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Por uma Lisboa mais verde
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Por uma Lisboa mais verde
A nível global, as cidades estão, passo a passo, a ficar mais inteligentes. Mas com esta sofisticação, modernidade e aposta nas mais recentes tecnologias, surge também uma maior consciência ambiental e a ambição de se ser mais sustentável.
Lisboa está também a seguir por este caminho, apostando em áreas de grande importância como a diminuição do trânsito rodoviário ou a aposta em veículos de transporte coletivo mais sustentáveis, entre muitas outras. Mas, sendo uma cidade voltada para o mar, é também neste setor que podemos traçar um percurso rumo à modernização e à consciencialização ambiental. Já foram dados alguns passos neste sentido, mas ainda há muito que pode ser feito.
No final do ano passado, os presidentes de Câmara de Paris, Madrid, Atenas e Cidade do México comprometeram-se a retirar de circulação todos os carros, camiões e outros veículos movidos a diesel ao longo da próxima década, até 2025, prevendo-se incentivos a quem optar por veículos alternativos. Lisboa também há muito que restringiu a entrada de automóveis mais antigos no centro da cidade, no sentido de diminuir as emissões de CO2. Mas se este esforço está a ser feito em terra, não nos podemos esquecer que os navios são responsáveis por 90% do transporte comercial do mundo e que são uma fonte importante da poluição gerada nas cidades costeiras.
Se queremos diminuir o número de automóveis que circulam na cidade, a nossa ambição também deverá ser reduzir as emissões que nos chegam por via marítima, dos portos aos navios, passando pelos terminais de cruzeiros, entre outros, tendo em conta a importância e o papel que desempenham nas cidades onde estão inseridos.
Um pouco por todo o mundo, são já vários os exemplos de projetos nos quais a Siemens tem aplicado soluções e tecnologias que permitem reduzir as emissões de CO2 das cidades costeiras, mas também alcançar maiores níveis de conforto para quem aqui vive, reduzindo o ruído e a poluição sonora, ou alcançando maiores níveis de eficiência, cortando consumos energéticos, entre outros.
Na área da construção naval, por exemplo, há mais de 125 anos que a Siemens tem vindo a especializar-se na conceção, produção e comissionamento de equipamentos elétricos para todo o tipo de navios mercantes, de passageiros, marinha naval e submarinos, desenvolvendo projetos chave-na-mão e de modernização. Através destes projetos, temos vindo a ajudar os nossos clientes a maximizar a sua flexibilidade, produtividade e disponibilidade, enquanto reduzem a sua pegada ecológica.
Na Noruega e na Finlândia, por exemplo, desenvolvemos e colocámos em serviço os primeiros ferries elétricos do mundo. Este tipo de transporte é o ideal para aplicar tecnologias de propulsão elétrica, uma vez que navega num percurso curto e bem definido. Mas acreditamos que é possível ir mais longe, e aplicá-la noutras embarcações, bastando para tal analisar o tipo de navio e de rota em que navegam. Em Lisboa, por exemplo, esta tecnologia poderia ser aplicada nos cacilheiros, embarcações que também têm um trajeto controlado, curto e bem definido.
Em suma, a utilização de soluções e sistemas de propulsão diesel elétrica, de propulsão híbrida e de propulsão 100% elétrica pensados especificamente para utilização naval são opções, segundo a nossa visão, que permitirão a cidades costeiras, como Lisboa, seguir as tendências mundiais e reduzir a sua pegada de carbono. Este seria mais um passo na melhoria da qualidade de vida dos cidadãos e da sustentabilidade da capital, correspondendo aos desafios traçados no Acordo de Paris.
Mas existem outras soluções que podem contribuir para estes objetivos. O sistema Siharbor, uma espécie de “tomada gigante”, permite que os navios atracados nos portos possam estar ligados às redes elétricas das cidades em vez de estarem a “queimar” combustível e a poluir o ar. Esta é uma solução já em utilização no porto de Hamburgo, na Alemanha, onde se está a fornecer energia limpa aos navios, minimizando os custos operacionais e a pegada de carbono destas embarcações e reduzindo a poluição sonora e as vibrações no porto e nos seus arredores.
Com o terminal de cruzeiros previsto para Lisboa, esta é uma solução que poderá ser replicada aqui em Portugal, com vantagens claras em termos de eficiência energética e de proteção do meio ambiente.
Outra área na qual temos vindo a trabalhar afincadamente, desta feita também em Portugal, é a dos sistemas de movimentação de carga para portos marítimos. A nível nacional, as soluções para terminais portuários que instalámos já contribuíram, desde 2001, para diminuir as emissões de CO2 destas infraestruturas em 74 mil toneladas e poupar cerca de 8,7 milhões de euros. Através destes projetos foi possível aumentar a capacidade de movimentação de carga, assim como melhorar o desempenho energético das infraestruturas portuárias portuguesas.
Com a vocação marítima de Portugal, a Siemens acredita que o mar poderá trazer-nos um maior crescimento económico, mas também um importante contributo no sentido de tornar as nossas cidades mais “verdes” e melhores sítios para se viver e trabalhar.
ANTÓNIO CARVALHO
jornal da Economia do Mar
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