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Encantando Encantados
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Encantando Encantados
Qualquer número de magia tem três partes. A primeira é a promessa; a segunda é a reviravolta e a terceira, o prestígio. O público adora o espectáculo. Quem avisa só estraga a festa.
Se há uma narrativa que não cessa de me surpreender é a do “sucesso” de um governo socialista, seja ele de Sócrates, Costa ou de Obama: como é que políticas tão obviamente nefastas de estourar recursos na compra de votos, tomando a produtivos e dando a improdutivos pode resultar em qualquer coisa que não seja um óbvio prejuízo económico?
É claro que há a criação de narrativas, uma comunicação social disposta a classificar a Coreia do Norte mais democrata que a Carolina do Norte, idiotas úteis disponíveis para garantir que a taxa de juro da dívida pública não depende da ação da geringonça (quando há poucos anos atacavam Passos com a subida da mesma taxa), e uma sociedade que achava que qualquer diferença de opinião iria quebrar Passos e Portas, mas não questiona a solidez da geringonça depois de todos os desentendimentos recentes.
A receita parece ser afinal simples e pode ser aprendida em qualquer aula de introdução às artes circenses: olhem para aqui e não para ali. Olhem para o aumento do PIB em termos monetários, não olhem para a criação de moeda que torna a taxa de inflação uma medida sem significado. Olhem para o aumento do consumo, não olhem para o aumento do endividamento. Olhem para o preço do combustível com flutuações mas ao nível de há anos atrás, não olhem para a descida do barril e o aumento de impostos. Olhem para quão fácil é agora endividar-se, não olhem para quão difícil é agora poupar. Olhem para a descida da TSU, não olhem para o estado das contas da Segurança Social. Olhem para a diminuição do desemprego, não olhem para o aumento dos inativos (para onde foram todos os que antes eram desempregados).
Qualquer número de magia tem três partes. A primeira é a promessa: o mágico mostra um objeto banal para ser analisado. A segunda é a reviravolta: o mágico transforma o objeto banal em extraordinário. O público procura o segredo mas não o descobre, porque não está a procurar de verdade: o público quer ser enganado. A terceira parte é o prestígio: o mágico deverá maravilhar o público com a apoteose, maravilhando o público.
A magia socialista tem essas mesmas fases. Primeiro o socialista pega numa economia normal, sujeita a regras normais de contabilidade, orçamentação e algum rigor. Depois distribui favores e dinheiros públicos sem referir de onde vêm os recursos. O público fica maravilhado e interroga-se como isso é possível… mas não quer saber como, só interessa que por agora está melhor – quem estava no palco antes é que era um monstro egoísta.
A apoteose é como é que tanto desperdício deixou uma economia normal, com bons indicadores de crescimento, baixo desemprego e taxa de inflação controlada. O público adora o espetáculo. Quem avisa só estraga a festa. Desculpem. A forra segue dentro de momentos.
Ricardo Campelo Magalhães, Consultor Financeiro
00:07
Jornal Económico
Se há uma narrativa que não cessa de me surpreender é a do “sucesso” de um governo socialista, seja ele de Sócrates, Costa ou de Obama: como é que políticas tão obviamente nefastas de estourar recursos na compra de votos, tomando a produtivos e dando a improdutivos pode resultar em qualquer coisa que não seja um óbvio prejuízo económico?
É claro que há a criação de narrativas, uma comunicação social disposta a classificar a Coreia do Norte mais democrata que a Carolina do Norte, idiotas úteis disponíveis para garantir que a taxa de juro da dívida pública não depende da ação da geringonça (quando há poucos anos atacavam Passos com a subida da mesma taxa), e uma sociedade que achava que qualquer diferença de opinião iria quebrar Passos e Portas, mas não questiona a solidez da geringonça depois de todos os desentendimentos recentes.
A receita parece ser afinal simples e pode ser aprendida em qualquer aula de introdução às artes circenses: olhem para aqui e não para ali. Olhem para o aumento do PIB em termos monetários, não olhem para a criação de moeda que torna a taxa de inflação uma medida sem significado. Olhem para o aumento do consumo, não olhem para o aumento do endividamento. Olhem para o preço do combustível com flutuações mas ao nível de há anos atrás, não olhem para a descida do barril e o aumento de impostos. Olhem para quão fácil é agora endividar-se, não olhem para quão difícil é agora poupar. Olhem para a descida da TSU, não olhem para o estado das contas da Segurança Social. Olhem para a diminuição do desemprego, não olhem para o aumento dos inativos (para onde foram todos os que antes eram desempregados).
Qualquer número de magia tem três partes. A primeira é a promessa: o mágico mostra um objeto banal para ser analisado. A segunda é a reviravolta: o mágico transforma o objeto banal em extraordinário. O público procura o segredo mas não o descobre, porque não está a procurar de verdade: o público quer ser enganado. A terceira parte é o prestígio: o mágico deverá maravilhar o público com a apoteose, maravilhando o público.
A magia socialista tem essas mesmas fases. Primeiro o socialista pega numa economia normal, sujeita a regras normais de contabilidade, orçamentação e algum rigor. Depois distribui favores e dinheiros públicos sem referir de onde vêm os recursos. O público fica maravilhado e interroga-se como isso é possível… mas não quer saber como, só interessa que por agora está melhor – quem estava no palco antes é que era um monstro egoísta.
A apoteose é como é que tanto desperdício deixou uma economia normal, com bons indicadores de crescimento, baixo desemprego e taxa de inflação controlada. O público adora o espetáculo. Quem avisa só estraga a festa. Desculpem. A forra segue dentro de momentos.
Ricardo Campelo Magalhães, Consultor Financeiro
00:07
Jornal Económico
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