inferiores ao preço médio do ano anterior (2015), contra apenas 10% em 2011.
Estes últimos tempos viram o preço da energia aumentar, a par da sua volatilidade (diz a Energy Information Administration que, para o petróleo WTI, entre 26 e 54 dólares); a expectativa para 2017 é que a situação continue (para esta agência e o WTI, um aumento de quase 20%; o Brent iria por caminho semelhante). O mercado elétrico refletirá parcialmente esta evolução, mas mais perto do contexto económico global. Há mudanças estruturais que se irão gradualmente acentuar, numa dimensão hoje difícil de avaliar, de que são exemplos o veículo elétrico e a Internet of Things, que dará outro poder ao consumidor na gestão dos seus consumos energéticos e fará aparecer novos agentes no mercado, ligados à procura e serviços com forte componente tecnológica. Mas é igualmente relevante reforçar o bom investimento, económica e ambientalmente, adiado nos últimos anos. Nesta matéria, é demasiado caro deixar para amanhã.
Fernando Pacheco, Economista
00:12
Jornal Económico
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